

A segunda-feira do presidente Lula
Aliados de Bolsonaro pretendem transformar sua ausência em mais um símbolo da alegada "perseguição política"
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A batalha pelas narrativas políticas no Brasil ganha um novo capítulo. Enquanto Jair Bolsonaro (PL) permanece em silêncio forçado, o governo Lula (PT) se prepara para uma segunda-feira (20/1) barulhenta. Não é apenas o bolsonarismo que tenta ressurgir: a extrema direita, conectada ao palco global, encontra em Donald Trump e na cerimônia de posse em Washington um símbolo de reafirmação e um passo estratégico contra o governo federal.
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Nesta quinta-feira, o presidente Lula recebeu no Palácio do Planalto o prefeito do Recife, João Campos (PSB), conhecido por sua habilidade nas redes sociais. A pauta foi clara: fortalecer a comunicação digital para enfrentar as investidas bolsonaristas. Nos bastidores, Campos é visto como um antídoto para Nikolas Ferreira (PL-MG), o mineiro que é o deputado mais votado do Brasil e domina o ambiente virtual com destreza.
Nikolas Ferreira não precisará estar em Washington para causar impacto, embora sua presença nas terras americanas esteja confirmada para a próxima segunda-feira. Fato é que o impacto de suas ações será mesmo nas redes sociais. O vídeo produzido pelo deputado sobre a suposta “taxação do Pix” viralizou e alcançou impressionantes 300 milhões de visualizações no Instagram — um recorde que escancara sua influência e obriga o governo a reagir.
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Embora o conteúdo tenha sido desmentido oficialmente, o estrago está feito. A precipitada revogação, pelo governo Lula, de um ato normativo da Receita Federal sobre o monitoramento de movimentações via Pix apenas reforçou a desconfiança e alimentou o boato.
Além de Nikolas, o deputado estadual Bruno Engler (PL-MG) também estará presente na posse de Donald Trump. Com Jair Bolsonaro impedido de viajar por decisão de Alexandre de Moraes, Eduardo Bolsonaro (PL-SP) liderará uma comitiva de pelo menos 16 parlamentares, incluindo Bia Kicis (PL-DF), Gustavo Gayer (PL-GO) e Mario Frias (PL-SP). No entanto, nenhum parlamentar mineiro – inclusive, Nikolas e Engler – aparece na lista oficial divulgada pelo filho do ex-presidente.
A coluna entrou em contato com deputados federais e senadores de Minas para confirmar a viagem, mas recebeu apenas respostas evasivas, com muitos preferindo um cauteloso “talvez”.
Nos bastidores, aliados de Bolsonaro pretendem transformar sua ausência em mais um símbolo da alegada “perseguição política” contra ele e sua família. O despacho de Moraes, que negou a viagem, cita o apoio público de Bolsonaro a envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro, reforçando a gravidade das acusações. A decisão, no entanto, foi apropriada pelos bolsonaristas como munição para a campanha de vitimização.
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A escolha de Washington como cenário é estratégica. A posse de Trump, ícone do populismo de direita, simboliza para esses parlamentares a renovação de uma aliança conservadora global. Sem a formalidade de missões oficiais, já se especula que alguns deles pretendem usar a cota parlamentar para reembolsar os custos da viagem — o que certamente gerará controvérsias.
Enquanto isso, no Brasil, Lula e seus aliados tentam organizar uma resposta. O encontro com João Campos é parte de um esforço para melhorar a atuação digital de um governo que ainda parece perdido nesse terreno. A narrativa da “taxação do Pix” foi desmentida, mas o episódio evidenciou a dificuldade do Planalto em lidar com uma oposição digitalmente ágil e incansável. Agora, segundo apurou o Estado de Minas, a estratégia inclui o uso de influenciadores para combater boatos.
A segunda-feira será mais do que uma data simbólica: será um termômetro da força narrativa de cada ponto. De um lado, a extrema direita, barulhenta e alinhada a Washington. Do outro, o governo Lula, que tenta não apenas governar, mas reconstruir a confiança de uma população ainda polarizada. Entre narrativas e hashtags, o que está em jogo é mais do que uma disputa política: é o controle do futuro e das eleições presidenciais de 2026.
Tesouro Nacional
Secretários estaduais interessados na implementação do Propag foram convocados para uma reunião no Tesouro Nacional, em Brasília, no próximo dia 28. O encontro discutirá os vetos do presidente Lula (PT) ao programa. Minas Gerais já confirmou presença.
Zema
Integrantes do governo Zema consideraram precipitada a declaração do governador de que não adotaria o Propag caso os vetos do presidente Lula (PT) fossem mantidos. Nesta quarta-feira, o chefe do Executivo mineiro admitiu que pode ter falado no calor do momento. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reagiu com duras críticas à posição do mineiro. Especialistas apontam que, para Minas Gerais, o texto do programa é a melhor alternativa, especialmente diante da intenção do estado de amortecer a dívida com as estatais.
Amig
O prefeito de Itabira, Marco Antônio Lage (PSB), foi eleito presidente da Associação dos Municípios Mineradores de Minas Gerais e do Brasil (Amig). Reeleito com 76,13% dos votos, Lage promete protagonismo para sua cidade e defende a diversificação econômica dos municípios mineradores. “Itabira tem muito a contribuir para uma nova mineração no Brasil”, destacou.