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Detector para os cigarros eletrônicos

Apesar de proibidos no Brasil, os vapers são utilizados e não passam por uma regulagem durante o processo de fabricação

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A concentração de nicotina presente em cigarros eletrônicos excede em muitas vezes a de cigarros convencionais. Apesar de proibidos no Brasil, os vapers continuam em circulação e não passam por regulagem na fabricação, podendo conter diversos tipos de substâncias – como o THC, o principal componente psicoativo encontrado na maconha.

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Em parceria com colegas de outros países, pesquisadores brasileiros desenvolveram um sensor portátil que detecta, com precisão, canabinoides sintéticos nos líquidos usados nesses artigos e em fluidos biológicos, como a saliva. O trabalho foi publicado na revista Talanta.


O dispositivo utiliza um eletrodo de diamante com boro adicionado, fabricado em colaboração com um grupo da Universidade de Tecnologia de Bratislava, na Eslováquia. Segundo os autores, o sistema se destaca pela simplicidade. “Ele é conectado a um potenciostato – instrumento eletrônico – portátil, que pode ser conectado a um celular por meio de sua porta USB-C ou até mesmo por bluetooth. A resposta é um gráfico com picos específicos, que identificam e quantificam as substâncias presentes”, explicou Larissa Magalhães de Almeida Melo, primeira autora do estudo, ao lado da aluna Cecília Barroso.


Para Wallans Torres Pio dos Santos, professor da Universidade Federal do Vale do Jequitinhonha e Mucuri, em Minas Gerais, e coordenador da pesquisa, o equipamento representa grande inovação na área. “Ele alia a portabilidade dos sensores impressos à alta estabilidade dos materiais diamantados dopados com boro, que podem ser reutilizados inúmeras vezes”, explica. Segundo Santos, a pesquisa revelou que 63% dos usuários de cigarros eletrônicos não sabem o que consomem.


O sensor foi testado com dois dos canabinoides sintéticos mais comuns e perigosos, AB-Chminaca e MDMB-4en-Pinaca. O equipamento conseguiu detectar concentrações tão baixas quanto 0,2 micromolar, mesmo na presença de altos níveis de nicotina e de outras substâncias interferentes. Em química, micromolar é uma unidade de medida para a concentração de uma substância em solução. Um micromolar equivale a um milionésimo de um mol por litro.


DIRETO AO PONTO


Mesmo com a complexidade das amostras, o dispositivo foca somente nas substâncias de interesse. “É como entrar em um quarto escuro e iluminar apenas o ponto que queremos observar”, comparou Santos. O objeto pode ser usado no atendimento a indivíduos que sofrem de overdose ou de outras complicações. mas também para iniciativas de redução de danos.


De acordo com Luciano Arantes, pesquisador e membro do comitê gestor do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Substâncias Psicoativas (INCT-SP), quando um novo método é proposto para detecção rápida – visando cenários de repressão ao tráfico e redução de danos –, algumas características devem ser consideradas. “A portabilidade, o custo, a simplicidade analítica e interpretativa, bem como a escalabilidade, precisam ser considerados.”


O grupo de pesquisa é parceiro do Projeto BACO: Toxicologia e Análise Toxicológica como Fontes de Informação para Políticas de Drogas, que tem o objetivo de avaliar o uso de novas substâncias psicoativas em festas e festivais por meio da análise de amostras de fluido oral. A parceria busca fazer a triagem imediata de substâncias que os frequentadores desses eventos pretendem consumir.


A adaptabilidade do método é outro ponto forte indicado pelos pesquisadores, que desenvolveram sensores semelhantes para outros tipos de drogas. Arantes cita o LSD e seus análogos sintéticos, catinonas e feniletilaminas. “Também estamos trabalhando na incorporação de reagentes colorimétricos aos sensores para facilitar a interpretação visual dos resultados”, frisou.

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