Ovo de dinossauro encontrado na Argentina pode conter embrião preservado
Cientistas descobriram ovo ‘perfeitamente preservado’ de um pequeno dinossauro carnívoro, ancestral direto das aves modernas
compartilhe
SIGA
Um grupo de paleontólogos argentinos descobriu um ovo de dinossauro com cerca de 70 milhões de anos, durante a Expedição Cretácea I. O ovo, “perfeitamente preservado”, foi descoberto na província de Río Negro, na Patagônia argentina.
¡¡¡TREMENDOOOO!!! ????????????
— Celeste ????? (@GiardinelliC) October 8, 2025
PARTE DEL EQUIPO DE PALEONTÓLOGOS ENCONTRÓ HUEVOS DE DINOSAURIOS INCREÍBLEMENTE BIEN CONSERVADOS A LA TARDE Y NO LO CONTÓ AL RESTO HASTA RECIÉN EN EL VIVO DEL STREAM pic.twitter.com/K8DIi7KyOn
O ovo, do tamanho aproximado de uma bola de futebol americano, estava quase intacto, com uma casca que os cientistas descreveram como “parecendo cozida” e “recém-depositada”. Apesar da aparência semelhante a um ovo de avestruz, especialistas afirmam que ele pertenceu a um Bonapartenykus, um pequeno dinossauro carnívoro do grupo dos terópodes, ancestral direto das aves modernas.
Leia Mais
“Foi uma surpresa completa e absoluta. Não é incomum encontrar fósseis de dinossauros, mas ovos são muito mais raros”, contou o paleontólogo Gonzalo Muñoz, do Museu Argentino de Ciências Naturais Bernardo Rivadavia, à National Geographic.
O fóssil foi encontrado por acaso. O líder da equipe, o pesquisador Federico Agnolín, tropeçou no ovo enquanto escavava o solo. Na gravação, é possível ver sua reação de espanto e alegria ao perceber o que havia diante dele.
“Esta é possivelmente a primeira descoberta desse tipo na América do Sul. Como vocês podem ver, este fóssil tem mais de 70 milhões de anos e não estava sozinho – encontramos um aglomerado!”, disseram os pesquisadores no Instagram.
A equipe também identificou outros ovos quebrados nas proximidades, além de dentes de mamíferos e vértebras de cobras, o que indica que o local pode ter sido um antigo ninho ou berçário de dinossauros carnívoros.
Um ovo raro e frágil
A raridade da descoberta está no fato de que ovos de dinossauros carnívoros são extremamente difíceis de encontrar. Suas cascas finas, parecidas com as de aves modernas, tendem a se decompor com facilidade, ao contrário das cascas grossas dos dinossauros herbívoros.
“Há menos carnívoros do que herbívoros. Além disso, seus ovos são mais parecidos com os de aves — com cascas finas, mais delicadas e muito propensas à destruição. É por isso que esta descoberta é tão excepcional e espetacular”, explicou.
Com o auxílio de internet via satélite, a escavação foi transmitida em tempo real, permitindo que escolas e espectadores em diferentes países acompanhassem a descoberta. Após a retirada cuidadosa, o fóssil foi revestido com gesso e levado de avião a Buenos Aires, onde passará por microtomografias e escaneamentos 3D. O objetivo é verificar se há material embrionário preservado.
Se confirmado, o achado poderá revelar detalhes inéditos sobre a biologia reprodutiva dos dinossauros carnívoros e sua ligação evolutiva com as aves modernas.
Depois das análises, o ovo será transferido para o Museu da Patagônia, em Río Negro, onde ficará em exposição permanente. Os pesquisadores já o consideram o ovo de dinossauro carnívoro mais bem preservado da América do Sul.
“Se o embrião estiver dentro, isso poderá nos mostrar como esses animais evoluíram para as aves e como nasciam seus filhotes. Qualquer dado que surgir será novo e incrivelmente interessante”, completou Muñoz.
Que dinossauro é esse?
O Bonapartenykus viveu pouco antes da extinção em massa dos dinossauros, há 66 milhões de anos — um evento causado, segundo o consenso atual, pelo impacto de um asteroide gigante na Península de Yucatán, no México.
Siga nosso canal no WhatsApp e receba notícias relevantes para o seu dia
A colisão teria gerado uma nuvem de cinzas e radiação que bloqueou a luz solar, colapsando o ecossistema global. Animais menores e com ciclos de vida curtos, como mamíferos e aves, conseguiram se adaptar — o que explicaria a sobrevivência dos descendentes dos terópodes até hoje.