MEIO AMBIENTE

Por que não há pinguins no Hemisfério Norte?

Estudo da UFMG revela as razões ambientais e evolutivas para a ave se manter firme no Hemisfério Sul

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Apesar de serem excelentes nadadores e adaptáveis a climas diversos, os pinguins nunca cruzaram naturalmente a linha do Equador. Um estudo realizado por pesquisadores da UFMG e publicado no Journal of Biogeography explica por que essas aves permanecem restritas ao Hemisfério Sul. O trabalho aponta uma combinação de fatores ambientais, como águas tropicais hostis e limitações evolutivas herdadas, que impedem os pinguins de expandir seu território para o Norte.

Intitulado "Environmental and evolutionary forces shaping penguin geographic limits", o estudo analisou 17 espécies de pinguins distribuídas por diferentes regiões do planeta. A pesquisa combinou dados ecológicos - como temperatura dos oceanos, disponibilidade de alimento e barreiras geográficas - com a história evolutiva das espécies para entender seus padrões de distribuição.

O resultado foi revelador: embora existam áreas teoricamente adequadas no Hemisfério Norte, como a costa da Califórnia e partes do Japão e da Rússia, há uma barreira inviável para essas aves - a zona tropical.

"As águas quentes e pobres em nutrientes da faixa equatorial funcionam como um verdadeiro deserto oceânico para eles", afirma Amanda Mourão Santos, doutoranda em Zoologia na UFMG e primeira autora do artigo. Segundo ela, mesmo sendo capazes de percorrer grandes distâncias, eles não conseguem atravessar essa zona hostil, o que inviabiliza sua chegada a latitudes mais setentrionais.

Mas a limitação não é apenas geográfica. O estudo aponta que os pinguins são animais extremamente conservadores em termos ecológicos. Eles tendem a permanecer em ambientes similares aos de seus ancestrais, um fenômeno conhecido como "conservação filogenética de nicho".

Isso significa que as espécies mantêm, ao longo de milhões de anos, preferências ambientais específicas - como águas frias e ricas em alimento - mesmo quando têm capacidade física de ocupar outras regiões.

Essa herança evolutiva tem implicações importantes em um contexto de mudanças climáticas. Com o aumento da temperatura global e a alteração de correntes oceânicas, muitos dos habitats atualmente ocupados por esses animais estão ameaçados.

"A dificuldade dessas aves em se adaptar a novos espaços aumenta o risco de declínio populacional ou até extinção local, especialmente se perderem as condições ideais para alimentação e reprodução", alerta o professor Ubirajara de Oliveira, coautor do estudo e orientador de Amanda no Instituto de Geociências da UFMG.

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O exemplo do pinguim-das-galápagos é emblemático. Mesmo vivendo em uma região tropical, essa espécie só sobrevive graças à presença de correntes frias que sobem do sul do Pacífico. A perda dessas correntes, causada por alterações climáticas, poderia ser fatal para a espécie.

"Proteger os habitats atuais dos pinguins é essencial, porque não há garantias de que eles consigam encontrar outros semelhantes", conclui Amanda.

*Estagiária sob supervisão do subeditor Gabriel Felice

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