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Granito em meteorito indica antigos continentes em Marte

Fragmentos analisados sugerem que formações continentais surgiram no planeta há 4,4 bilhões de anos.

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Fragmentos de granito encontrados em um meteorito sugerem que continentes embrionários se formaram em Marte há 4,4 bilhões de anos, revelando sua evolução inicial, assim como a da Terra.


Embora as missões de exploração ao planeta vermelho ainda não tenham conseguido trazer amostras de rochas marcianas, algumas já chegaram até nós na forma de meteoritos, ou seja, fragmentos de Marte ejetados para o espaço e que aterrissaram na Terra.


A origem dessas 400 kg de rochas coletadas em todo o mundo foi determinada principalmente graças aos “gases raros que ficaram presos em algumas dessas rochas marcianas quando foram ejetadas ao espaço”, disse à AFP Brigitte Zanda, especialista em meteoritos do Museu Francês de História Natural (MNHN).


Esses gases raros correspondem àqueles “medidos na atmosfera de Marte”, lembra a pesquisadora, coautora do estudo publicado nesta sexta-feira (21) na Nature Geosciences.


Em 2012, um comerciante de meteoritos francês trouxe-lhe amostras encontradas no Saara Ocidental.


O meteorito NWA7533, apelidado de “Black Beauty”, tinha uma textura “muito complexa” e “totalmente diferente” de outros meteoritos marcianos, segundo Zanda.


Seu interior, escuro e repleto de grãos “rosa-claro e esbranquiçados”, consistia em fragmentos rochosos e poeira que se consolidaram após um ou mais impactos em um terreno muito antigo no hemisfério sul de Marte.


Presença de água


Todos os meteoritos marcianos encontrados até agora estavam “relacionados a basaltos”, lembra Zanda.


Essas rochas densas, que formam a crosta oceânica na Terra, resultam do resfriamento rápido do oceano de magma na superfície de um planeta durante sua formação.


Durante muito tempo, pensou-se que, em Marte, o processo parava por aí e que o planeta vermelho não teria equivalentes aos continentes terrestres. Estes últimos são formados por rochas ricas em sílica, menos densas que o basalto, que “flutuam” sobre a crosta oceânica.


Essa ideia foi revisada na última década com a descoberta, pelo robô rover Curiosity, de rochas marcianas mais ricas em sílica do que os basaltos.


A reformulação dos primórdios de Marte agora é confirmada pelo estudo publicado na Nature Geosciences.


Alguns fragmentos da rocha Black Beauty revelaram ser granito, contendo um mineral composto de sílica pura: o quartzo.


“Parece claro que os protocontinentes se formaram em Marte e que isso está relacionado a impactos que derreteram uma espessura considerável da crosta marciana, cujos líquidos assim formados evoluíram para composições mais ricas em sílica”, sugere Zanda.


Essa descoberta também indica a antiga presença de água na superfície marciana, pois tais fenômenos são facilitados pela incorporação de água no magma.


No entanto, como Marte é muito menor que a Terra e armazenou menos calor no início, “sua crosta parou de se renovar muito cedo”, explica a pesquisadora.


Esses granitos marcianos de 4,4 bilhões de anos também lançam luz sobre a evolução geológica inicial do nosso planeta, visto que “não temos acesso a rochas tão antigas na Terra”, enfatiza Zanda.


As rochas mais antigas do nosso planeta foram destruídas pelo efeito combinado da erosão e da tectônica de placas — as placas rígidas que se movem pela superfície da Terra, mudando a disposição dos continentes e oceanos.


As únicas testemunhas da existência dos primórdios da Terra são os grãos de zircão, que datam de 4,3 bilhões de anos.


Mas “os modelos físicos indicam que Marte e a Terra provavelmente apresentavam condições climáticas muito semelhantes e que os processos geológicos ocorridos em ambos eram semelhantes. Portanto, podemos pensar que os processos que deram origem aos primeiros continentes terrestres são semelhantes aos que formaram os primeiros granitos marcianos”, conclui Zanda.

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