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Retomada da COP16

Biodiversidade sob risco iminente

Especialistas alertam que 75% da superfície terrestre já foi alterada pela destruição causada pelo homem. Negociações em Roma buscam soluções e dinheiro para co

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A crise da biodiversidade global volta ao centro das atenções com o reinício das negociações da COP16 sobre biodiversidade, em Roma, na Itália, no dia 25 deste mês. Após um fracasso parcial na rodada anterior, realizada em Cali, ano passado, especialistas e representantes de diversos países retomam o debate sobre medidas urgentes para conter a degradação ambiental e evitar um desastre ecológico.


Os números apresentados por especialistas são alarmantes: 75% da superfície terrestre já sofreu alterações significativas devido à ação humana, incluindo a destruição de florestas, urbanização descontrolada e expansão de terras agrícolas. As áreas úmidas são as mais impactadas, com 87% de sua extensão perdida nos últimos três séculos, segundo dados da Plataforma Intergovernamental sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (IPBES).


Além da perda de habitats, as consequências incluem solos inférteis, redução da absorção de CO2, piora na qualidade do ar e escassez de água potável. Segundo a IPBES, 3,2 bilhões de pessoas já sofrem os impactos da degradação ambiental, e esse número pode aumentar à medida que áreas áridas se expandem. No entanto, há um caminho possível: especialistas indicam que os benefícios de restaurar terras degradadas são até dez vezes maiores que os custos da destruição.


Animais e vegetais em perigo de extinção


A destruição ambiental já coloca um milhão de espécies animais e vegetais em risco de extinção. O número, baseado em estimativas da IPBES, é 20 vezes superior à contagem oficial da Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), que documenta 46 mil espécies ameaçadas.


Os polinizadores, essenciais para 75% das culturas agrícolas, estão entre os mais vulneráveis, enquanto os recifes de corais, que sustentam 850 milhões de pessoas, estão desaparecendo rapidamente devido à acidificação dos oceanos e ao aquecimento global. Se a temperatura global aumentar 1,5°C acima dos níveis pré-industriais, 70% a 90% dos recifes de corais podem ser extintos. Se o aumento for de 2°C, a perda pode chegar a 99%.


DEPENDÊNCIA ECONÔMICA


A biodiversidade não é só uma questão ambiental, mas também econômica. Segundo um estudo da consultoria PwC, 55% do PIB mundial, equivalente a US$ 58 trilhões (R$ 330 trilhões), depende diretamente da natureza. Setores como agricultura, pesca, silvicultura e construção civil estão entre os vulneráveis ao colapso ambiental.

Os cientistas também alertam para a importância dos chamados “serviços ecossistêmicos”, como polinização, purificação da água e controle de pragas, que sustentam a produção global de alimentos. Contudo, ambientalistas criticam a mercantilização da natureza, argumentando que sua precificação pode levar à exploração em vez de preservação.


Bilhões de dólares em subsídios prejudiciais


Apesar da urgência da crise, governos de todo o mundo continuam a financiar atividades que aceleram a degradação ambiental. De acordo com a organização Earth Track, os chamados “subsídios prejudiciais” ao meio ambiente somam até US$ 2,6 trilhões por ano, o que representa 2,5% do PIB global. Esses incentivos vão desde benefícios fiscais para a extração de combustíveis fósseis até subsídios para práticas agrícolas e pesqueiras intensivas.

O Acordo de Kunming-Montreal, assinado na COP15, estabeleceu como meta reduzir esses subsídios em pelo menos US$ 500 bilhões anuais até 2030. No entanto, os países ainda precisam quantificar exatamente o impacto desses incentivos e apresentar planos concretos para sua eliminação.


Um futuro em jogo


Com um cenário de crescente degradação ambiental e impactos diretos na economia e na saúde global, a COP16 se torna um evento crucial para definir novas metas de proteção da biodiversidade. O desafio é garantir que os compromissos assumidos na COP15 sejam implementados, restaurando 30% das terras degradadas até 2030 e criando estratégias eficazes para proteger as espécies em risco.


O mundo está diante de um momento decisivo: continuar no caminho da destruição ou investir na regeneração do planeta. O tempo para reverter a crise ambiental está se esgotando – e as decisões tomadas nesta conferência podem definir o futuro da humanidade.


Os “Cinco Cavaleiros do Apocalipse”
Os especialistas da ONU apontam que a crise ambiental tem cinco principais causas, todas ligadas à ação humana. Apelidados de os “Cinco Cavaleiros do Apocalipse”, os fatores são:


Destruição de habitats


•Principal responsável pela perda de biodiversidade no século XX, impactando até 11% das espécies.


Superexploração de recursos naturais


• Pesca predatória, desmatamento e caça desenfreada aceleram a degradação.


Mudança climática


• Pode se tornar o principal fator de destruição ambiental até 2050.

Poluição


• Produtos químicos e resíduos industriais envenenam o solo, a água e os ecossistemas.

Espécies invasoras


• Plantas e animais introduzidos artificialmente em novos habitats prejudicam as espécies nativas.

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