PRODUÇÃO 2025/2026

Safra de cana-de-açúcar em Minas Gerais cai 4,5%

De acordo com a Siamig Bioenergia, cerca de 75,4% da produção já foi processada pelas usinas no estado

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Com a redução de 4,5% da produção da cana-de-açúcar, a safra 2025/2026 vai terminar mais cedo em Minas Gerais. De acordo com a Associação da Indústria da Bioenergia e do Açúcar em Minas Gerais (Siamig Bioenergia), das 77,2 milhões de toneladas estimadas para esse ciclo, 58,2 milhões de toneladas de cana já tinham sido moídas até a primeira quinzena de setembro, o equivalente a 75,4% do que deve ser produzido.


A expectativa é de que, até o fim da primeira quinzena de novembro, 70% da capacidade de processamento já tenham encerrado a safra 2025/2026, enquanto no último ciclo apenas 5% das usinas haviam moído e processado toda a sua cana nesta data. Segundo Mário Campos, presidente da Siamig Bioenergia, o aumento da área destinada à produção da cana-de-açúcar em Minas Gerais minimizou a queda da produção atual.


“Essa safra foi menor em termos de produção de cana-de-açúcar em função da seca que nós tivemos no ano passado. Foram 180 dias de seca. A gente cortou a cana-de-açúcar no ano passado, ela precisava de chuva para poder crescer e não cresceu. O ano passado foi a maior seca da nossa história aqui em Minas Gerais”, explicou Mário Campos.


Até o momento, a destinação da safra 2025/26 da cana em Minas Gerais tem o perfil mais voltado para a produção de açúcar. No acumulado do ano, até o início de setembro, a produção de açúcar somou 4,2 milhões de toneladas, enquanto a de etanol ficou em 1,96 milhões de metros cúbicos.


“Nos últimos anos, você tem visto um incentivo maior para a produção de açúcar porque seu preço, quando comparado com o do etanol, estava superior. Então, as usinas fizeram a opção, dentro da margem que elas conseguem fazer, por produzir mais açúcar em detrimento do etanol. E isso também ocorreu nesta safra, até o momento. Mas, a gente está observando agora, em função da redução do preço de açúcar e do preço atual do etanol, uma paridade importante, interessante para o etanol”, disse o presidente da Siamig Bioenergia.


Assim, para o último quarto da safra mineira de cana, a expectativa é um maior direcionamento para o etanol, contribuindo para equilibrar o mix registrado até o momento.


“Ainda temos umas duas ou três quinzenas de produção, uns 40 dias com usinas ainda moendo. E temos aí a possibilidade, dentro da flexibilidade de produção entre açúcar e etanol, de aumentar a produção de etanol. [...] É claro, isso dentro do compromisso de entrega de açúcar pelas usinas. A gente sabe que uma parte da produção de açúcar deste ano ainda não foi vendida, aí você pode produzir o etanol em função desse bom momento”, calculou Mário Campos.


O presidente da Siamig Bioenergia destacou que o setor está reagindo com rapidez e pragmatismo ao que o mercado demonstra: “Os números mostram um cenário desafiador, mas também a capacidade de reação das usinas. Ante o clima adverso, avançamos com planejamento, preservando valor. Primeiro com foco no açúcar, capturando o bom momento, e, à medida que a paridade evolui, reequilibrando o mix para o etanol nesta reta final”.


QUEDA NA MOAGEM

De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), a Região Centro-Sul, que responde por cerca de 85% da produção de cana no Brasil (sobretudo os estados de São Paulo, Goiás, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul) registrou uma queda de 3,68% na moagem. Até a primeira quinzena de setembro, foram moídas 450,01 milhões de toneladas, enquanto no mesmo período da última safra esse número foi de 467,20 milhões de toneladas.


No acumulado da safra 2025/2026, até 16 de setembro, a produção de açúcar na região ficou em 30,39 milhões de toneladas, contra 30,41 milhões de toneladas do ciclo anterior (-0,08%). De acordo com Luciano Rodrigues, diretor de Inteligência Setorial da Unica, na última quinzena, a proporção de cana destinada à fabricação de açúcar já recuou 0,8 ponto percentual (p.p.) na média do Centro-Sul, registrando 53,5%, contra 54,2% na segunda metade de agosto.


Se considerar apenas Goiás e Mato Grosso, a queda na proporção da cana destinada ao adoçante foi ainda mais expressiva, atingindo 1 p.p. e 1,2 p.p., respectivamente. “A mudança mais intensa nas regiões afastadas do litoral retrata a perda de competitividade do açúcar frente a fabricação do etanol, estimulando de forma mais efetiva a alteração na estratégia de alocação das unidades produtoras nesses locais”, destacou Rodrigues.


No acumulado deste ciclo, a fabricação de etanol caiu 9,5% nas unidades do Centro-Sul brasileiro, totalizando 20,81 bilhões de litros, dos quais 13,02 bilhões são etanol hidratado (- 11,36%) e 7,79 bilhões anidro (-6,21%). De acordo com a Unica, na safra atual, a produção de etanol de milho atingiu 4,12 bilhões de litros, um avanço de 19,43% na comparação com igual período do ano passado.


Produção terá queda de 1,2%

De acordo com a segunda estimativa de safra feita pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o Brasil terá uma queda de 1,2% na produção de cana- de-açúcar em relação à safra anterior. A expectativa é colher 668,8 milhões de toneladas da matéria prima.


Na análise da Conab, a redução se deve às condições climáticas desfavoráveis durante as fases de rebrota e desenvolvimento das lavouras em 2024, sobretudo no Centro-Sul, onde, além da irregularidade hídrica e altas temperaturas, na maioria dos estados foram registrados focos de incêndios que afetaram parte dos canaviais.


A área total destinada à cultura no país foi estimada em 8,85 milhões de hectares, 1% acima da área colhida em 2024/2025. No entanto, há expectativa de redução da produtividade em 2,1%, resultando em uma média estimada em 75.575kg/ha. Segundo a Conab, a redução na produção de cana-de-açúcar repercute sobre a produção de etanol e açúcar. 

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