Mineirês nas alturas

Aeromoça mineira transforma voos em "Trem Bão" com sotaque acolhedor

Tamara Fernandes, comissária da Azul, viraliza com sotaque acolhedor que transforma anúncios de voo em prosa de quitanda, aliviando medos e arrancando sorrisos

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'Arreda pro lado que vou te contar um troço': em um mundo onde os voos comerciais muitas vezes são sinônimo de tensão, atrasos e anúncios monótonos, uma voz suave e cheia de gingado mineiro surge para aliviar o peso das malas e dos corações. Tamara Fernandes, comissária de bordo da companhia aérea Azul, nascida e criada nas terras de Minas Gerais, tem conquistado passageiros com seu sotaque característico – aquele jeitinho de falar que parece um abraço quentinho, misturando doçura com uma pitada de humor involuntário.

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"Nuh, uai, que trem bão!", diria qualquer mineiro ao ouvi-la, e não é exagero: o reel viral no Instagram da própria Tamara, com mais de milhares de visualizações, mostra como esse "mineirês" transforma instruções de segurança em uma conversa de quitanda.


O vídeo, gravado por um passageiro atento (@belohorizontemg), captura Tamara no corredor da aeronave, microfone em mãos, iniciando o briefing de boas-vindas com um entusiasmo que só quem é de Minas sabe dosar. "Brigada! Eu sou a Tamara Fernandes, juntamente com a Yasmin e a Pâmela, fazemos parte da trupulação do comandante Bruno e também do primeiro oficial Ibrahim. Juntos levaremos vocês até a capital mineira, terra do queijo, pã de queijo e do doce de leite, BH, e de lá: pra onde cês quiser ir", diz ela, com as vogais alongadas e o "r" leve, quase um sussurro carinhoso.


 O áudio, repleto de pausas pensativas e risadinhas espontâneas, prossegue com as orientações de segurança: "Se o oxigênio cair, peguem a máscara rapidinho, ó, e coloquem na cara de vocês primeiro, pra depois ajudar os do lado, tá bom? Assim a gente não fica tudo tonto aqui no avião, né?". A entonação ascendente no final de cada frase, típica do sotaque mineiro, transforma o que poderia ser uma ladainha burocrática em uma roda de prosa, arrancando sorrisos e até gargalhadas dos assentos.


Mineirês

Mas o que torna o "jeito de falar do mineiro" tão diferenciado? Linguistas e folcloristas mineiros explicam que o sotaque das Gerais é um verdadeiro mosaico cultural, influenciado pela miscigenação de portugueses, indígenas e africanos. Diferente do ritmo acelerado do carioca ou da nasalidade paulista, o mineiro é suave como um pão de queijo recém-saído do forno: as consoantes são aspiradas – o "r" vira um "h" leve, como em "cahro" para "carro" –, as vogais se abrem generosas, e há uma tendência a suavizar os finais de palavras, criando uma melodia acolhedora. 


Expressões como "uai" (uma interjeição versátil que pode significar surpresa, dúvida ou concordância), "ôxe" (para espanto) e "trem" (qualquer coisa, do avião ao café) pontuam o discurso, dando um ar de intimidade. "É como se o mineiro nunca quisesse magoar a palavra, né? Ele a embrulha em algodão", brinca o professor de linguística da UFMG, João Almeida, em estudos sobre dialetos regionais. Esse tom empático, dizem os especialistas, reduz o estresse – perfeito para quem tem pavor de turbulência ou simplesmente acordou com o pé esquerdo.


Tamara, que compartilhou o reel em seu perfil (@tamarafernandes.sc), explica na legenda o coração por trás da encenação: "A intenção de falar assim é deixar o voo mais leve e feliz para quem às vezes tem medo de voar ou pra quem já tá cansado de uma viagem longa. É muito bom ver as cabecinhas se voltando para o corredor, os olhares fixos e atentos ao que estou falando e é claro, os sorrisos e gargalhadas que me encantam". 


Para ela, não se trata só de entretenimento, mas de missão: "Não tem nada mais gratificante do que fazer as pessoas felizes, pra mim é um sinal de que estou fazendo bem o meu trabalho. Receber o feedback na saída, os clientes dizendo que gostaram muito do voo, que se sentiram mais tranquilos em estar voando não tem preço". Inspirada em valores cristãos, Tamara reflete: "Tudo o que fizer, faça para a glória de Deus! Todos os dias eu me levanto e penso: Como eu posso ser melhor hoje? Sempre faça o seu melhor. Coisas boas sempre vêm, pra quem faz o bem, não importa a quem!".


A Azul, conhecida por seu foco em rotas regionais e atendimento humanizado, celebra iniciativas como a de Tamara. "Nossos tripulantes são o rosto da companhia, e toques pessoais como esse reforçam nossa essência brasileira", comenta um porta-voz da empresa, em nota. Outro reel, acessível no perfill @delamancheof, já inspira cópias: comissários de outras linhas testam sotaques locais, provando que um "uai" bem colocado vale mais que mil calmantes.


Em tempos de céus turbulentos – tanto meteorologicamente quanto emocionalmente –, Tamara Fernandes nos lembra que o melhor antídoto para o medo é o afeto. E nada mais mineiro que isso: transformar o ordinário em extraordinário, um voo de cada vez. "Voa, Minas!", como ela mesma diria, com um sorriso que ilumina até a última poltrona da aeronave.

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