Perigo online: como aliciadores usam a web para abusar de menores
De jogos online a redes sociais, predadores criam armadilhas digitais; veja como proteger crianças e adolescentes dos riscos da internet
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Em um clique, o que parece ser apenas um jogo online ou uma conversa entre amigos pode se transformar em uma armadilha. No ambiente digital, onde crianças e adolescentes aprendem, socializam e se divertem, predadores exploram a sensação de segurança para manipular e aliciar menores. A cada ano, esse tipo de violência se torna mais visível e alarmante.
Entre janeiro e julho de 2025, o Canal Nacional de Denúncias de Crimes Cibernéticos da SaferNet Brasil registrou 49.336 denúncias anônimas de abuso e exploração sexual infantil, classificadas como pornografia infantil. O número representa um aumento de 18,9% em relação ao mesmo período de 2024, consolidando a exploração sexual infantil como um dos crimes mais recorrentes no ambiente digital brasileiro, responsável por 64% das notificações recebidas no ano anterior.
O mês de agosto marcou um ponto fora da curva. Entre os dias 6 e 18, as denúncias dispararam, impulsionadas pela repercussão do vídeo “Adultização”, do influenciador Felca. Foram mais de 6 mil registros apenas no mês, e mais da metade ocorreu após a viralização do conteúdo, mostrando como a mobilização social pode expor e ampliar o debate sobre a violência sexual online.
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Esses criminosos agem de forma metódica e paciente. Eles criam perfis falsos, muitas vezes se passando por pessoas da mesma idade da vítima, para se aproximar e identificar vulnerabilidades. O primeiro contato costuma ser amigável, focado em interesses em comum, como games, séries ou música. O objetivo inicial é construir um laço de confiança e fazer com que o menor se sinta compreendido e especial.
Com o tempo, a conversa migra para plataformas mais privadas, como WhatsApp ou Telegram, distanciando a vítima de ambientes que poderiam ter alguma supervisão. É nesse ponto que o aliciador começa a isolar a criança ou o adolescente de amigos e familiares, criando uma relação de dependência emocional e segredo.
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As principais táticas dos predadores online
Entender como os aliciadores operam é o primeiro passo para criar uma barreira de proteção. As estratégias costumam seguir um padrão que pode ser identificado por pais e responsáveis. Fique atento aos seguintes pontos:
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Presentes e falsas promessas: uma tática comum é oferecer benefícios, como créditos em jogos, presentes ou até mesmo promessas de fama e sucesso. Essa é uma forma de manipulação para obter algo em troca.
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Coleta de informações íntimas: o predador incentiva o compartilhamento de fotos, vídeos e informações pessoais. Esse material é posteriormente usado para chantagear e forçar a vítima a fazer o que ele quer.
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Ameaças e manipulação psicológica: caso a criança ou o adolescente tente se afastar, o criminoso usa ameaças. Ele pode dizer que vai expor as conversas e fotos para a família e amigos ou até mesmo ameaçar a segurança de pessoas próximas.
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Normalização de conteúdos impróprios: gradualmente, o aliciador introduz assuntos e conteúdos de natureza sexual, tratando-os como algo normal e fazendo a vítima acreditar que aquela interação é aceitável.
Como proteger crianças e adolescentes
A proteção mais eficaz combina diálogo, monitoramento e regras claras. Não se trata de proibir o uso da internet, mas de ensinar a navegar com segurança. Adotar algumas medidas simples pode fazer toda a diferença:
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Converse abertamente: estabeleça um canal de diálogo honesto sobre os perigos online. Crie um ambiente seguro para que seu filho se sinta à vontade para compartilhar qualquer situação estranha sem medo de ser punido.
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Defina regras de uso: determine horários para o uso de telas e quais aplicativos e jogos são permitidos. Explique que perfis em redes sociais devem ser privados e que informações pessoais, como endereço e escola, nunca devem ser compartilhadas.
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Esteja atento a mudanças de comportamento: isolamento, agressividade, queda no rendimento escolar ou o hábito de esconder a tela do celular podem ser sinais de que algo está errado.
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Ensine a desconfiar e denunciar: oriente a criança a não aceitar convites de estranhos, não clicar em links suspeitos e jamais compartilhar fotos ou vídeos íntimos. Mostre que ela pode e deve denunciar qualquer abordagem inadequada.
Canais de denúncia
É fundamental que qualquer suspeita ou caso de aliciamento seja denunciado às autoridades competentes. A denúncia é anônima e ajuda a proteger outras possíveis vítimas. Os principais canais são:
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Disque 100: Serviço do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania que recebe denúncias de violações de direitos humanos, incluindo crimes contra crianças e adolescentes.
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Safernet Brasil: organização que oferece um serviço de denúncias de crimes cibernéticos, com um canal específico para pornografia infantil e outros abusos, em parceria com o Ministério Público Federal.
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Uma ferramenta de IA foi usada para auxiliar na produção desta reportagem, sob supervisão editorial humana.