Inteligência artificial cria imagens do futuro no Museu do Amanhã
Aberta até dezembro, a Lumisphere Experience transforma visões do público em imagens criadas por inteligência artificial
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Dentro das cúpulas translúcidas montadas na Praça Mauá, no Rio, a Lumisphere Experience convida o público a imaginar o futuro que deseja viver. A instalação, apresentada pelo Museu do Amanhã em parceria com a organização Visions2030, é uma experiência gratuita e imersiva que combina arte, tecnologia e ciência para transformar sonhos individuais em imagens criadas por inteligência artificial.
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“A Experiência Lumisphere não é apenas uma instalação, é um convite para imaginar os futuros que sonhamos”, afirma Carey Lovelace, fundadora da Visions2030. A iniciativa integra a missão global da organização de mobilizar um bilhão de pessoas até 2030 para imaginar um futuro sustentável.
Segundo Lovelace, a proposta nasceu de um incômodo com o pessimismo que domina o debate climático. “Muitas vezes lidamos com o clima em termos de medo, imaginando o pior. A Lumisphere apresenta possibilidades e permite que as pessoas imaginem um futuro positivo. Esta é uma nova abordagem à ação que inspira em vez de dar lições”.
Como brasileiros veem o futuro
Durante o mês de outubro, mais de 14 mil pessoas participaram do Censo do Futuro, pesquisa conduzida pelo Institute for the Future (IFTF) em parceria com o Museu do Amanhã e a Visions2030. O estudo revelou que a imersão deixou os visitantes mais confiantes e engajados sobre o futuro.
Antes da experiência, apenas 16% dos participantes diziam acreditar que tinham poder de influenciar mudanças no mundo. Depois da visita, o índice subiu para 27%. A percepção de que o futuro será positivo também aumentou, de 18% para 25%.
Para Jane McGonigal, diretora de Pesquisa e Desenvolvimento de Jogos do IFTF, os resultados mostram que experiências sensoriais têm impacto emocional real. “A Lumisphere demonstra que experiências belas e emocionalmente envolventes podem fortalecer a resiliência e amplificar a esperança”, explica.
Os dados indicam ainda que os brasileiros associam o futuro ideal à natureza e à harmonia. As imagens criadas por IA destacam praias, florestas e montanhas, reforçando a ideia de um futuro tropical, sustentável e leve. Em termos de tecnologia, prevalecem soluções discretas e ecológicas, como energia solar, reflorestamento e reciclagem.
IA como ferramenta de imaginação
Ao Estado de Minas, Carey Lovelace destacou o papel da inteligência artificial como instrumento criativo, e não como ameaça. “Eu às vezes fico triste porque as pessoas pensam em inteligência artificial com medo, mas é apenas uma ferramenta, como um martelo. Com ela, podemos criar coisas incríveis”, disse.
Ela cita exemplos do uso da tecnologia em contextos sociais e até terapêuticos. “Tenho um colega que está usando realidade aumentada com soldados na Ucrânia. Eles se sentem livres para conversar com uma inteligência artificial, sem constrangimento, e isso é poderoso”.
Experiência
Nossa reportagem visitou a Lumisphere para acompanhar de perto a proposta. Logo na entrada, recebemos fones de ouvido para acompanhar as narrações em áudio. A primeira sessão é dominada por uma esfera luminosa, semelhante à de Las Vegas, porém em escala menor e totalmente interativa.
Na segunda parte, o visitante deita em um sofá e observa o teto, transformado em uma imensa tela circular. A sensação que sentimos é de estar dentro da própria esfera, envolto em imagens, sons e luzes que mudam de acordo com a narrativa.
No encerramento, uma área com tablets interativos permite criar cenários personalizados com o auxílio da IA. Cada visitante gera uma imagem única do seu “futuro ideal”. A visita combina recursos de arte, ciência e tecnologia em uma proposta que desperta curiosidade e reflexão sobre o futuro.
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Entre o real e o possível
Mais do que uma exposição, a Lumisphere marca o início de uma turnê global de cinco anos, que busca conectar visitantes e formuladores de políticas públicas em torno de um mesmo objetivo: imaginar futuros possíveis e sustentáveis.
A instalação no Rio abre essa jornada internacional em um momento simbólico, já que o Brasil, como anfitrião da COP30, assume um papel central no movimento mundial pela restauração ambiental e pela construção de uma agenda climática mais otimista.
Para Carey Lovelace, essa é a essência do projeto. “O fato de podermos realizar nossos sonhos imediatamente, mesmo que em imagem, é muito poderoso”, afirma. “A imaginação é o primeiro passo da mudança”.