O algoritmo da fofoca: como notícias bizarras viralizam tão rapidamente
Pesquisas sobre comportamento digital indicam que o cérebro humano reage com mais intensidade a estímulos inesperados
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A viralização de conteúdos inusitados é um fenômeno recorrente na era digital. Basta uma história surpreendente, absurda ou fora do comum para que ela se espalhe com velocidade impressionante pelas redes sociais. O que parece apenas um caso curioso, na verdade, reflete o funcionamento de mecanismos psicológicos e tecnológicos que moldam a forma como a informação circula na internet.
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Pesquisas sobre comportamento digital indicam que o cérebro humano reage com mais intensidade a estímulos inesperados. Em um ambiente saturado de informações, o que foge do padrão, seja um comentário inusitado, uma imagem curiosa ou um acontecimento improvável, ativa a atenção de forma quase automática. Esse impacto emocional inicial é o ponto de partida para a viralização.
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A força do inesperado e a lógica dos algoritmos
Um estudo do Instituto Reuters para o Estudo do Jornalismo, da Universidade de Oxford, aponta que conteúdos que provocam surpresa, humor ou indignação têm até 70% mais chances de ser compartilhados do que notícias neutras ou previsíveis. Esse dado reforça a ideia de que o engajamento emocional é o principal combustível das redes sociais.
As plataformas digitais são projetadas para amplificar exatamente esse tipo de reação. Os algoritmos de recomendação de Instagram, TikTok e X (antigo Twitter), por exemplo, priorizam publicações que geram alto engajamento em pouco tempo. Curtidas, comentários e compartilhamentos são interpretados como sinais de relevância, impulsionando o alcance da publicação para um número cada vez maior de usuários.
Esse ciclo cria o que especialistas chamam de “efeito ressonância”: quanto mais o público reage, mais o conteúdo é exibido, independentemente de sua importância ou profundidade. O sistema não distingue o valor informativo daquilo que viraliza; o que importa é o potencial de retenção de atenção.
Narrativas simples e emoções fortes
Outro fator determinante é a simplicidade da narrativa. Histórias curtas, de fácil compreensão e que despertem essa emoções intensas tendem a se espalhar com mais rapidez.
Elas são reproduzidas em diferentes formatos, adaptadas a novas plataformas e recontadas por milhares de usuários, o que reforça o ciclo de exposição.
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Como escapar das bolhas digitais
Compreender essa lógica é essencial para evitar a imersão em bolhas digitais e o consumo excessivo de conteúdos superficiais. Especialistas em mídia digital recomendam práticas simples, como diversificar as fontes de informação, ajustar preferências de feed e realizar pausas conscientes no uso das redes.
Essas ações ajudam a reduzir a influência dos algoritmos e ampliam o contato com perspectivas diferentes. Em última instância, a viralização do inusitado revela mais sobre o comportamento humano do que a respeito da tecnologia.
Uma ferramenta de IA foi usada para auxiliar na produção desta reportagem, sob supervisão editorial humana.