Europa aposta no Jupiter para liderar a era da IA

O supercomputador, instalado na Alemanha, é o primeiro europeu de exaescala e busca reduzir a distância em relação aos EUA e China em inteligência artificial

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A Europa inaugurou na Alemanha o Jupiter, o supercomputador mais rápido do continente, criado para reduzir a defasagem no campo da inteligência artificial (IA) e ampliar a capacidade de previsão climática. Confira as principais funções do sistema, que possui um poder de processamento comparável ao de um milhão de smartphones.


O que é o Jupiter?

O Jupiter é o primeiro supercomputador europeu de exaescala, instalado no Centro de Supercomputação de Jülich, no oeste da Alemanha. O termo se refere à capacidade de realizar pelo menos um exaflop – ou 1 quintilhão de cálculos por segundo. “É como se 10 milhões de computadores portáteis convencionais fossem utilizados ao mesmo tempo, empilhados até 300 quilômetros de altura”, exemplificou o chanceler alemão, Friedrich Merz, durante a apresentação do sistema.

Com 3.600 metros quadrados de área – metade de um campo de futebol – e equipado com 24 mil chips da Nvidia, o Jupiter exigiu investimento de 500 milhões de euros, dividido igualmente entre União Europeia e governo alemão. Seu uso ficará disponível para universidades, centros de pesquisa e empresas.

“Trata-se de um grande avanço no desempenho da computação na Europa”, avaliou Thomas Lippert, diretor do centro de Jülich.


Como pode ajudar a Europa na corrida pela IA?

Para Lippert, o Jupiter é o primeiro supercomputador competitivo da Europa capaz de treinar modelos de inteligência artificial de ponta, em um cenário dominado por Estados Unidos e China.

“Esses dois países estão lado a lado em uma economia global impulsionada pela inteligência artificial, mas a Europa tem agora a chance de recuperar terreno”, destacou Merz, chamando o projeto de “pioneiro” e “histórico”.

Um relatório da Universidade de Stanford mostrou a dimensão do desafio: só em 2024, instituições americanas produziram 40 modelos de IA considerados “notáveis”, contra 15 da China e apenas três da Europa.

“O Jupiter é a maior máquina de inteligência artificial já construída na Europa”, reforçou Emmanuel Le Roux, chefe de computação avançada da Eviden, uma das empresas responsáveis pela construção do sistema ao lado do grupo alemão ParTec.

José María Cela, do Centro Nacional de Supercomputação de Barcelona, também ressaltou o impacto: “quanto maior o supercomputador, melhor será o modelo de IA desenvolvido”.

Atualmente, os grandes modelos de linguagem (LLMs) – como os usados em chatbots generativos, a exemplo do ChatGPT da OpenAI ou do Gemini do Google – demandam enormes quantidades de dados e processamento. O Jupiter pretende dar suporte a esse tipo de aplicação, embora ainda dependa fortemente de tecnologia americana, já que utiliza chips da Nvidia.


Quais são suas outras funções?


O Jupiter tem múltiplos usos além da IA. Entre eles, simular mudanças climáticas com muito mais precisão e alcance. Enquanto os modelos atuais projetam cenários para a próxima década, cientistas acreditam que o novo supercomputador permitirá prever tendências para os próximos 30 anos — ou até um século, em alguns casos.

Outra frente é a pesquisa biomédica, com simulações mais próximas da realidade sobre processos cerebrais, abrindo caminho para o desenvolvimento de medicamentos contra doenças como o Alzheimer.

Na transição energética, o sistema deve contribuir com o desenho de turbinas eólicas mais eficientes, a partir da simulação detalhada de fluxos de ar.


Consome muita energia?


Sim. O Jupiter deve demandar cerca de 11 megawatts em operação, energia suficiente para abastecer milhares de residências ou uma pequena unidade industrial.

Apesar disso, emprega hardware eficiente, sistemas de resfriamento a água e ainda aproveita o calor gerado para aquecer edifícios vizinhos, segundo o centro de Jülich.

Os mais potentes

No mundo, apenas três supercomputadores além do Jupiter atingem a marca de exaescala: El Capitan, Frontier e Aurora, todos em laboratórios do Departamento de Energia dos Estados Unidos. A China também desenvolve máquinas desse nível, mas mantém em sigilo seus desempenhos. Hoje, os EUA lideram com 175 supercomputadores, seguidos pela China (47), Alemanha (41) e Japão (39) – este último com destaque para o Fugaku, que foi o mais veloz do planeta entre 2020 e 2022.

Na lista atual dos dez supercomputadores mais potentes do mundo, cinco são europeus: o próprio Jupiter, na Alemanha; o HPC6 e o Leonardo, na Itália; o Alps, na Suíça; e o Lumi, na Finlândia.

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