REVIEW

'Rematch' traduz o futebol moderno para os videogames com precisão

Com ritmo frenético, câmera livre e foco em posicionamento tático, 'Rematch' traz nova visão do futebol competitivo nos games e acerta no timing do lançamento

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Quando você é apaixonado por futebol, sabe que o jogo vai além dos 90 minutos. Tem a resenha, o grito engasgado, o replay no celular e o meme do VAR. Em tempos de Copa do Mundo de Clubes, um evento inédito que promete unificar o futebol global sob uma mesma bandeira, 'Rematch' chega como uma nova maneira de viver essa paixão, só que pelos controles.

Conhecido como o "Rocket League humano", o game da Sloclap foi lançado no dia 19 de junho de 2025 para PC, Xbox Series X/S e PS5, e propõe uma experiência de futebol virtual focada no controle individual e no trabalho coletivo, com controle em terceira pessoa e jogabilidade de tiro.

A impressão geral é clara: 'Rematch' não quer substituir ''FIFA'' ou 'eFootball'. Ele quer oferecer outra coisa. Algo que remete mais à Kings League do que à Premier League, mais ao arcade do que à simulação. E nesse ponto, ele é incrivelmente honesto e promissor.

De 'Sifu' para o campo

 

Rematch aposta em tática, mira manual e identidade própria
Desde o menu, passando pela trilha sonora e pela personalização dos jogadores Sloclap/divulgação

A Sloclap é um estúdio recente, mas já deixou marca forte com 'Sifu', jogo de ação elogiado pela fluidez e precisão nos combates. Com 'Rematch', o estúdio francês se arrisca fora da zona de conforto, em uma tentativa ousada de reinventar o futebol virtual.

A equipe, formada por ex-funcionários da Ubisoft, queria mais liberdade criativa. Decidiu sair da lógica tradicional das grandes publishers para explorar projetos fora da curva. O resultado é um jogo competitivo de até 10 jogadores, em duas equipes, sem faltas, impedimentos ou árbitros, com a proposta de um único jogador, partidas rápidas e posicionamento tático como se estivesse num campo de verdade.

Durante a fase beta, 'Rematch' já chamava atenção. Não pela fidelidade ao futebol tradicional, mas por desafiar o modo como interagimos com ele nos games. E isso já dizia muito.

A bola está com você

Rematch aposta em tática, mira manual e identidade própria
Diferente de FIFA ou eFootball, Rematch não imita a TV. Aqui, você joga colado no personagem, com a câmera nas costas e a bola à frente. Sloclap/divulgação

Diferente de 'FIFA' ou 'eFootball', 'Rematch' não imita a TV. Aqui, você joga colado no personagem, com a câmera nas costas e a bola à frente. É como estar em campo, mas com comandos de shooter: ao passar ou chutar, você mira onde a bola vai. Nada de botões automáticos ou assistências mágicas. O desafio é real.

Essa escolha é corajosa, e também confusa no começo. A curva de aprendizado é alta, especialmente para quem vem de simuladores. O domínio de bola e as interceptações ainda são áreas frágeis. O posicionamento, por outro lado, é crucial: saber ler o jogo e ocupar o espaço certo faz toda a diferença, assim como na vida real.

Nos testes, a jogabilidade mostrou-se fluida, mas com momentos de engasgo, tanto pelo sistema quanto pelos servidores. Durante partidas ranqueadas, quedas de conexão ainda são frequentes. Além disso, o jogo não oferece modos offline além do tutorial, o que limita a curva de aprendizado para quem quer treinar.

Apesar disso, o game brilha em sua proposta: quanto mais se joga, mais se melhora. É como aprender a jogar futebol de verdade. Não há substituto para o treino.

Estilo faz parte do jogo

Rematch aposta em tática, mira manual e identidade própria
Parcerias com a Puma e até mesmo com Ronaldinho Gaúcho, que virou personagem jogável, reforçam essa proposta de transformar o jogador em estrela. Sloclap/divulgação

Logo ao entrar em 'Rematch', é evidente que o game carrega uma identidade visual clara. A estética é moderna, mas não espetacular: gráficos simples, estilizados, com foco na funcionalidade. O que se destaca é o estilo. Desde o menu, passando pela trilha sonora e pela personalização dos jogadores (sem menção de gênero, apenas formas e roupas), tudo grita “presença”.

Parcerias com a Puma e até mesmo com Ronaldinho Gaúcho, que virou personagem jogável, reforçam essa proposta de transformar o jogador em estrela. Mais do que um atleta genérico, você monta seu próprio avatar com roupas, atitudes e, claro, comemorações.

A trilha sonora é competente, mas pouco memorável. Já a ambientação entrega o necessário para manter a imersão: campos menores, ritmo dinâmico e partidas curtas. Não há enrolação. A experiência é objetiva e viciante.


A nova cara do futebol?

O que torna 'Rematch' realmente especial é o momento em que ele surge. A Kings League, criada por Gerard Piqué, é um reflexo da nova forma como os jovens consomem futebol. Partidas curtas, com jogadores carismáticos, regras modificadas e transmissão interativa. A 'FIFA' também entrou na onda, com a criação da Copa do Mundo de Clubes, unindo os grandes times do planeta em uma competição que antes se via apenas pelo videogame.

'Rematch' é, nesse contexto, uma versão digital dessa transição. Ele capta o espírito de um futebol menos tradicional e mais performático. Permite partidas 3x3, 4x4 e 5x5, cada uma com exigências táticas e técnicas distintas. O 3x3 é quase um duelo de habilidades. O 5x5 exige leitura de jogo, cobertura, troca de passes e construção de jogadas.

É um jogo com potencial cultural real. Ele se conecta com quem vê o futebol mais como entretenimento do que como ritual, com quem não tem paciência para 90 minutos sem interrupções, mas adora o TikTok da resenha pós-jogo.

Pontos positivos e negativos

Rematch aposta em tática, mira manual e identidade própria
Conhecido como o "Rocket League humano", o Rematch propõe uma experiência de futebol virtual focada no controle individual e no trabalho coletivo. Sloclap/divulgação

A proposta central de 'Rematch' é seu maior trunfo. O jogo acerta ao apostar em uma jogabilidade diferenciada, focada no posicionamento e na execução precisa, usando uma câmera em terceira pessoa e comandos que exigem habilidade real de mira e leitura do campo. O sistema de mira manual nos chutes e passes é um diferencial que transforma cada jogada em uma decisão tática.

A identidade visual também impressiona: há liberdade para personalização, parcerias com marcas relevantes e personagens carismáticos como Ronaldinho, que ajudam a estabelecer um universo próprio dentro do futebol. O design dos modos de jogo, com opções entre 3x3, 4x4 e 5x5, oferece diversidade de desafios e estimula o jogador a se adaptar constantemente.

Por outro lado, o jogo ainda carrega fragilidades técnicas. As mecânicas de interceptação e domínio da bola carecem de refinamento, o que pode frustrar especialmente os iniciantes. A ausência de um modo offline completo também pesa negativamente, já que não há como treinar livremente fora do ambiente online. Outro problema recorrente são os servidores instáveis, que comprometem partidas ranqueadas e interrompem o ritmo competitivo.

A falta de crossplay no lançamento é uma limitação notável para um título com forte apelo comunitário. E, mesmo com valor acessível (menos de R$100 e disponível no Game Pass), o modelo pago vai na contramão da tendência do mercado, que prioriza jogos gratuitos com monetização via microtransações. Isso pode limitar o crescimento da base de jogadores e impactar diretamente o futuro do título.

Para quem é 'Rematch'?

'Rematch' será comparado com Rocket League por um tempo. Ambos têm visão inusitada do futebol, foco no individual dentro do coletivo, partidas rápidas e personalização pesada. Mas enquanto Rocket League é sobre carros em uma experiência mais caótica, 'Rematch' é sobre pessoas, com todas as nuances que isso traz.

O jogo se posiciona entre o arcade e o competitivo, entre o 'FIFA Street' moderno e o shooter tático esportivo. Não é substituto, é alternativa. E isso é um mérito.

Vale a pena jogar 'Rematch'?

Rematch aposta em tática, mira manual e identidade própria
O jogo acerta ao apostar em uma jogabilidade focada no posicionamento e na execução precisa. Sloclap/divulgação

'Rematch' é um jogo que entende o momento atual do futebol e o traduz para uma linguagem moderna, ágil e interativa. Não é perfeito, longe disso. Mas sua ousadia compensa. Ele cria um novo espaço no cenário esportivo dos games, convidando jogadores casuais e hardcore para uma arena onde tática, reflexo e identidade valem tanto quanto um bom chute no ângulo.

É o tipo de jogo que vale acompanhar. Pode virar febre, pode virar nicho. Mas dificilmente vai passar despercebido.

Nota final: 8/10

Recomendado para: fãs de futebol moderno, jogadores competitivos, amantes de desafios táticos e quem curte inovação nos esportes eletrônicos.

*A Sloclap forneceu uma chave do jogo no PS5 para a realização desta análise.

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