Formada pela UFMG, atua no jornalismo desde 2014 e tem experiência como editora e repórter. Trabalhou na Rádio UFMG e na Faculdade de Medicina da UFMG. Faz parte da editoria de Distribuição de Conteúdo / Redes Sociais do Estado de Minas desde 2022
Avatar criado por inteligência artificial vai responder às perguntas feitas pela família após morte de Peter crédito: StoryFile / NY Times
O diagnóstico de leucemia caiu como uma bomba sobre a família do americano Peter Listro, de 83 anos. Isso porque os médicos foram categóricos: ele tinha menos de um ano de vida restante. O filho, Matt, não estava pronto para perder o pai. Foi então que ele decidiu criar um avatar do idoso com ajuda de inteligência artificial, para poder conversar com ele mesmo após a morte.
Em entrevista ao NY Times, Matt contou que sentiu uma dor no peito ao imaginar que o pai não estaria em seu casamento e não conheceria os netos. Foi então que ele convenceu Peter a contratar uma empresa chamada StoryFile para permitir essa interação pós-túmulo. Para isso, seria criado um avatar de Peter que pudesse conversar com os vivos por meio de uma tela de vídeo, como se fosse uma videochamada.
Esse tipo de prolongamento da vida é chamado de Grief Tech (ou "tecnologia do luto"), um termo usado para descrever o uso de tecnologias digitais — especialmente inteligência artificial, realidade virtual e outras ferramentas imersivas — para lidar com o luto e preservar a memória de pessoas falecidas.
A iniciativa pode incluir avatares interativos criados com IA a partir de vídeos, áudios e dados pessoais, que permitem que familiares "conversem" com a pessoa depois de sua morte (como no caso do Peter); chatbots treinados com mensagens, e-mails e postagens de alguém que morreu, simulando conversas realistas; experiências em realidade virtual, que recriam ambientes ou momentos vividos com quem se foi; memoriais digitais com vídeos, álbuns, vozes e até linhas do tempo interativas.
No mês de maio, um produtor foi até a casa de Peter para filmar uma entrevista. É esse material que o avatar vai usar para se tornar real. Primeiro, ele teve que repetir frases prontas, como saudações e “eu também te amo".
Ayrton Senna, ídolo no Brasil e no exterior, teria feito 65 anos no dia 21 de março de 2025. Ele morreu precocemente aos 34 anos em 1/5/1994. instituto Ayrton Senna wikimedia commons a
Nascido em São Paulo, o ídolo morreu quando participava do Prêmio de San Marino. No dia do acidente que o matou , ele estava abalado pela morte de um colega no treino da véspera. Domínio público
O piloto Roland Ratzenberger morreu em 30/4/1994, aos 31 anos, o que causou grande estresse e revolta em Senna. Na foto, Ratzenberger no carro após o acidente. Domínio Público
Hoje, com a tecnologia avançada, o sistema de Inteligência Artificial mostra como estaria Ayrton Senna sessentão. Imagem de Gerd Altmann por Pixabay
Este é o resultado produzido pelo influenciador Jefferson Menezes usando um software de I.A. no rosto do ídolo em 2023.
E este é o resultado do trabalho de Hidreley Diao, artista digital que vem apresentando as versões envelhecidas de muitas personalidades que já se foram. Portanto, o Ayrton Senna sessentão foi reproduzido por dois artistas visuais, que lidam com tecnologia.
As mortes em sequência de Roland Ratzenberger e Ayrton Senna levantaram muita discussão sobre a segurança no automobilismo, intensificando as cobranças por medidas de proteção aos pilotos. Divulgação / Instituto Ayrton Senna
Desde Carl Scarborough, em 1953, até o caso fatal mais recente, de Jules Bianchi, em 2014, 21 pilotos morreram em acidentes durante as corridas. Fora as mortes ocorridas em treinos ou em qualificações (como foi o caso de Ratzenberger). Veja a lista dos pilotos mortos em acidentes nas corridas. Domínio público
Carl Scarborough (EUA) - 15/05/1953 - Grande Prêmio de Indianápolis 500, EUA - Escuderia Kurtis Kraft-Offy - Tinha 38 anos. Reprodução indymotorspeedway
Peter Collins (ING) - 3/08/1958 - GP da Alemanha F1 - Ferrari - Tinha 26 anos. reprodução snaplap.net
Stuart Lewis-Evans (ING) - 19/09/1958 - GP do Marrocos F1 - Vanwall - Tinha 28 anos. reprodução wiki-fandom
Chris Bristow (ING) - 19/06/1960 - GP da Bélgica F1 - Cooper-Climax -Tinha 22 anos. reprodução wiki-fandom
Alan Stacey (ING) - 19/06/1960 - GP da Bélgica F1 - Lotus Climax - Tinha 26 anos. Bundesarchiv wikimedia commons
Wolfgang von Trips (ALE) - 10/09/1961 - GP da Itália F1 - Ferrari - Tinha 33 anos. Domínio público
John Taylor (ING) - 7/08/1966 - GP da Alemanha F1 - Brabham-BRM - Tinha 33 anos. Raimund Kommer wikimedia commons
Lorenzo Bandini (ITA) - 7/05/1967 - GP de Mônaco F1 - Ferrari - Tinha 31 anos. The FerOnline wikimedia commons
Piers Courage (ING) - 7/06/1970 - GP dos Países Baixos F1 - De Tomaso-Ford - Tinha 28 anos. Piers Courage/Wikimedia Commons
Jo Siffert (SUI) - 24/10/1971 - World Championship Victory Race -BRM - Tinha 34 anos Youtube canal Paixão F1
Helmuth Koinigg (AUS) - 6/10/1974 - GP dos EUA F1 - Surtees-Ford - Tinha 25 anos. reprodução Youtube canal Formula 1 Amarcord
Tom Pryce (ING) - 5/03/1977 - GP África do Sul F1 - Shadow-Ford - Tinha 27 anos. Reprodução Site Sky Sports
Ronnie Peterson (SUE) - 11/09/1978 - GP da Itália F1 - Lotus-Ford - Tinha 34 anos. Reprodução Youtube canal Duke Video
Riccardo Paletti (ITA) - 13/06/1982 - GP do Canadá F1 - Osella-Ford - Tinha 23 anos. Domínio Público
Roland Ratzenberger (AUS) - 30/4/1994 - GP de San Marino F1 - Simtek -Tinha 31 anos. wikimedia commons
Ayrton Senna (BRA) - 1/05/1994 - GP de San Marino F1 - Williams-Renault - Tinha 34 anos. Instituto Ayrton Senna / Flickr
Jules Bianchi (FRA) - 05/10/2014 - GP do Japão - Marussia-Ferrari - O piloto francês tinha 25 anos. Nicolas Garcia / Flickr
Fechamos a galeria com uma menção a Jim Clark, que morreu num acidente em outra categoria - a Fórmula 2 - mas foi um dos maiores pilotos da história. Morreu aos 32 anos em 7/4/1968, no GP da África do Sul. Era chamado de "Escocês Voador". Lothar Spurzem wikimedia commons
Depois, o produtor fez uma série de perguntas a ele, com base em uma lista feita por Matt. Ele contou sobre sua própria história e refletiu sobre como seria o futuro do filho e da esposa, Joan. A entrevista durou cinco horas seguidas – com apenas uma pausa para um lanche.
Ao término do questionário, Peter disse estar aliviado por ter tido a oportunidade de dizer tudo aquilo. Dias depois, Matt recebeu um link da StoryFile, com a primeira versão do avatar do pai, que balançava a cabeça, o encorajando a perguntar.
De acordo com a família, o avatar só vai responder às perguntas que foram feitas enquanto Peter estava vivo. Isso porque a empresa pretende lançar uma IA generativa que gera avatares que respondam perguntas não fornecidas previamente, enviando e-mails, postagens em redes sociais e outras informações sobre uma pessoa.
“Isso não mudará a realidade de que perdi meu pai. Mas ameniza um pouco o golpe, saber que, quando ele morrer, não será a última vez que terei uma conversa com ele”, contou Matt ao NY Times.
Ao término do teste da primeira versão do avatar, Matt diz ter se sentido comovido, já que a experiência parecia real demais, ao ponto de precisar se lembrar que era apenas uma reprodução. "Vê-lo chorar diante das câmeras foi muito difícil. Foi um lembrete de que este é um ser humano que eu amo e que eu quero consolar. Mas não se pode consolar um videoclipe”, comentou.