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Novembro Roxo: prematuridade e a importância do pré-natal qualificado

Nascimento antes das 37 semanas de gestação segue como uma das principais causas de mortalidade infantil e de complicações no desenvolvimento

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O Novembro Roxo, mês dedicado à conscientização sobre a prematuridade, lembra uma realidade que ainda desafia sistemas de saúde em todo o mundo: o nascimento antes das 37 semanas segue como uma das principais causas de mortalidade infantil e de complicações no desenvolvimento. Apesar dos avanços na assistência pré-natal e neonatal terem ampliado as chances de sobrevivência desses bebês, especialistas reforçam que a prevenção ainda é o caminho mais eficaz — e depende de informação, cuidado e acompanhamento adequado.

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A ginecologista e obstetra Gisele Maciel, mestre em Saúde da Criança e da Mulher e referência no acompanhamento de gestantes, explica que a prematuridade é resultado de múltiplos fatores. “Entre as principais causas reconhecidas estão infecções maternas — especialmente urinárias e genitais —, ruptura prematura das membranas, hipertensão na gestação, diabetes mal controlado, gestação múltipla, incompetência istmocervical, malformações fetais, idade materna extrema, histórico de parto prematuro anterior e condições socioeconômicas desfavoráveis”, detalha.

Fatores ligados ao estilo de vida, como tabagismo, consumo de álcool e estresse intenso, também contribuem. Segundo a especialista, o cenário se repete em diferentes países, com maior impacto nas regiões de média e baixa renda.

Sinais de alerta

Reconhecer precocemente sintomas sugestivos de trabalho de parto prematuro é decisivo. “Contrações ritmadas antes de 37 semanas, dor abdominal persistente, pressão pélvica, perda de líquido pela vagina, sangramento e redução dos movimentos fetais exigem avaliação imediata”, orienta Gisele.

A intervenção precoce permite estratégias de proteção ao bebê, como o uso de corticoide para amadurecimento pulmonar, medida frequentemente decisiva na sobrevivência neonatal.

Rotina saudável e pré-natal estruturado

A médica reforça que hábitos equilibrados têm impacto direto na redução de riscos. “Alimentação saudável, hidratação adequada, controle rigoroso de doenças crônicas, suspensão do tabagismo e acompanhamento pré-natal regular são pilares reconhecidos pela Sociedade Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia.”

De acordo com ela, o pré-natal possibilita identificar alterações antes que se transformem em complicações maiores, permitindo intervenções preventivas e individualizadas.

Avanços na neonatologia

Quando o parto antecipado é inevitável, os avanços na assistência neonatal têm sido fundamentais. Gisele explica que hoje há melhor monitoramento do colo uterino por ultrassom, protocolos mais estruturados de prevenção e, nos cuidados com o recém-nascido, tecnologias importantes.

Entre elas estão o uso qualificado do surfactante pulmonar, ventilação menos invasiva, melhoria no controle de infecções e modelos de cuidado centrados na família, como o método Canguru. A médica lembra ainda que bebês prematuros podem enfrentar dificuldades respiratórias, maior susceptibilidade a infecções, alterações neurológicas, problemas digestivos e cardiovasculares. “O cuidado integrado é essencial desde os primeiros minutos de vida para minimizar riscos imediatos e de longo prazo.”

Um relato de esperança

Se para os profissionais o desafio é técnico, para as famílias o impacto é emocional. A bancária Daniella Gomes, mãe de uma menina que nasceu prematura em 2023, relembra com precisão o momento em que percebeu que algo estava errado.

“Fui fazer um ultrassom de rotina com 33 semanas quando a profissional percebeu que o percentil havia caído muito. No exame seguinte, vimos que os nutrientes já não estavam chegando adequadamente para o bebê”, conta.

Ela recebeu a primeira dose de corticoide e retornou no dia seguinte. O exame confirmou que o bebê estava em sofrimento.“Minha médica considerou mais seguro antecipar o parto.”

A bebê nasceu por cesariana, apresentou dificuldade para respirar e foi encaminhada à UTI neonatal, onde permaneceu um dia e meio no CPAP. O período foi emocionalmente intenso para a mãe. “Voltar para casa sem meu bebê foi uma das sensações mais angustiantes que já vivi. Eu chegava por volta das 8h e ficava até as 20h. Foram 18 dias nessa rotina.”

Daniella descreve a UTI neonatal como um espaço de fragilidade, mas também de solidariedade entre mães. “A cada alta, todas comemorávamos juntas. Era como se um pedacinho de esperança se renovasse para cada família.”

A filha, internada principalmente para ganhar peso, evoluiu bem. Hoje, com um ano, é uma criança saudável e ativa. “Começou a andar aos nove meses e já fala algumas palavrinhas. Só tenho motivos para agradecer”, diz.

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A experiência modificou sua forma de encarar a maternidade. “Eu tinha planejado cada detalhe, e nada aconteceu como imaginei. Tudo aconteceu do jeito dela - e foi perfeito assim.”

Gisele reforça que campanhas como o Novembro Roxo têm papel fundamental na melhoria da assistência à gestante e ao recém-nascido. "Ações assim ampliam a compreensão da sociedade sobre a prematuridade, estimulam gestantes e famílias a valorizarem o pré-natal e reconhecem sinais de alerta”, aponta.

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