Psoríase afeta milhões de brasileiros, mas ainda é cercada por preconceito
Dermatologista alerta para os impactos físicos e emocionais da doença autoimune e explica como o diagnóstico precoce e o tratamento adequado transformam vidas
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A psoríase é uma doença inflamatória crônica e autoimune que afeta pessoas no Brasil e no mundo. No país, cerca de 5 milhões de brasileiros convivem com a condição, enquanto globalmente o número ultrapassa 125 milhões.
A doença ainda é cercada por mitos e desinformações que prejudicam o diagnóstico, atrasam o tratamento e alimentam o preconceito. Além dos sintomas físicos, a psoríase pode causar impacto emocional significativo, afetando a autoestima, as relações sociais e a qualidade de vida. O Dia Mundial da Psoríase, celebrado em 29 de outubro, é uma oportunidade para ampliar a conscientização e reforçar a importância do cuidado adequado.
O que é a psoríase e como ela se manifesta?
A psoríase é uma doença autoimune crônica que acelera o ciclo de renovação das células da pele, fazendo com que células mortas se acumulem na superfície, formando placas avermelhadas e escamosas que podem causar coceira, dor e desconforto. Embora a causa exata ainda não seja completamente compreendida, sabe-se que fatores genéticos e ambientais têm papel importante no desenvolvimento da doença.
Principais formas de manifestação:
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Psoríase em placas: placas vermelhas cobertas por escamas prateadas (forma mais comum)
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Psoríase gutata: pequenas lesões em forma de gota
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Psoríase inversa: acomete dobras da pele, como axilas e virilha
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Psoríase pustulosa: pústulas cheias de pus
Psoríase eritrodérmica: forma rara e grave, com grandes áreas de vermelhidão e descamação intensa
Como é feito o diagnóstico?
Segundo a dermatologista Elisabeth Lima, que atua com ênfase em doenças inflamatórias e autoimunes da pele, o diagnóstico da psoríase é clínico, ou seja, feito com base na avaliação visual e na história do paciente. “Em algumas situações específicas, quando há necessidade de diferenciar a doença de outras condições dermatológicas, pode ser indicada a realização de uma biópsia de pele”, explica.
A especialista acrescenta que o diagnóstico precoce é fundamental, pois a psoríase pode evoluir e estar associada a outras morbidades ao longo do tempo. “Quanto mais tempo o paciente permanece sem tratamento adequado, maiores são os riscos de desenvolver complicações e incapacidades — sejam elas psicológicas, vasculares, articulares, oculares ou intestinais. Identificar a doença precocemente permite controlar a inflamação e reduzir o risco de problemas mais graves, como doenças cardiovasculares e acidentes vasculares cerebrais, que são mais frequentes em pessoas com psoríase”, alerta.
Tratamento
De acordo com Elisabeth Lima, a psoríase tem tratamento e pode ser controlada. A escolha depende do tipo e da gravidade da doença, além das condições de saúde de cada paciente.
“O tratamento da psoríase depende da gravidade da doença e do impacto na qualidade de vida do paciente. Nos casos leves, são utilizados medicamentos tópicos, como cremes ou pomadas que reduzem inflamação e descamação. Para formas moderada a grave, o tratamento é sistêmico, podendo envolver medicamentos convencionais ou terapias biológicas. Os biológicos são medicamentos mais modernos que atuam diretamente no sistema imunológico, bloqueando moléculas que causam a inflamação da psoríase, oferecendo maior controle das lesões e melhora na qualidade de vida.”
Impacto na autoestima
Por ser uma doença com lesões visíveis, a psoríase pode comprometer o psicológico e a autoestima do paciente. Segundo a dermatologista, “alguns lidam bem emocionalmente, mesmo com áreas extensas de lesões, enquanto outros, mesmo com pequenas áreas afetadas, como as unhas, podem se sentir profundamente impactados. É algo muito individual. Cabe ao médico compreender esse impacto emocional, acolher o paciente e oferecer o direcionamento necessário para aliviar o sofrimento e buscar a melhor forma de controle da doença”, esclarece.
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Preconceito e desinformação
Embora o preconceito relacionado à psoríase tenha diminuído nos últimos anos, ainda existem mitos e desinformações, como a falsa ideia de que a doença é contagiosa. “Além disso, muitos pacientes se sentem constrangidos ou estigmatizados por suas lesões. Campanhas de conscientização e datas como o Dia Mundial da Psoríase são fundamentais para ampliar o conhecimento da população, combater o estigma e promover empatia com quem convive com a doença, finaliza Elisabeth Lima.
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