Morte súbita em academias: quais são os motivos por trás das ocorrências?
Perda de consciência imediata pode levar ao óbito em poucos segundos; cardiologista explica como prevenir e aponta o papel das academias em casos de emergência
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Nos últimos meses, mortes súbitas durante a prática de exercícios físicos têm sido notificadas com maior frequência. E houve um aumento desse acidente entre pessoas jovens e aparentemente saudáveis.
Um desses episódios ocorreu em Fortaleza na última segunda-feira (13/10), quando um homem de 44 anos faleceu enquanto se exercitava em uma academia. Situações como essa acendem alerta para os cuidados com o coração.
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Afinal, o que é morte súbita?
Segundo o cardiologista Augusto Vilela, diretor técnico do Instituto do Coração, a morte súbita é uma parada cardíaca inesperada. Geralmente, é causada por uma arritmia fatal, como fibrilação ventricular, impedindo o coração de bombear sangue adequadamente.
“Em questão de segundos, a pessoa perde a consciência e, se não houver socorro imediato com desfibrilador e massagem cardíaca, o óbito ocorre em poucos minutos.”
Por que isso ocorre?
De acordo com o médico, o aumento de casos pode ser explicado por uma combinação de fatores:
- Sedentarismo prévio e início abrupto de treinos intensos sem avaliação médica
- Uso indiscriminado de anabolizantes, termogênicos e pré-treinos, que sobrecarregam o coração
- Doenças cardíacas silenciosas, como miocardiopatias, arritmias hereditárias e doença coronariana precoce
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A importância da avaliação cardiológica
Antes de iniciar ou retomar atividades físicas, especialmente após os 35 anos, é essencial realizar uma avaliação cardiológica completa. O especialista recomenda:
- Eletrocardiograma
- Teste ergométrico ou ergoespirometria
- Ecocardiograma
- Avaliação clínica detalhada de fatores de risco (pressão, colesterol, histórico familiar, uso de substâncias)
“Essa avaliação permite identificar alterações silenciosas que podem ser fatais sob esforço físico intenso”, pontua Augusto.
O papel das academias
O médico destaca que as academias devem estar preparadas para agir rapidamente em casos de emergência.
- Ter um desfibrilador externo automático (DEA) disponível no local
- Treinar os instrutores e funcionários para reconhecer e agir diante de uma parada cardíaca
- Estabelecer protocolos de emergência, com ligação imediata ao SAMU e início da reanimação
Essas medidas multiplicam as chances de sobrevivência, pois o tempo é o fator decisivo. “Cada minuto sem reanimação reduz em 10% a chance de vida”, alerta.
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Cuide-se
O exercício é fundamental para a saúde, mas deve ser seguro e orientado, como comenta Augusto: “Assim como fazemos revisão em um carro antes de viajar, o coração também precisa ser ‘revisado’ antes de grandes esforços.”
“A prevenção salva vidas. A avaliação cardiológica deve ser vista como parte do treino, não como um obstáculo”, reforça o especialista.
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