SAÚDE MASCULINA

Internações por fimose aumentam mais de 80% em 10 anos, alerta SBU

Campanha #VemProUro reforça importância do diagnóstico precoce na infância para evitar complicações na adolescência

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A Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) lança este mês a 8ª edição da campanha #VemProUro, voltada à conscientização sobre a saúde masculina na adolescência. A iniciativa chama a atenção para o aumento expressivo das internações ligadas à fimose e reforça a necessidade de que o problema seja resolvido ainda na infância.

O mais recente levantamento feito pela entidade, no Sistema de Informações Hospitalares do SUS, mostra que, entre 2015 e 2024, houve aumento de 81,58% nas internações por fimose, parafimose e prepúcio redundante na faixa etária de 10 a 19 anos. O número saltou de 10.677 internações em 2015 para 19.387 em 2024, totalizando 130.764 casos no período.

Na faixa dos 10 a 14 anos, a alta chegou a 87,7%. Já entre os adolescentes de 15 a 19 anos, o crescimento foi de 70%.

Segundo o urologista Roni de Carvalho Fernandes, diretor da Escola Superior de Urologia da SBU, a pandemia chegou a reduzir temporariamente os registros, mas, nos últimos três anos, os números voltaram a crescer de forma sustentada. “A fimose deve ser diagnosticada e tratada na infância, não postergada para a adolescência, pois isso evita complicações inerentes à puberdade e garante uma recuperação mais tranquila”, afirma.

Diferença entre meninos e meninas no cuidado com a saúde

A discrepância de gênero também preocupa especialistas. Dados do Ministério da Saúde (2022) mostram que meninas de 12 a 19 anos procuram atendimento médico 2,5 vezes mais que os meninos. Quando comparado o número de consultas ao ginecologista e ao urologista, a diferença é ainda mais acentuada: adolescentes do sexo feminino realizam 18 vezes mais consultas que os do sexo masculino.

“Enquanto os dados nos mostrarem que as meninas vão mais ao médico do que os meninos, seguiremos realizando a campanha #VemProUro. Não pode haver esse gap de acompanhamento médico na adolescência. O cuidado com a saúde deve ser um hábito desde cedo”, destaca Luiz Otavio Torres, presidente da SBU.

O que é fimose?

A fimose é caracterizada pela dificuldade de expor completamente a glande devido ao estreitamento da pele que recobre o pênis (prepúcio). Em muitos casos, até os 3 anos de idade, o problema pode se resolver espontaneamente. Após essa fase, no entanto, pode ser necessário tratamento com pomadas ou cirurgia, preferencialmente entre os 3 e 9 anos, antes da puberdade.

Se não tratada, a fimose pode causar infecções recorrentes e, a longo prazo, aumentar o risco de câncer de pênis. “Na adolescência, o procedimento cirúrgico tende a gerar mais complicações, como desconforto nas ereções espontâneas e recuperação mais demorada. Por isso, o ideal é que o diagnóstico e o tratamento sejam feitos ainda na infância”, explica Daniel Suslik Zylbersztejn, diretor do Departamento de Urologia do Adolescente da SBU.

Fimose, parafimose e prepúcio redundante: qual a diferença?

  • Fimose: pode ser primária (desde o nascimento) ou secundária (causada por infecções, inflamações ou traumas). Se não tratada, pode favorecer infecções, dor nas relações sexuais e maior risco de ISTs, como papilomavírus humano (HPV).
  • Parafimose: é uma urgência urológica em que o prepúcio retraído não retorna à posição normal, causando estrangulamento do pênis e risco de necrose.
  • Prepúcio redundante: excesso de pele sobre a glande, que não impede a retração, mas pode causar infecções se não houver higiene adequada.

Tratamento

O tratamento pode incluir pomadas com corticoides ou a cirurgia de postectomia (circuncisão). “A cirurgia pode ser feita em ambiente ambulatorial, dura cerca de uma hora e o paciente geralmente tem alta no mesmo dia. A cicatrização completa leva de 21 a 30 dias, com benefícios permanentes, como melhor higiene e menor risco de ISTs e câncer de pênis”, orienta Daniel Suslik.

A importância da consulta médica

A campanha também ressalta que, assim como as adolescentes iniciam acompanhamento ginecológico, os meninos devem procurar o urologista ou outro especialista desde cedo. Nesses atendimentos, além da fimose, podem ser discutidos temas como prevenção de ISTs, varicocele, torção testicular, início da vida sexual, vacinação contra HPV e diagnóstico precoce de tumores.

“Esses números não são apenas estatísticas. Representam meninos e famílias que poderiam ter evitado complicações com informação e acompanhamento adequados. A saúde do adolescente precisa estar no centro das prioridades da sociedade”, reforça Karin Jaeger Anzolch, diretora de comunicação e coordenadora das campanhas da SBU.


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