MEDULOBLASTOMA

Morte do filho do ex-goleiro Júlio Sérgio alerta para tumor cerebral

Casos como o de Enzo reforçam a necessidade de conscientização sobre os sintomas e os avanços na oncologia pediátrica

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Nesse domingo (27/7), morreu Enzo Bertagnoli, de 15 anos, filho do ex-goleiro do Santos e do Roma, Júlio Sérgio, devido a um tumor cerebral. Há cerca de 20 dias, Júlio havia emocionado as redes sociais ao postar um vídeo raspando a cabeça junto ao filho, que acabava de passar pela última sessão de radioterapia.

Após a confirmação da morte de Enzo, o Santos Futebol Clube prestou homenagem à família. Em nota, o clube declarou: "O Santos Futebol Clube lamenta profundamente o falecimento de Enzo Bertagnoli, filho do nosso inesquecível goleiro Julio Sergio, que honrou o Manto Sagrado entre os anos de 2002 e 2004. O querido Enzo nos deixou neste domingo, em decorrência de um câncer que vinha enfrentando. Muita força aos familiares e amigos do Enzo. Sintam-se abraçados neste momento tão difícil. A nação santista está com vocês!"

O tipo de tumor enfrentado por Enzo é chamado meduloblastoma, tipo tumor cerebral maligno mais comum na infância. A doença afeta cerca de 15 mil crianças no mundo a cada ano, segundo estimativas internacionais. Mesmo com chances de cura que podem chegar a 70% dos casos, o risco de recidiva ainda representa um grande desafio para pacientes, famílias e médicos.

O que é o meduloblastoma?

O meduloblastoma é um tumor agressivo que se desenvolve no cerebelo, região do cérebro responsável pelo equilíbrio e pela coordenação motora. Embora seja raro na população geral, é o câncer cerebral maligno mais comum na infância.

“Quando pensamos em tumores pediátricos, ele representa cerca de 20% dos casos, o que o torna particularmente relevante na oncologia infantil”, comenta o hematologista e oncologista pediátrico Cláudio Galvão de Castro Junior, conselheiro do Medulloblastoma Initiative (MBI), organização que financia pesquisas internacionais focadas no tratamento do meduloblastoma.

A maioria dos diagnósticos ocorre entre os 5 e 9 anos de idade, com uma leve predominância em meninos. Embora o meduloblastoma possa ocorrer em adultos, esses casos são muito menos frequentes. Isso mostra como o tumor está intimamente ligado ao desenvolvimento do sistema nervoso central na infância.

“É importante que pais e profissionais de saúde fiquem atentos a sinais como dor de cabeça matinal persistente, vômitos sem causa aparente, alterações no equilíbrio ou na visão, e, em bebês, aumento acelerado do perímetro da cabeça. Esses sintomas podem parecer inespecíficos no início, mas a detecção precoce faz toda a diferença no prognóstico”, comenta Cláudio.

 

Diagnóstico precoce: a chave para aumentar a sobrevida

Essa atenção aos primeiros sinais é essencial porque, quanto mais cedo o tumor é identificado, maiores são as chances de um tratamento eficaz com menos sequelas. Hoje sabemos que o meduloblastoma não é uma doença única. Ele pode ser classificado em quatro subgrupos moleculares — WNT, SHH, Grupo 3 e Grupo 4 — cada um com características genéticas distintas, respostas diferentes ao tratamento e, consequentemente, desfechos clínicos variados. Isso abriu caminho para abordagens terapêuticas mais precisas e menos tóxicas.

O tratamento atual envolve uma combinação de cirurgia, radioterapia e quimioterapia. E apesar dos resultados positivos em boa parte dos casos, especialmente em pacientes de risco padrão, os efeitos colaterais a longo prazo ainda são um desafio, como déficits cognitivos, alterações hormonais e perda auditiva.

“A medicina, contudo, está caminhando para tratamentos cada vez mais personalizados. Já existem estudos promissores com terapias direcionadas e imunoterapias em andamento, além de esforços para reduzir a dose de radiação em crianças de baixo risco, preservando o desenvolvimento neurológico. Esse é um passo fundamental para melhorar não só a sobrevida, mas também a qualidade de vida desses jovens pacientes”, diz o oncologista pediátrico.

Meduloblastoma: fatos e dados

O meduloblastoma é um tumor cerebral maligno primário que se origina no cerebelo. É classificado como um tumor embrionário do sistema nervoso central (SNC). Existem quatro subgrupos moleculares principais: WNT, SHH, Grupo 3 e Grupo 4, cada um com características genéticas e prognósticos distintos.

Epidemiologia

  • É o tumor cerebral maligno mais comum em crianças
  • Representa cerca de 20% de todos os tumores cerebrais pediátricos
  • Incidência média entre 5-9 anos de idade
  • Mais frequente em meninos do que em meninas (proporção aproximada de 1,5:1)
  • Pode ocorrer em adultos, mas é menos comum (menos de 1% dos tumores cerebrais em adultos)

Sintomas

  • Dor de cabeça, especialmente pela manhã
  • Náuseas e vômitos devido à pressão intracraniana elevada
  • Problemas de equilíbrio e coordenação
  • Visão dupla ou borrada
  • Irritabilidade e letargia
  • Em bebês: aumento do perímetro cefálico e fontanela abaulada

Diagnóstico

  • Ressonância magnética (RM) com contraste é o exame de imagem preferencial
  • Tomografia computadorizada (TC) para avaliação inicial
  • Exame do líquido cefalorraquidiano para detectar células tumorais
  • Biópsia para confirmação histológica e classificação molecular
  • Mielograma para verificar disseminação na medula espinhal

Tratamento

  • Abordagem multidisciplinar, que geralmente inclui cirurgia para ressecção máxima segura do tumor; radioterapia cranioespinhal (exceto em crianças muito pequenas) e quimioterapia (regimes baseados em cisplatina, ciclofosfamida, vincristina)
  • Tratamentos adaptados ao risco (standard vs. alto risco)
  • Terapias direcionadas em desenvolvimento para subtipos específicos

Sequelas a longo prazo

  • Déficits cognitivos, especialmente em crianças pequenas
  • Disfunção endócrina (crescimento, tireóide, puberdade)
  • Perda auditiva devido à quimioterapia com platina
  • Possibilidade de tumores secundários após radioterapia
  • Dificuldades neuropsicológicas e de aprendizagem

Pesquisas e avanços recentes

  • Terapias direcionadas baseadas em perfis moleculares
  • Estudos para redução da dose de radiação em pacientes de baixo risco
  • Imunoterapias em investigação para casos recorrentes

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