Entre as mulheres, o câncer de mama representa aproximadamente 60% das mortes relacionadas ao álcool -  (crédito: Freepik)

Entre as mulheres, o câncer de mama representa aproximadamente 60% das mortes relacionadas ao álcool

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Um recente estudo publicado no jornal The New York Times, dos Estados Unidos, revela que o consumo de álcool, presente em celebrações, momentos sociais e uso isolado domiciliar, está associado a um custo oculto alarmante: o aumento considerável do risco de câncer. O estudo demonstra que as bebidas alcoólicas contribuem para cerca de 100 mil novos casos de câncer e 20 mil mortes relacionadas à doença anualmente nos Estados Unidos ao ano.

 


Entre os tipos de câncer mais frequentes na relação “álcool e neoplasia” estão: mama (em mulheres); cólon e reto; esôfago; fígado; boca (cavidade oral); garganta (faringe) e laringe (corda vocal).


Desconhecimento Preocupante


De acordo com o PhD e MD mestre em oncologia Wesley Pereira Andrade, embora os efeitos nocivos do álcool sejam amplamente documentados, menos de 45% dos estadunidenses sabem que o álcool é um fator de risco para câncer. A falta de informação coloca milhões em risco, especialmente mulheres, já que o álcool é um fator causal para o câncer de mama, o tipo mais prevalente no país.


Segundo o médico, o álcool impacta o corpo por múltiplos caminhos biológicos:

1. Acetaldeído, um subproduto do metabolismo do álcool, danifica o DNA e impede sua reparação;
2. Radicais livres gerados durante o processo inflamatório promovem danos celulares;
3. Desequilíbrio hormonal, especialmente o aumento do estrogênio, está diretamente ligado ao câncer de mama;
4. Facilidade na absorção de outros carcinógenos, como os do tabaco, o que agrava ainda mais o risco.

 


“Quanto maior o consumo de álcool, maior o risco de desenvolver câncer. Para certos tipos como o de mama, boca e garganta, o risco começa a aumentar com o consumo de uma dose ou menos por dia. A relação entre álcool e câncer é proporcional e já começa mesmo com baixas doses, mesmo uma dose diária pode aumentar significativamente o risco. Mulheres que consomem dois drinks por dia enfrentam um aumento de 32% no risco de câncer de mama, enquanto os homens têm maior probabilidade de desenvolver câncer oral. Não existe dose segura, mesmo uma dose já aumenta o risco” afirma Wesley.


Entre as mulheres, o câncer de mama representa aproximadamente 60% das mortes relacionadas ao álcool. Já entre os homens, o câncer de fígado responde por cerca de 33% das mortes e o câncer colorretal contribui com 21% adicionais.


Câncer de mama e álcool


O estudo demonstra que o tipo de câncer mais relacionado ao álcool é o de mama em mulheres, com cerca de 44.180 casos em 2019, representando 16,4% dos 270.000 casos totais dessa doença nos EUA.


“As mulheres são mais vulneráveis que os homens para desenvolvimento de câncer relacionados ao álcool por caraterísticas biológicas e pelo álcool elevar a produção de estrógeno. O estrógeno é o principal combustível para o câncer de mama.” afirma o especialista.

 

 

Um estudo revelou que o risco de câncer de mama aumenta em 10% com uma dose diária e salta para 32% com duas doses. Isso se deve, em parte, à elevação dos níveis de estrogênio causada pelo álcool. Essa associação reforça a necessidade de maior atenção às políticas de saúde pública voltadas para o público feminino.


Medidas Recomendadas por Especialistas


Autoridades de saúde e pesquisadores sugerem medidas urgentes para combater os riscos associados ao álcool:

1. Rótulos Informativos - Atualizar embalagens com alertas explícitos sobre o risco de câncer;
2. Educação Pública - Campanhas massivas para ampliar o conhecimento sobre os perigos do álcool;
3. Redução do Limite Diário Recomendado - Reavaliar as diretrizes atuais que definem o consumo seguro;
4. Monitoramento Médico - Incluir avaliações de consumo de álcool como parte de exames de rotina e consultas médicas.


Políticas Globais


Países como Irlanda e Canadá já implementaram rótulos de advertência mais explícitos em bebidas alcoólicas. Esses países relataram um aumento significativo na conscientização pública sobre os riscos de câncer. Estudos mostram que tais abordagens podem reduzir o consumo e, consequentemente, diminuir os casos relacionados.

 


Além dos danos físicos, o impacto econômico do álcool é preocupante. Estimativas apontam que o tratamento de cânceres relacionados ao álcool custa bilhões de dólares anualmente. Para muitos especialistas, campanhas preventivas e políticas de redução de consumo podem não apenas salvar vidas, mas também reduzir gastos em sistemas de saúde já sobrecarregados.


“O álcool, muitas vezes visto como inofensivo em pequenas quantidades, carrega um peso significativo para a saúde pública. Com evidências cada vez mais robustas, torna-se imperativo transformar conhecimento em ação. Informar, prevenir e reduzir o consumo de álcool pode salvar milhares de vidas.”, diz o mastologista e oncologista.

 

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