A região da barba conta com glândulas sebáceas, que ajudam a formar um manto lipídico, uma camada de gordura natural que protege a pele e mantêm o equilíbrio da flora bacteriana -  (crédito: Pixabay)

A região da barba conta com glândulas sebáceas, que ajudam a formar um manto lipídico, uma camada de gordura natural que protege a pele e mantêm o equilíbrio da flora bacteriana

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O Dia Mundial da Barba acontece no primeiro sábado do mês de setembro. Neste ano, coincide com a Independência do Brasil, 7/9. Ninguém sabe ao certo onde e quando a data teve origem, mas muitos acreditam que os vikings se dedicavam à glorificação de suas barbas por volta do ano 800 d.C. Atualmente, a barba masculina é parte de um estilo pessoal e requer cuidados tão específicos que linhas de cosméticos já são dedicadas a tal tratamento. A cada esquina surge uma nova barbearia, sempre estilosa, para atender clientes que gostam de manter o corte, coloração e os cuidados dos fios em dia. A profissão de barbeiro, que andava “no fio da navalha”, ganhou popularidade e status.

 

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O dermatologista do Vera Cruz Hospital, em Campinas (SP), Theodoro Habermann Neto, explica que a barba tem até uma função de saúde para os homens. A região conta com glândulas sebáceas, que ajudam a formar um manto lipídico, uma camada de gordura natural que protege a pele e mantêm o equilíbrio da flora bacteriana.

 

“Serve como barreira, protegendo o rosto contra os raios ultravioleta A e B, poluição e poeira. Ou seja, é um filtro, uma proteção, do ponto de vista de saúde. Também ajuda a manter a temperatura do rosto, impede que ares quentes ou frios atinjam diretamente a pele e auxilia na hidratação natural da pele, evitando que ela fique muito seca”, pontua.

 



 

Segundo o especialista, a barba é um conjunto de pelos que, normalmente, cresce no rosto dos homens adultos, variando de pessoa para pessoa, de fatores fisiológicos e hormonais. De modo geral, dá os primeiros sinais na adolescência, bem como os pelos no resto do corpo, devido aos hormônios chamados andrógenos e testosterona. “Normalmente, o pelo facial é mais grosso, por exemplo, que o fio de cabelo e pode aparecer em várias áreas do rosto, compreendendo toda a região, inclusive pescoço, mandíbula, queixo, em volta dos lábios e bochecha”, explica.

 

Contraindicada

Segundo uma pesquisa internacional realizada pela All Things Hair, em parceria com o Opinion Box, 88% dos homens utilizam algum tipo de barba. Porém, em alguns casos, Theodoro explica que é mais saudável evitá-la. “Não existe nenhuma contraindicação, a não ser que a pessoa tenha coceira, dermatite seborreica ou caspa na região da barba. Em alguns casos, pode haver foliculite, uma inflamação do folículo piloso da superfície da pele, causando vermelhidão e desconforto. Nestes casos, a barba pode se tornar um perigo para a saúde e para a higiene e, portanto, é melhor evitar”, aconselha.

 

Dicas úteis

O dermatologista explica que a ação de barbear retira a proteção natural da pele, por isso não se deve fazê-lo todos os dias. “Pode deixar realmente a pele muito seca e suscetível a pelos encravados ou irritações. O segredo do bom barbear é a preparação da pele com esfoliação e emoliência, para deixar o pelo mais flexível e prevenir problemas como vermelhidão, sensibilidade e irritações”.

 

O melhor momento para a remoção da barba é após o banho, pois o vapor ajuda a dilatar os poros e torna os pelos mais flexíveis, facilitando o barbear. “Também é recomendável movimentar a lâmina no sentido em que o pelo cresce, o que evita a contaminação e os ferimentos. Ao terminar de barbear, não esfregue a pele. O ideal é secar levemente e sempre hidratar para que se forme uma camada protetora”, indica o profissional.

 

Outra dica importante é deixar a barba por fazer, quando possível, por alguns dias. “Dá um descanso para a pele, especialmente para peles mais sensíveis, vulneráveis no barbear, causando irritação. A lâmina deve ser individual, nunca compartilhada, para evitar o risco de infecções”, alerta.

 

Fungos e bactérias

Quem deseja manter o visual com barba, precisa seguir à risca os cuidados. “Na barba pode haver a proliferação de bactérias, vírus e fungos, desencadeada por uma foliculite. O hábito de colocar pets junto ao rosto também pode ser um problema, que já esses bichinhos também podem apresentar fungos e bactérias no pelo, transmitindo-os para a barba e até outras partes do corpo, causando uma micose profunda que requer o uso de medicações potentes”, diz.

 

Dermatite seborreica

O clima seco desta época do ano, favorece a dermatite seborreica, deixando a região avermelhada e com descamações, que também podem acometer o bigode, a sobrancelha e a área próxima ao nariz. Para tratar, o dermatologista indica xampus, cremes e medicações específicas, recomendadas por um profissional, que ajudam a aliviar os sintomas. Ele lembra que fatores emocionais também podem desencadear esses problemas, bem como situações de frio e calor extremos.

 

Para evitar os problemas, a recomendação é não abrir mão da higiene e, claro, da vaidade. “Hoje temos muitos produtos no mercado: xampus que hidratam, condicionadores que ajudam a evitar o ressecamento e a coceira, e óleos naturais também hidratantes. Há, ainda, tratamentos dermatológicos modernos que podem ser recomendados por profissionais habilitados pela Sociedade Brasileira de Dermatologia. Enfim, é possível ter uma barba bem tratada e saudável para todos os homens que desejam mantê-las”, diz.

 

História

Na antiguidade, a barba era símbolo de status, masculinidade, sabedoria, poder e, em alguns casos, tinha relação com a religião. Na Grécia antiga, muitas vezes, a barba era um símbolo de virilidade. Já no Egito antigo, os faraós costumavam utilizar barbas postiças, muitas vezes, porque remetiam a ideia de divindade; algumas delas eram feitas de ouro. Na cultura judaica, a barba remete à divindade, simboliza o respeito a Deus e diversas histórias bíblicas relatam a raspagem da barba como pagamento de uma promessa ou um ato de humilhação. Até os dias de hoje, os judeus ortodoxos mantêm a barba longa por essa razão.

 

Cultura ocidental

Na cultura ocidental, o uso da barba sempre foi muito variável, com períodos em que era tida como símbolo de status e respeito, o que ainda persiste em alguns países. Na década de 1920, por exemplo, a moda era o rosto liso somente com os bigodes. Com o tempo, a liberdade de expressão ganhou mais espaço e, atualmente, a barba é uma escolha pessoal, que representa o estilo de cada um, sendo mais ou menos cheia e com formatos diversos, até um incentivo à cultura pop.