Imposto: nas redes sociais, base de Lula e da oposição empatam em interações

Levantamento feito a partir da derrubada do decreto do governo mostra que congressistas aliados do Planalto obtiveram praticamente o mesmo resultado que parlamentares da oposição nas plataformas digitais

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Mesmo derrotado no Congresso na tentativa de manter o aumento do IOF, o governo conseguiu equilibrar a disputa nas redes sociais. Levantamento feito pela consultoria Bites mostra que, nos dias seguintes à derrubada do decreto, as postagens dos congressistas da base e da oposição geraram praticamente o mesmo volume de interações, mais de 1,3 milhão para cada lado

Segundo a verificação, feita a pedido do PlatôBR, o tema do IOF somou mais de 629 mil menções e 6 milhões de interações nas redes sociais (X, perfis e hashtags selecionados do Instagram, contas abertas no Facebook, Reddit, notícias, blogs e fóruns) entre os dias 25 e 30 de junho. O volume se manteve alto ao longo da semana, com mais de 60 mil menções diárias, o que não é comum em debates de natureza tributária.

Câmara e Senado
O levantamento baseia-se nos números totais de postagens (sobre IOF) de todos os parlamentares. O assunto foi impulsionado tanto pelo governo quanto pela oposição. Entre os deputados federais, o tema gerou 2,3 milhões de interações a partir de 1.120 posts. Os representantes da esquerda (PT, PSOL, Rede, PV) foram responsáveis por 513 publicações, que somaram 1,23 milhão de interações.

A oposição publicou 491 vezes, com 1,05 milhão de interações. Ou seja: a base do governo não só produziu mais conteúdo, como também obteve maior engajamento.

Entre os nomes mais ativos da base aliada estiveram os deputados Guilherme Boulos (PSol-SP), Henrique Vieira (PSol-RJ) e Lindbergh Farias (PT-RJ).

Com os senadores, a vantagem foi dos adversários do Planalto: 133 publicações sobre o tema resultaram em 399 mil interações, com destaque para a oposição, responsável por 88 posts (72%) e 289 mil interações. A base governista acumulou 33 postagens (28%) e 106,4 mil interações.

No total de interações, houve praticamente um empate: a oposição conseguiu 1.339.000 interações, enquanto o governo atingiu 1.336.400

Disputa digital, discurso político
Apesar da derrota no Congresso, a movimentação nas redes pode ser considerada como uma boa notícia para o governo no campo simbólico. A esquerda conseguiu disputar narrativas e defender uma medida com coesão e agilidade, algo incomum nesta gestão, marcada pela dificuldade de comunicação clara e coordenada.

Analistas que acompanharam o desempenho apontam que o discurso de “taxar os ricos” pode ter sido, pela primeira vez, bem testado e assimilado nas redes. A estratégia mobilizou militância, influenciadores e parlamentares de forma organizada. Ainda assim, a avaliação é de que o efeito pode ser passageiro: o governo raramente consegue manter esse tipo de coesão narrativa ao longo do tempo.

Desde o dia da votação, tanto oposição quanto base aliada perderam força nas redes. No caso da esquerda, o pico foi no próprio dia 25, com 238 publicações e 502 mil interações. No dia seguinte, os números já caíram pela metade, e o volume seguiu em queda até o fim de junho.

Mesmo assim, a atuação digital em torno do IOF foi considerada um ponto fora da curva. Para especialistas, se o governo tivesse adotado esse discurso desde o início do mandato, os resultados políticos poderiam ser diferentes. A dúvida agora é se a linha de “justiça fiscal” vai virar uma diretriz permanente ou se terá sido apenas um episódio isolado de sintonia entre comunicação e estratégia política.

Metodologia
Para o levantamento, foram considerados deputados de oposição aqueles que votaram contra o governo em pelo menos 25% das votações de 2024 ou assinaram/apoiaram o projeto de anistia dos envolvidos no 8 de Janeiro. Deputados de partidos como MDB, PSD, PP, União Brasil e Republicanos, que ocupam cargos no governo e costumam votar com o Planalto, não entraram na conta como oposição, mesmo integrando o Centrão.

O número total de postagens não bate com a soma entre os grupos de esquerda e de oposição porque muitos deputados não têm posição clara ou engajamento digital relevante — e, por isso, tiveram baixa ou nenhuma repercussão nas redes sociais.

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