ENTREVISTA EXCLUSIVA

Senado ou governo de Minas? Marília Campos responde em entrevista exclusiva

A prefeita de Contagem, na Grande BH, também critica o atual traçado do Rodoanel, apesar de ser favorável à obra

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A prefeita de Contagem, Marília Campos (PT), foi a convidada do EM Minas, programa da TV Alterosa / SBT em parceria com o Estado de Minas e o Portal Uai, desta semana. Apontada como possível nome para representar o presidente Lula (PT) na disputa pelo governo de Minas Gerais, descartou a possibilidade de entrar no páreo do Executivo estadual. Por outro lado, vê com bons olhos uma candidatura a outro cargo majoritário nas eleições de 2026: o Senado Federal.

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Em seu quarto mandato à frente da cidade da Grande BH, todos pelo PT, Marília ressaltou administrar o município com foco na otimização da gestão orçamentária. “Eu me preocupo também em só gastar o que a gente tem. A despesa está de acordo com a receita. A gente tem essa preocupação e tem administrado a cidade dessa forma”, disse.

A petista também voltou a criticar o atual traçado do Rodoanel, apesar de se posicionar favoravelmente à obra. Defendeu seus investimentos em saúde e educação e falou que trabalha para emancipar Contagem. “É uma cidade que era muito dependente de Belo Horizonte. Se precisasse estudar, a universidade era em Belo Horizonte. Até cinema, Contagem não tinha. O lazer, os serviços de mais qualidade, são em Belo Horizonte. Nós estamos fazendo com que Contagem se emancipe”.

Governo de Minas ou Senado? O que a senhora pensa no momento?

É uma escolha que a gente tem que pensar bastante para fazer. Eu gosto muito de desafios. Estou muito bem em Contagem (Grande BH). A cidade está indo bem na nossa gestão, com grande aprovação popular. Eu diria o seguinte: governo do estado eu não quero, nem vice-governo, porque é uma experiência muito de Executivo, e eu já sou uma prefeita de quatro mandatos. Só aceitaria disputar algo que fosse novo, desafiante para mim. O Senado, com o meu nome despontando em primeiro lugar (nas pesquisas), eu prometo pensar com mais carinho. Mas, eu quero decidir isso lá para janeiro. Tem tempo ainda.

Sobre o Rodoanel, esse traçado proposto estaria prejudicando, de fato, Contagem?

Quero deixar muito claro que a posição da prefeitura é favorável ao Rodoanel. Nós queremos uma solução, mas não podemos impor o sacrifício para Contagem por meio de um traçado que prejudica muito a cidade, porque ele não contorna a cidade de Contagem, mas passa dentro da cidade, especialmente em uma região que é área de preservação ambiental. Tem um impacto urbanístico que divide a cidade, que já é dividida pela 381, pela Via Expressa, pela 040 e vai ser dividida mais uma vez pelo Rodoanel. É na Vargem das Flores, uma região que não está muito adensada. Levar um sistema viário para cortar essa bacia, que é uma área de recarga para o espelho d'água, pode trazer um prejuízo futuro e, inclusive, comprometer o abastecimento de água. Eu não vou ser prefeita daqui a 10 anos. Mas, a gente não quer esse problema.

A senhora posta nas redes sociais o resultado dos meses, uma prestação de contas. O que tem feito para economizar e fazer essa gestão mais otimizada financeiramente em Contagem?

A gente procurou profissionalizar a gestão. Agora, por exemplo, estou com uma experiência inovadora que é fazer recrutamento amplo para cargos comissionados, aqueles que exigem uma qualificação maior. Estamos procurando pessoas no mercado que possam nos ajudar a fazer a gestão. Eu me preocupo também em só gastar o que a gente tem. A despesa está de acordo com a receita. A gente tem essa preocupação e tem administrado a cidade dessa forma.

Uma das preocupações que há em Contagem é com o meio ambiente. Tem um programa que está fazendo plantios de florestas de bolso, é isso?

Eu prefiro falar bosque. Os meninos inventaram a floresta de bolso, que é aproveitar pequenos espaços na cidade e plantar uma quantidade de árvores mais condensadas. Eu falei: ‘Vamos fazer pequenos bosques’. Então, a gente agora fez uma licitação. Não é mais compensação ambiental, é recurso do Tesouro. Vamos plantar, neste período de chuvas, 3,7 mil mudas de árvores. Participei de uma atividade em frente a uma escola, e a gente convidou as crianças, que receberam uma aula sobre a importância dos pequenos bosques. Elas, inclusive, vão dar o nome do bosque. Você acaba envolvendo a cidade para construir uma Contagem mais agradável, mais sustentável.

Sobre a adesão ao Programa Nacional de Gestão e Inovação do Governo Federal (PNGI), o que isso muda para o morador de Contagem?

Estive em Niterói para celebrar o convênio com o Ministério da Ciência e Tecnologia. Eles têm vários programas e vão repassar para o município a custo zero. Isso vai aumentar ainda mais as políticas de modernização que a gente está implementando na cidade de Contagem. Resumidamente, a gente vai fazer mais e melhor com custo menor. Investimento em tecnologia e inovação. Qualificar melhor o gasto, porque às vezes a gente gasta muito e gasta mal. É continuar gastando naquilo que a população precisa, qualificando esse gasto para que o número de beneficiários seja cada vez maior.

Contagem é um polo industrial. O que torna a cidade atraente não só para as indústrias, como para outras empresas também?

Contagem é atraente porque é uma cidade perto de Belo Horizonte, 15 km. Isso é muito importante para ter acesso a universidade, mão-de-obra qualificada, tudo que a capital oferece para uma empresa que está próxima. Em segundo lugar, o sistema viário de Contagem. Nós temos uma cidade beneficiada pela Via Expressa, pela 040 e pela 381. Com as obras de infraestrutura que estamos fazendo para ter um trânsito melhor. Nós estamos, por exemplo, fazendo uma obra que é a Avenida Maracanã – ou Avenida Prefeito Newton Cardoso –, que inaugurou a primeira etapa dela agora, e dá acesso à 040, então é muito importante para melhorar a infraestrutura.

Quando essa avenida ficará pronta?

No segundo semestre do ano que vem começa a funcionar o sistema integrado de mobilidade, com investimento nas vias. A gente asfaltou 320 km de vias em Contagem. E vamos continuar com esse programa, o asfalto novo. A gente ampliou viadutos, estamos fazendo quatro terminais – dois já estão prontos. Os terminais são muito importantes para integrar o sistema de transporte coletivo, porque 70% do transporte coletivo é metropolitano, 30% é a gestão municipal. Então, a gente fez estações e terminais para integrar o sistema de transporte. São 10 estações, quatro terminais e todo o investimento na malha viária do município. Além disso, a expansão do metrô, que ganhou duas novas estações – uma na Cidade Industrial e outra no Novo Eldorado. Agora, no governo Lula, nós conseguimos mais 1 bilhão de investimento para que o metrô possa ampliar mais duas estações – uma no Parque São João e outra no Via Beatriz. Tudo isso vai ser muito importante.

A senhora está no quarto mandato à frente de Contagem. O que destacaria como um principal ponto positivo dentro desse último período de gestão?

Vou dizer um sentido estratégico. É uma cidade que era muito dependente de Belo Horizonte. Se precisasse estudar, a universidade era em Belo Horizonte. Até cinema, Contagem não tinha. O lazer, os serviços de mais qualidade, são em Belo Horizonte. Nós estamos fazendo com que Contagem se emancipe. Além de ser uma cidade que a gente mora e trabalha, queremos ter tudo de bom dentro dela: o lazer, a educação, a saúde… Agora vamos ter uma grande conquista que vai ser implementada na saúde, no SUS. Uma pessoa de Contagem, para fazer um cateterismo ou cirurgia cardíaca, tinha que ir a Belo Horizonte. Agora, em uma negociação com o governo Lula e o governo do estado, vamos implementar essa assistência da alta complexidade em hemodinâmica, que é o atendimento cardíaco em Contagem.

Contagem está entre as cidades com maior índice de alfabetização de crianças. Como se construiu esse marco?

Estamos fazendo um grande investimento em educação, mas descobrimos no ano passado que Contagem tinha mais de 2 mil crianças que não estavam sabendo ler e escrever. Então, a gente redirecionou nosso trabalho. Agora, iniciamos um programa que a gente chama de Pipa. Além de ter o projeto pedagógico, do investimento tecnológico que fizemos na cidade, estamos com aquele velho programa que sempre fez parte das nossas gerações, que é o reforço escolar. Aproveito para anunciar que conquistamos, com o governo Lula, o Instituto Federal em Contagem. Temos o Cefet, que tem ensino técnico, médio e também universitário, e vamos ter agora o Instituto Federal para ensino médio integral no município de Contagem.

Existe algum investimento previsto para a saúde para o próximo ano?

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Nós estamos com duas UPAs sendo construídas. Uma na região do Nacional, que vai ser inaugurada logo no início do ano, e uma na região do Petrolândia. Também estamos reformando todas as UPAs para garantir o melhor atendimento e melhores condições de trabalho. O próprio complexo hospitalar aumentou em mais de 50 leitos para garantir a ampliação do atendimento. Está tudo sendo reformado, só que não pode suspender as atividades. Tem que ir reformando e funcionando. É o que está acontecendo nas UPAs atuais e no próprio complexo hospitalar.

Qual o desafio de gerir essa cidade e ao mesmo tempo acompanhar a sua mãe, Dona Sílvia, que está internada?

A gente não vive só a política. A gente vive a casa da gente, eu sou a pessoa que cozinha, que cuida da casa, do meu filho. Tenho uma neta, a minha mãe e meu marido também. Sinto um prazer enorme em fazer política, se eu conseguir compatibilizar a minha vida pessoal com a minha gestão. Eu não consigo fazer só a gestão da política, só me dedicar à política. Aliás, eu só arranjo energia para atuar na política se conseguir viver plenamente a minha vida pessoal. Eu jamais daria conta de estar na política se não pudesse cuidar da minha mãe, que foi sempre quem cuidou de mim. Ela está há 35 dias internada no hospital, e eu me dedico a estar na prefeitura. Levo o computador para o hospital, eles arrumaram uma salinha para mim, e aquilo que eu posso fazer virtualmente, eu faço. Aquilo que eu não posso, eu me desdobro e vou lá para atuar. Não deixo de trabalhar. É mais pesado, é mais uma agenda, mas eu arranjo energias para atuar na política porque eu consigo viver a minha vida pessoal.

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