VIOLÊNCIA

Um país marcado por confrontos e massacres

Em pouco mais de um século, o Brasil foi palco de muitos episódios em que o Estado respondeu à violência com mais violência, resultando em várias mortes

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A operação policial da última terça-feira, no Rio de Janeiro, que deixou mais de 120 mortos no dia 28 de outubro de 2025, reacende um debate doloroso e recorrente no Brasil. O episódio – o mais letal da história do estado – traz à memória outros momentos trágicos em que o Estado respondeu à violência com mais violência. De Canudos a Jacarezinho, passando por Carandiru e Vigário Geral, o país parece repetir, sob novas formas, uma mesma lógica de enfrentamento que transforma o território nacional em palco de guerras internas.

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Canudos

Os massacres brasileiros têm raízes profundas. Muito antes das polícias modernas, o país já lidava com respostas desproporcionais a conflitos sociais. No fim do século 19, a Guerra de Canudos (1896–1897) marcou um dos primeiros grandes extermínios da República. As tropas federais foram enviadas ao sertão da Bahia para destruir o arraial fundado por seguidores de Antônio Conselheiro. O resultado foi devastador: estima-se que mais de 20 mil pessoas tenham sido mortas, entre sertanejos, mulheres e crianças. O episódio consolidou um padrão que se repetiria no século seguinte – a eliminação física dos considerados “inimigos internos”.

Carandiru


Em outubro de 1992, uma rebelião na Casa de Detenção de São Paulo terminou com 111 presos mortos após a intervenção da Polícia Militar. O Massacre do Carandiru chocou o mundo e virou símbolo da brutalidade estatal no sistema prisional. A operação durou poucas horas, mas foi suficiente para transformar uma rebelião controlável em uma carnificina. Nenhum policial morreu. O caso gerou livros, filmes e um debate jurídico que se estendeu por décadas, mas poucas condenações definitivas chegaram a ser cumpridas.

Vigário Geral: a retaliação


Menos de um ano depois do massacre do Carandiru, em agosto de 1993, o Rio de Janeiro voltou a ser palco da violência institucional. Na Chacina de Vigário Geral, policiais militares invadiram uma comunidade da Zona Norte e assassinaram 21 moradores em retaliação à morte de quatro colegas. A maioria das vítimas foi executada em casa ou em um bar. O episódio expôs a cultura de vingança dentro das corporações e um padrão de impunidade que ainda resiste.

Candelária, Eldorado dos Carajás e o sangue de civis


O mesmo ano de 1993 seria marcado por outro horror: a Chacina da Candelária, em que oito jovens em situação de rua foram mortos enquanto dormiam perto da igreja, no centro do Rio. Os autores também eram policiais. Três anos depois, em Eldorado dos Carajás, no Pará, 19 trabalhadores rurais sem-terra foram executados pela Polícia Militar durante uma desocupação. O caso simbolizou o conflito agrário no país e colocou o Brasil no centro das denúncias internacionais de violações de direitos humanos.

Do Alemão ao Jacarezinho: o mesmo enredo


Já no século 21, as operações em favelas continuaram a reproduzir o mesmo padrão: incursões de guerra em territórios pobres, com resultados desastrosos. Em 2010, no Complexo do Alemão, uma megaoperação envolvendo tanques e centenas de policiais resultou em dezenas de mortos. Em 2021, a chacina do Jacarezinho se tornou a mais letal do Rio até então: 28 pessoas morreram (incluindo um policial), quase todas civis, durante uma ação da Polícia Civil sob o argumento de combater o tráfico. Em 2023, no Guarujá (SP), uma operação da PM após o assassinato de um policial terminou com 28 mortos em poucos dias — um episódio que o Ministério Público classificou como “caçada humana”.

Varginha

O dia 31 de outubro de 2021 ficou marcado por uma das ações policiais mais letais da história recente de Minas Gerais. Na ocasião, 26 suspeitos foram mortos durante uma operação conjunta da Polícia Militar e da Polícia Rodoviária Federal, que interceptou um grupo apontado como integrante de uma quadrilha especializada em ataques a bancos – o chamado “novo cangaço”. Segundo a versão oficial, os criminosos planejavam assaltar instituições financeiras na região, e o confronto teria ocorrido após resistência armada. Nenhum policial ficou ferido, o que levantou suspeitas de execução e uso desproporcional da força. O caso é alvo de investigações do Ministério Público e de organizações de direitos humanos que pedem transparência sobre as circunstâncias das mortes.


* Uma ferramenta de IA foi usada para auxiliar na produção desta reportagem, sob supervisão editorial humana.

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