FRAUDES

Operação da PF respinga no meio político de Minas

Além de atingir em cheio o primeiro escalão da área ambiental do governo Zema, investigação tem como alvo nomes ligados a deputados e vereadores no estado

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A Operação Rejeito, deflagrada nesta quarta-feira (17/9) pela Polícia Federal, que apura a existência de uma organização criminosa responsável por fraudes em licenciamentos para mineração em Minas Gerais, atingiu o alto escalão do meio ambiente do governo Romeu Zema (Novo) e também respingou na classe política não só no estado, mas também em figuras nacionais como o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Um dos principais investigados, apontado pela Polícia Federal (PF) como o lobista político do suposto esquema, é aliado do deputado federal Nikolas Ferreira (PL) e também de vereadores do PL da capital mineira. Gilberto Henrique Horta de Carvalho, 38 anos, preso preventivamente pela operação, teve como cabo eleitoral para sua campanha para a presidência do Conselho Regional de Engenharia, Agronomia e Geociências de Minas Gerais (Crea-MG), em 2023, o apoio de Nikolas e também de Bolsonaro. Ele, no entanto, foi derrotado. Uma de suas pautas de campanha, era combater o excesso de multas aplicadas aos profissionais por irregularidades em obras. Geógrafo por formação, Carvalho também foi assessor da ex-coronel Cláudia Romualdo (PL) na campanha pela Prefeitura de Belo Horizonte, no ano passado. Ela disputou o cargo de vice-prefeita na chapa encabeçada pelo deputado estadual Bruno Engler (PL), derrotado no segundo turno da disputa eleitoral.

Carvalho era, até pouco tempo, assessor do vereador de Belo Horizonte, Uner Augusto (PL), mas foi exonerado no começo deste mês, depois de sete meses de trabalho no Parlamento municipal. Em suas redes sociais, há muitas fotos dele em viagens de passeio e reuniões com outros bolsonaristas de destaque na política da capital, como os vereadores Pablo Almeida (PL), ex-assessor de Nikolas, e Willi (PL), ex-assessor de Engler.

Carvalho é citado no despacho judicial como “um grande articulador da ORCRIM (organização criminosa) junto aos órgãos ambientais e administração pública de forma a alcançar os objetivos criminosos, tendo atuado principalmente junto à SEMAD/MG (Secretaria de Estado do Meio Ambiente de Minas Gerais) e Assembleia Legislativa do Estado de MG”.

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Ex-deputado

Também foi preso pela operação o advogado e ex-deputado estadual João Alberto Lages, acusado de ser, junto com Carvalho, outro articulador político e institucional da organização, intermediando contatos com o poder público e participando da elaboração de contratos fraudulentos. Em um dos trechos do despacho, Lages é apontado como “articulador interinstitucional de Carvalho, tendo em vista sua comprovada influência e efetiva articulação com Marília Carvalho”, secretária de Meio Ambiente do governo Zema. A titular da pasta foi quem assinou ontem os despachos afastando servidores e abrindo investigações.

Lages foi deputado entre 2015 e 2016 pelo PMDB, hoje MDB. Ele disputou a eleição em 2014, mas não conseguiu se eleger. No entanto, acabou assumindo o cargo por ser suplente da coligação. Antes de ser deputado, entre 2004 e 2006, Lages foi secretário adjunto da Secretaria de Desenvolvimento Regional e Política Urbana do governo Aécio Neves (2003/2010). Em 2007, ele foi diretor-presidente da Centrais Mineiras de Abastecimento (Ceasa) e entre 2008 a 2013, comandou a Associação Brasileira das Centrais de Abastecimento (Abracen).

De acordo com a operação, as investigações apontam a existência de corrupção sistêmica nos órgãos ambientais responsáveis pelo licenciamento de atividades que impactam o meio ambiente. “As investigações apontam para a ação conjunta e contínua dos investigados voltada à constituição de inúmeras empresas de fachada e estratagemas diversos envolvendo os novos projetos minerários, como a corrupção de agentes públicos, articulação política para alteração de atos normativos e deliberações de órgãos públicos, agendamento de encontros, redação e elaboração dos próprios atos administrativos fraudulentos no interesse das empresas do grupo e o ajuste de pagamento de propinas”. O despacho judicial, datado de 11 de setembro, determina que seja dada ciência da operação ao governo de Minas, à Semad e à ALMG.

Outro lado

O governo Zema não comentou as relações da secretária com um dos presos. O vereador Uner Augusto disse que Gilberto foi contratado para prestar consultoria ambiental sobre questões de saneamento na capital e também despoluição da Lagoa da Pampulha. “É importante ressaltar que não existe qualquer relação entre as investigações em curso entre os trabalhos de curto período que Gilberto Henrique Horta de Carvalho desenvolveu para o gabinete”, disse o vereador em nota enviada à reportagem. Ele também se disse “surpreso” com a prisão de Gilberto Carvalho e afirmou confiar que as apurações serão “conduzidas com rigor, assegurando transparência, responsabilidade e o devido processo legal”.

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Os vereadores Pablo e Willi e o deputado federal Nikolas Ferreira também não comentaram a prisão de Gilberto e as relações entre eles.

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