Zema defende saída do Brasil dos Brics: 'Bloco recheado de ditaduras'
Pré-candidato à Presidência da República, governador mineiro reforça alinhamento com os Estados Unidos e defende entrada do Brasil na OCDE
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Siga noO governador Romeu Zema (Novo), pré-candidato à Presidência da República, passou a defender a saída do Brasil dos Brics - bloco de articulação político-diplomática formado por 11 países, além dos que dão nome à sigla: Rússia, Índia, China e África do Sul. O chefe do Executivo mineiro afirma que o grupo não tem relação cultural com o Brasil, e o classifica como "um bloco ideológico recheado de ditaduras".
As declarações de Zema foram publicadas em um artigo de opinião na Folha de S.Paulo nesta quinta-feira (31/7) com o título: "Sai do Brics, Brasil!". No texto, o governador atribuiu a tarifa de 50% sobre as exportações brasileiras aos Estados Unidos, imposta pelo presidente Donald Trump, ao que chamou de “alinhamento errático” com os Brics.
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"Não há nenhum elo cultural ou geográfico entre seus membros. Tampouco é um bloco comercial. Não há zona de livre comércio, não há acordos tarifários nem fluxos privilegiados de investimento. Hoje, o Brics é nada mais que política interna disfarçada de política externa. É uma ferramenta útil apenas para um grupo de líderes autoritários que gostam de sinalizar sua oposição ao mundo ocidental, particularmente contra os Estados Unidos", escreveu.
Zema defende que o Brasil entre para a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), grupo semelhante aos Brics, mas alinhado com os Estados Unidos. Segundo o governador, entrar no bloco "representaria um compromisso com o Estado de Direito, com as boas práticas de governança, com a transparência fiscal e com marcos regulatórios modernos”.
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“Além disso, os países da OCDE representam o que o brasileiro admira. Pergunte nas ruas em quais países as pessoas sonham viver, trabalhar ou visitar e ouvirá uma lista de nações ocidentais, livres e democráticas. É para lá que vai a maioria dos que saem do Brasil em busca de oportunidades. Por que não levar o país nessa direção?”, questionou o governador.
O artigo para a Folha foi apenas a segunda vez na semana em que Zema criticou alinhamento do governo brasileiro com os Brics. Na terça-feira (29/7), o governador disse ao UOL News que o bloco “não agrega nada” ao Brasil. “Não estamos falando de países que têm a mesma cultura que a nossa. Não estamos falando de países cristãos. Não estamos falando de países democráticos. É um aglomerado de países que parece querer questionar a ordem mundial sem ter nenhuma proposta concreta”, disse.
Também nesta quinta-feira (31/07), Zema replicou as críticas ao bloco em entrevistas para “O Globo”, onde classificou o bloco como “Frankstein”. “Um pedaço de boa parte do mundo que não tem nada em comum. São cristãos como o Brasil? São democráticos como o presidente Lula prega tanto? Estão próximos do Brasil?”, indagou.
Parceiros
Apesar das críticas do governador mineiro, os países do Brics são importantes parceiros comerciais de Minas Gerais e do Brasil. A China, que nos últimos anos tem concentrado esforços para fortalecer o grupo, é o destino de 33,7% das exportações do estado no primeiro semestre, segundo relatório da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sedese).
Os dados mostram que nos primeiros seis meses do ano, Minas Gerais exportou US$ 7,3 bilhões para a China. Os principais produtos vendidos foram minério de ferro (US$ 4,1 bilhões), soja (US$ 1,6 bilhão) e ferroligas (US$ 444 milhões). O país asiatico também foi o principal mercado de origem das importações mineiras com 25,8% das compras.
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O Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) também negocia um empréstimo de US$ 200 milhões com o Novo Banco de Desenvolvimento (NBD) dos Brics, instituição comandada pela ex-presidente Dilma Rousseff. O recurso, articulado pelo senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) junto ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT) seria usado para projetos em pequenos e médios municípios.