Zema: 'Trump tenta reconduzir o Brasil para onde nunca deveria ter saído'
Governador afirma que sobretaxa dos EUA é consequência de postura "antiocidente" de Lula e alerta para reflexos na economia
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Siga noO governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), afirmou nesta quinta-feira (31/7) que a sobretaxa imposta pelos Estados Unidos a produtos brasileiros, o “tarifaço”, foi amenizada com as exclusões anunciadas ontem, mas o problema “não desapareceu”.
Em entrevista à Jovem Pan News, Zema atribuiu os impactos das tarifas à postura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que, segundo ele, adota um discurso “antiamericano” e tem se alinhado a regimes que “não prezam a democracia”.
Questionado se enxerga as medidas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, como motivadas por razões mais políticas que econômicas, Zema respondeu que o discurso de Lula contra o Ocidente “não é de hoje” e que isso elevou a tensão diplomática.
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“O presidente Trump está usando a força econômica dos Estados Unidos para que o Brasil reconsidere isso. Pela primeira vez, nós estamos assistindo o presidente começar a afrontar outros países, como o presidente Lula tem feito. Trump tenta reconduzir o Brasil para um lugar de onde ele sempre deveria ter ficado”, criticou.
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Para o governador, trata-se de um “posicionamento totalmente equivocado” que começa a cobrar um preço alto do Brasil. “Nós vamos continuar enfrentando dificuldades muito em virtude dessa postura, principalmente do presidente Lula, que está tendo essa argumentação contra o dólar, um discurso anti-americano, antiocidente, e essa proximidade enorme, desproporcional, com ditaduras”, declarou.
Zema também criticou a condução da diplomacia brasileira, ao afirmar que o governo federal tem “aumentado a temperatura e a pressão” com os parceiros internacionais, em vez de dialogar. “O presidente, em vez de se propor a sentar e negociar, tem feito um discurso que só agrava a situação”, disse. Ele defendeu que os estados têm buscado alternativas para reduzir os danos, mas pontuou que a condução das relações exteriores é prerrogativa do Itamaraty e da Presidência da República.
Apesar da declaração do governador mineiro, as autoridades brasileiras têm empenhado esforços para dialogar com os Estados Unidos. Na manhã de hoje, o ministro Fernando Haddad informou que a assessoria do secretário do Tesouro norte-americano, Scott Bessent, entrou em contato para dar início a uma nova rodada de negociações.
Medidas emergenciais e reflexos
Em Minas, o governador reforçou que medidas emergenciais já foram adotadas, como a liberação de R$ 100 milhões em créditos de ICMS para empresas exportadoras e a disponibilização de R$ 200 milhões por meio do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), com juros subsidiados. “Aqui em Minas nós temos feito tudo para amenizar esse impacto”, afirmou.
A tensão comercial, para Zema, também tem reflexos políticos. Ele disse ver na crise comercial um potencial impacto nas eleições de 2026. “O governo Lula está plantando um desastre. Nós vamos ver a repetição de 2015 e 2016, que foi a maior recessão da história do Brasil. Esse crescimento que aconteceu ano passado, que está acontecendo, foi via anabolizante, não é sustentável e muito menos saudável”.
Tarifaço
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou no início de julho a decisão de aplicar uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros exportados para o país norte-americano. Ele justifica a decisão pelo tratamento dado pelo governo brasileiro ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e por considerar a relação comercial entre os dois países "desequilibrada".
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O governo dos Estados Unidos também abriu uma investigação comercial contra o Brasil. A apuração vai avaliar atos, políticas ou práticas do governo brasileiro relacionados a comércio digital e pagamentos eletrônicos e inclui até o Pix.