Vereador do PT afirma que indicações na PBH não foram da bancada
Bruno Pedralva revelou que bancada de vereadores não foi consultada sobre os nomes indicados para o 2º escalão da Prefeitura de BH
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Siga noO vereador Bruno Pedralva (PT) revelou que as indicações do Partido dos Trabalhadores para compor o segundo escalão do prefeito Álvaro Damião (União Brasil), na última semana, não tiveram participação da bancada na Câmara Municipal de Belo Horizonte. Em entrevista ao Estado de Minas, o parlamentar afirmou que os nomes foram levados para a administração da cidade pelo deputado federal Reginaldo Lopes (PT-MG), e reforçou a posição de independência dos petistas no Legislativo.
Damião escolheu nomear Sirley Dimitrius Chaves (Dimi) para o cargo de Subsecretário de Gestão Ambiental, e Luana de Souza para ser Subsecretária de Assistência Social. Ambos foram candidatos a vereador em 2024 - Luana, inclusive, recebeu 6,4 mil votos e conseguiu ser a primeira suplente do partido na Câmara.
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“É importante deixar claro que essas indicações não são da bancada de vereadores do PT. Nossa postura é de independência, a gente tem apoiado algumas medidas e criticado outras. O fato da gente não ter cargos no governo nos dá essa liberdade. As indicações partiram especificamente do Reginaldo Lopes em função das articulações junto ao Executivo, mas isso não partiu da bancada. A direção municipal do partido também não foi consultada”, disse Pedralva.
O vereador reconheceu que é natural composições partidárias em uma gestão municipal e disse que não se pode ”demonizar a política”. Mas, para ele, as indicações não podem ser um “balcão de negócios”. “É necessário trazer agrupamentos e discutir com lideranças para compor uma prefeitura, mas isso tudo tem que ser mediado por um projeto político. O que eu quero para a cidade de Belo Horizonte? O que eu quero construir de modelo de saúde? Tudo isso tem que ser mediado”, afirmou.
O secretário municipal de governo, Guilherme Daltro, disse que não cabe ao Executivo comentar particularidades de correntes internas partidárias que não são referentes ao partido do prefeito, no caso o União Brasil. Ele ressalta ainda que as nomeações seguem um perfil técnico ou “híbrido” - técnico e político.
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“As nomeações/exonerações são funções privativas do Executivo. Em um governo de coalizão é natural que haja algumas indicações, mas em nossa gestão, sempre obedecendo perfis técnicos ou híbridos (técnicos e políticos). A bancada do PT apoiou nosso líder de governo Bruno Miranda na eleição da presidência da Câmara, mantemos contato constante e tem tratamento de base”, disse o secretário.
A reportagem procurou o prefeito Álvaro Damião e o deputado Reginaldo Lopes para comentar a fala de Pedralva, mas até a publicação desta matéria não houve retorno.
Pelo menos 11 indicações partidárias foram nomeadas por Damião na última semana. Além, dos nomes do PT, o prefeito também levou para o segundo escalão ex-vereadores que não conseguiram retornar para Câmara Municipal, mas apoiaram a campanha de Fuad Noman. Entre eles estão Miltinho CGE (PDT), Ramon Bibiano (Republicanos) e Wagner Messias (União Brasil).
Acenos à direita e à esquerda
Ainda durante a entrevista, Pedralva avaliou a administração de Damião como uma gestão de direita, mas com a ressalva de que não se trata de uma prefeitura bolsonarista. O petista destacou que é positivo a continuidade de alguns projetos que eram caros ao ex-prefeito Fuad Noman (1947-2025) como o uso do espaço do antigo Aeroporto Carlos Prates para a construção de moradias populares.
“Até o momento, o prefeito não embarcou nas grandes pautas do bolsonarismo. No entanto, é uma gestão que faz acenos à direita, às vezes até extrema direita, e acenos mais populares. O prefeito continuar o projeto do Fuad de fechar o aeroporto Carlos Prates foi positivo, nós apoiamos. Um apelo meu ao prefeito foi a ampliação das equipes de saúde da família, e ele concordou. Nós levamos ele até Brasília com o ministro Alexandre Padilha (Saúde), a ministra Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais), a ministra Esther Dweck (Gestão e Inovação em Serviços Públicos). Vamos ter mais 42 equipes atendendo o povo nas periferias”, disse.
Apesar dos elogios, Pedralva voltou a criticar a visita de Damião a Israel no momento em que o país fazia guerra com o Hamas na Faixa de Gaza e, logo em seguida, decidiu atacar o Irã. Para o vereador, a viagem para conhecer o modelo de segurança pública israelense foi um equívoco, e esperava que ao chegar em BH o prefeito fizesse gestos contra o governo de Benjamin Netanyahu.
“Pode ir nos Estados Unidos conhecer experiências boas, pode ir a China, pode ir onde for. Não é esse o problema. Mas, naquele momento em que Israel declaradamente faz um genocídio com o povo palestino, foi um erro político. Eu me coloquei solidariamente com ele e ajudei a mediar o salvamento com o governo federal. No entanto, eu esperaria que ele tivesse a hombridade de denunciar o que o estado de Israel tá fazendo”, afirmou.
O vereador também questionou a maneira da prefeitura lidar com a greve dos professores, que reivindicam 6,27% de recomposição salarial. A PBH oferece, em contrapartida, 2,49% de aumento, valor já concedido para outras carreiras do funcionalismo. “A conduta do prefeito na greve dos professores está sendo inadequada. Eu concordo com o argumento do prefeito em relação à inflação de janeiro a abril, não dá para mexer nos 2,49%. Mas tem que mexer nas pautas específicas da educação para que a categoria possa entender que houve avanços, e ano que vem volte a negociar”, disse.