Com nomeações às dezenas, Damião amplia variedade partidária na PBH
Prefeito completa três meses como titular no cargo com movimentações intensas na estrutura do Executivo e contempla múltiplas legendas
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Siga noÁlvaro Damião (União Brasil) completou três meses como titular no comando da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) nesta semana com uma das mais intensas movimentações de pessoal no Executivo da capital mineira. Com nomeações na casa das dezenas, ele ampliou a representação partidária na estrutura administrativa da cidade. As últimas mudanças contemplaram PT, Republicanos, PDT, União Brasil, PSDB, MDB, Solidariedade e Cidadania.
A ampliação do leque partidário contempla partidos que caminharam junto de Fuad Noman e Damião na campanha eleitoral, mas também nomes ligados ao Secretário de Governo de Romeu Zema (Novo), Marcelo Aro (PP), líder de um dos principais grupos da Câmara Municipal de BH. Seguindo a mesma tendência de alterações que interferem na relação entre o Legislativo e o Executivo, a pasta que mais teve alterações foi a Secretaria de Relações Institucionais, responsável por esse diálogo.
O PT, partido que se aliou à campanha de Fuad e Damião no segundo turno, foi contemplado com a nomeação de dois candidatos a vereador que não se elegeram no último pleito. Luana de Souza, primeira suplente da federação com PCdoB e PV, é a nova subsecretária de Assistência Social. Sirely Dimitrius, o Dimi, assumiu a subsecretaria de Gestão Ambiental.
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Ainda à esquerda, o PSOL teve influência na escolha da nova presidente da Fundação Municipal de Cultura, Bárbara Bof. A vereadora Cida Falabella, atuante na área cultural, comemorou a escolha de Damião: “tenho certeza de que ela vai intensificar ainda mais o ciclo positivo das políticas culturais que a nossa cidade vive desde 2017”, escreveu a parlamentar nas redes sociais.
Na Secretaria de Relações Institucionais receberam cargos os ex-vereadores Ramon Bibiano (Republicanos), Miltinho da CGE (PDT) e Wagner Messias, o Preto (União Brasil). A vasta lista de nomeações na pasta ainda conta com Orlei Pereira da Silva (Cidadania), Anderson da Luz e Evaldo Mendonça, ambos do Solidariedade. Em maio, o PL já havia recebido um cargo na secretaria na figura de Daiane Dias, primeira suplente do partido para a Câmara Municipal.
As nomeações com representação partidária na última semana ainda contam com Edson Fileto da Fonseca (PSDB) na Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica e Vanderlei Miranda (MDB) na Secretaria Municipal de Assistência Social e Direitos Humanos.
Apesar de Edson ser filiado ao PSDB, os tucanos informaram à reportagem que não houve uma negociação com o partido para a nomeação dele à PBH.
Antes deles, o Podemos já havia sido contemplado com a nomeação do ex-verador Rubão como secretário de Esportes; o Democracia Cristã (DC) recebeu a Coordenadoria de Vilas e Favelas com a nomeação de Marcos Crispim, também ex-parlamentar.
Chama a atenção na lista de novas nomeações a pouca representação do PSD, partido de Fuad Noman, reeleito em outubro do ano passado e falecido no fim de março. No rol de novidades da PBH, os pessedistas foram representados apenas com o comando da Coordenadoria de Vilas e Favelas da Regional Centro-Sul, que está nas mãos de Júlio Fessô, mais um candidato a vereador frustrado em 2024.
Família Aro
Na recém-criada Coordenadoria de Vilas e Favelas, a maior parte das nomeações teve orquestração de Marcelo Aro. O ex-vereador Roberto da Farmácia (Podemos) ficou no comando da Regional Venda Nova; o ex-assessor do vereador Tileléo (PP), Fabio Santos assumiu a Regional Nordeste; e Pedro Moreira, ex-assessor do presidente da Câmara Municipal, Juliano Lopes (Podemos), fica com a Regional Oeste.
Damião começou o ano com o pé esquerdo com a Família Aro, como é conhecido o grupo sob influência do articulador político de Zema. O então vice-prefeito coordenou a malograda campanha de Bruno Miranda (PT) à presidência da Casa e foi ridicularizado pelos parlamentares que apoiaram Juliano Lopes, vencedor no pleito.
Desde então, Lopes e Damião colocaram panos quentes na briga e a união foi fortalecida com o afastamento prolongado e posterior falecimento de Fuad. A influência da Família Aro no Executivo aumentou desde então.
Primeiras crises
A expansão da gama partidária promovida por Damião acontece no momento de maior turbulência da gestão. Após passar duas semanas em Israel marcada por idas e vindas a bunkers minuciosamente registradas em vídeos gravados pelo prefeito em meio aos ataques iranianos.
A presença do prefeito no Oriente Médio em meio à grave crise humanitária e diplomática envolvendo Israel, Palestina e, posteriormente, o Irã provocou debate entre os vereadores de diferentes espectros ideológicos, mas também críticas do funcionalismo público em campanha por recomposição salarial.
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Damião foi recebido já em Confins por professores em protesto. Dias depois, as manifestações se transformaram em uma greve com alta adesão na capital mineira. O Executivo e a categoria não chegaram a um acordo mesmo após a realização de audiências na Justiça e o anúncio de que a prefeitura descontará o salário dos docentes pelos dias não trabalhados.