DEPUTADO FEDERAL

Boulos, cotado para ministério de Lula, ataca centrão com mote 'ricos contra pobres'

Das últimas 21 postagens do perfil do deputado federal no Instagram, 10 são ataques ao centrão ou à direita no Congresso

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(FOLHAPRESS) - O deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP), que foi o candidato de Lula (PT) nas eleições municipais em São Paulo e é cotado para a Secretaria-Geral da Presidência, tem protagonizado ataques ao centrão nas redes sociais em ofensiva de lulistas após a derrubada pelo Congresso do decreto do IOF (Imposto sobre Operação Financeira).

Em vídeos e cards, Boulos diz que o governo Lula foi derrotado na votação da semana passada porque resistiu a pressões do Congresso e do mercado financeiro para cortar gastos com a população pobre.

Haveria, segundo o deputado, uma aliança entre o centrão e a direita para aumentar a insatisfação popular por meio dos cortes, enfraquecer Lula e pavimentar o caminho para a eleição de um candidato de direita em 2026.

"Se juntam para derrubar o decreto do Lula e tentar forçar o governo a fazer os cortes no lombo do povo. É o lobby dos bilionários que atuou para que eles não paguem nada e o povo pague a conta", diz o deputado em uma das postagens.

Das últimas 21 postagens do perfil do deputado no Instagram, 10 são ataques ao centrão ou à direita no Congresso. Outras quatro tratam do que seria a luta do governo por justiça tributária - discurso que governistas mobilizaram nas redes desde a derrota da quarta-feira passada.

Perfis próximos, inclusive o da deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP), mobilizam a palavra de ordem "Congresso inimigo do povo", mas Boulos evita o mote por enquanto. Ele também não direcionou críticas diretas ao presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), que demonstrou irritação com o mote da mobilização governista.

 


A postura de Boulos contrasta com a de outras figuras proeminentes no governo e na base aliada. Mesmo o usualmente combativo deputado Lindbergh Farias (PT-RJ) tem feito críticas mais amenas à conduta do Congresso, e o tom das postagens do líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), é visivelmente mais leve.

Igual é a postura da ministra Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais), responsável pelas relações com o Congresso, que chegou a ir às redes sociais defender o presidente da Câmara dos Deputados.

"O debate, a divergência, a disputa política fazem parte da democracia. Mas nada disso autoriza os ataques pessoais e desqualificados nas redes sociais contra o presidente da Câmara, deputado Hugo Motta", escreveu no X.

Procurado pela reportagem, Boulos disse que nenhum colega parlamentar manifestou incômodo com suas postagens e disse que a direita tem que aprender a receber críticas. "As críticas são parte do jogo democrático. Da mesma forma que a direita ataca, tem que saber ser atacada. É importante o povo saber o que está em jogo no país neste momento".

Após a derrota na Câmara e no Senado na quarta-feira passada (25) pelo tema do IOF, governistas partiram para a ofensiva nas redes sociais. A base mobiliza a narrativa segundo a qual o Congresso estaria protegendo privilégios ao derrubar as alíquotas do IOF.

Vídeos feitos com inteligência artificial mostram trabalhadores pagando a maior parte da carga tributária nacional e sustentando o "Condomínio Brasil", enquanto os moradores de cobertura estariam desfrutando de tudo sem pagar impostos.

O governo, por sua vez, estaria buscando justiça tributária ao taxar os "BBB": bancos, bets e bilionários. Essa linha segue um direcionamento do próprio presidente Lula, que disse enfrentar uma rebelião toda vez que tenta aumentar impostos sobre os mais ricos.

A mobilização gerou incômodo entre congressistas. Motta acusou o governo de fomentar a polarização social e tem manifestado seu incômodo durante conversas no Fórum de Lisboa, encontro entre personalidades do mundo empresarial, político e jurídico na capital portuguesa.

Em meio à ofensiva midiática, o governo tenta derrubar o decreto legislativo sobre o IOF no Supremo. Em ação protocolada nesta terça-feira (1), a Advocacia-Geral da União argumenta que o decreto representa interferência indevida do Congresso sobre as prerrogativas do Executivo e, portanto, uma violação do princípio da separação entre os três poderes.

A jogada gerou movimentos de conciliação por parte de ministros de Supremo, que receiam contratar mais um desgaste em meio ao julgamento da trama golpista e logo após a discussão sobre responsabilização das big techs.

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"Eu espero que aqui se construa uma solução. Eu acho que essa crise do IOF é mais a revelação de um sintoma do que da doença. Nós precisamos tratar da doença, a falta de diálogo, a falta de coordenação. Isso aqui é apenas a ponta do iceberg de uma crise. Nós precisamos resolver e debelar a crise", afirmou o ministro Gilmar Mendes nesta quarta-feira (2), em Lisboa.

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