VAI PRECISAR PAUSAR

Cinco internações não frearam o ritmo de campanha de Bolsonaro

Inelegível até 2030, o ex-presidente Jair Bolsonaro passou por cinco internações desde a decisão do TSE, mas mantém em ritmo de ritmo de campanha

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O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi diagnosticado com uma inflamação no esôfago, erosões na mucosa esofágica e gastrite moderada, segundo boletim médico divulgado ontem, pelo Hospital DF Star, em Brasília. A endoscopia que identificou o quadro levou à recomendação de intensificação do tratamento medicamentoso, além de repouso, dieta regrada e moderação da fala.

Mesmo com os problemas de saúde, Bolsonaro tem mantido uma rotina de compromissos políticos: esteve em Belo Horizonte na quinta-feira (26/6), ao lado de aliados como Nikolas Ferreira (PL-MG), Bruno Engler (PL) e o senador Cleitinho (Republicanos-MG); e no domingo (29/6) participou do ato “Justiça Já”, na Avenida Paulista, em São Paulo. Somente na terça-feira, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) anunciou a suspensão das agendas do pai em julho, por orientação médica. Se vai manter o repouso, só o tempo dirá.

O ritmo acelerado, na verdade, já virou regra. Desde que foi declarado inelegível pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em junho de 2023, Bolsonaro transformou a agenda pública em estratégia de sobrevivência política, mesmo que entre uma internação e outra. O novo diagnóstico apenas confirma o padrão: saúde fragilizada, mas presença constante. “Sou o único candidato do partido até agora”, declarou no sábado (21 de junho), na porta do mesmo hospital, após ter sido internado por algumas horas com suspeita de pneumonia viral.

De lá pra cá, já foram cinco internações – motivadas por crises intestinais, infecções, exames de rotina e uma cirurgia abdominal de 12 horas. A maioria das complicações está ligada às sequelas da facada que sofreu durante a campanha de 2018, em Juiz de Fora, na Zona da Mata mineira.

Internações após a inelegibilidade

  • Agosto de 2023
    Check-up abdominal no Hospital Vila Nova Star, em São Paulo
  • Fevereiro de 2024
    Exames para avaliação de hérnia abdominal, também em São Paulo
  • Maio de 2024
    Internação por obstrução intestinal e infecção (erisipela); começou em Manaus e foi transferido para São Paulo. Ficou cerca de 12 dias hospitalizado
  • Abril a maio de 2025
    Cirurgia abdominal de 12 horas para retirada de aderências intestinais e reconstrução da parede abdominal, no DF Star, em Brasília. Internação durou cerca de três semanas
  • 21 de junho de 2025
    Internação breve (cerca de 4 horas) no DF Star, em Brasília, para exames após mal-estar. Diagnóstico de princípio de pneumonia viral

PERFORMANCE


Para o cientista político e internacionalista Jorge Arruda, o hospital virou extensão do palanque. “O palanque hospitalar de Bolsonaro não é acaso, é estratégia. Desde 2018, ele aprendeu a transformar o corpo ferido em símbolo político.” A imagem pública construída nas aparições após as internações segue um padrão: roupas simples, piadas com a imprensa e declarações afiadas. O conteúdo médico importa menos do que o gesto. “Cada aparição na porta de um hospital é pensada. Ele performa resistência, não fragilidade. Mesmo inelegível, Bolsonaro se mantém 'elegível' no imaginário do eleitor”, avalia Arruda.

O ex-presidente costuma brincar sobre suas próprias limitações. Na internação do dia 21 de junho, em Brasília, disse esperar que a pneumonia fosse a última das complicações. “A idade pesa bastante. Já foram sete cirurgias, e eu espero que essa tenha sido a última.” As sete cirurgias às quais se referiu incluem desde a retirada da bolsa de colostomia, em 2019, até a reconstrução da parede abdominal, realizada em abril deste ano. As crises de soluço, refluxo e obstrução intestinal tornaram-se frequentes e exigem monitoramento.

Arruda diz que a exposição constante também pode ter efeitos colaterais. “A repetição dessas internações pode desgastar sua imagem de vigor. O risco é que parte do eleitorado comece a se perguntar se ele está politicamente ativo, mas fisicamente preparado para voltar.”

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Com o calendário eleitoral se aproximando, o desafio de Jair Bolsonaro será medir até onde sua presença, mesmo sem registro, continuará determinante. Fora da disputa, mas ainda cercado de fiéis, o ex-presidente entrará em 2026 como cabo eleitoral, símbolo e fiador de um campo político. A capacidade de transferir votos, controlar palanques regionais e conter divisões internas será o verdadeiro teste de sua liderança. Ao mesmo tempo, Bolsonaro enfrenta o avanço das investigações que o colocam no centro das apurações sobre a tentativa de golpe em 8 de janeiro de 2023.

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