ENTREVISTA

Lula à New Yorker: 'Ainda não sabemos como desmentir mentiras absurdas'

Lula destaca as fake news como um dos maiores dilemas enfrentados pelas democracias. Para o petista, ainda não há uma 'resposta efetiva' para o fenômeno

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) avalia as fake news como um dos maiores dilemas enfrentados pelas democracias contemporâneas. Segundo ele, um dos principais desafios atuais é saber como "desmentir mentiras absurdas".

A declaração foi dada em entrevista recente à revista norte-americana The New Yorker, durante conversa com o jornalista Jon Lee Anderson, repórter reconhecido internacionalmente e  autor do livro "Che Guevara: Uma Vida Revolucionária", no Palácio do Planalto.

Na entrevista, Lula abordou os riscos da desinformação, o enfraquecimento das instituições democráticas e a ascensão de lideranças autoritárias.

"Há pessoas que acreditam que coisas que todos deveriam entender são mentiras porque são absurdas. E minha preocupação é como vamos construir uma narrativa para destruir isso", disse. O mais grave, segundo ele, é que "ainda não temos uma resposta".

O presidente também refletiu sobre a fragilidade da democracia e a escassez de líderes progressistas no cenário global. "A democracia com a qual aprendemos a conviver depois da Segunda Guerra Mundial, o funcionamento do multilateralismo como um papel importante nas relações entre os Estados, o respeito à diversidade, a soberania de cada país estão agora desaparecendo. O que vem a seguir, não sabemos", disse.

Lula contou ainda que tentou reunir líderes progressistas durante a última Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), mas teve dificuldades. "Quando nos sentamos para fazer a lista, descobri que não havia mais progressistas!", disse.

Para ampliar os participantes, mudou o critério. "Para evitar que a reunião ficasse pequena demais, troquei ‘progressistas’ por ‘democratas’ para poder convidar Biden, Macron e outras pessoas".

O presidente também criticou o esvaziamento da credibilidade das democracias, que, em sua visão, "não estão mais atendendo aos interesses do povo".

"Os EUA eram o espelho da democracia, o pilar da democracia para o planeta. Apesar de ser o país que mais trava guerras, é o país que mais fala sobre paz, sobre democracia. E agora tem o Trump, que às vezes se comporta como...", afirmou, interrompendo antes de concluir a frase.

"Vi um discurso dele no Congresso dos EUA recentemente, e foi absurdo - aqueles republicanos aplaudindo qualquer bobagem que ele dissesse. Era quase o mesmo tipo de discurso que os anarquistas costumavam fazer na Itália e no Brasil no início do século, clamando por uma sociedade sem instituições, uma sociedade onde o império do capital impera", continuou.

Para Lula, a crise democrática também é alimentada por fatores econômicos. Ele apontou o esvaziamento das políticas de bem-estar social e o aumento da desigualdade como causas do desencanto popular. "Desde 1980, os trabalhadores dos países que construíram Estados de bem-estar social só perderam, enquanto a concentração de renda aumentou.  Então, que resposta podemos dar à sociedade brasileira? E à sociedade alemã e americana?", questionou.

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