Nossa arte brasileira

Livro reúne reflexões de Angelo Oswaldo sobre a arte barroca

Com lançamento na próxima segunda-feira na AML, o livro "Geraes" reúne ensaios produzidos ao longo de quatro décadas pelo prefeito de Ouro Preto

Publicidade
Carregando...

Se numa noite dessas, em sonho, Angelo Oswaldo pudesse conversar com Aleijadinho, a quem considera o maior artista do Brasil, não ficaria mudo ou acanhado tal a admiração que nutre pelo escultor, entalhador, marceneiro e perito (na época, chamado “louvado”) nascido em Ouro Preto. De cara, perguntaria ao gênio do barroco sobre algumas obras a ele atribuídas e espalhadas país afora, sobretudo em São Paulo. Se o sonho se prolongasse e o marianense Mestre Ataíde entrasse em cena, Angelo Oswaldo agradeceria pela pintura do forro da Igreja São Francisco de Assis, em OP.

Fantasias à parte, vamos ao mundo real da arte. E da sensibilidade de um estudioso e ensaísta. Em corpo, alma e emoção, na forma de esculturas, pinturas e encantamento, Antonio Francisco Lisboa, o Aleijadinho (1738-1814) e Manuel da Costa Ataíde, o Mestre Ataíde (1762-1830) estão presentes no livro “Geraes: Arte Barroca em Minas” (Editora Relicário), que Angelo Oswaldo de Araújo Santos lança na próxima segunda-feira (18), às 19h, na sede da Academia Mineira de Letras-AML (Rua da Bahia, 1466), em Belo Horizonte. Na ocasião, haverá debate, com mediação de João Barile, e participação do escritor e ensaísta Silviano Santiago, autor da apresentação do livro.

Reunidos pela primeira vez sob organização de Maria G. A. de Andrade, os escritos de Angelo Oswaldo sobre história da arte barroca mineira remontam a quatro décadas de produção ensaística do pensador, considerado um dos maiores conhecedores do barroco em Minas. Entre inéditos e esparsos – na maior parte publicados a propósito de inaugurações de exposições ou museus em que tomou parte –, “Geraes: Arte Barroca em Minas” traz 17 estudos, com vasta iconografia, organizados em duas partes: Arte barroca brasileira e As bulas e as fábulas: preservação e inspiração.

Atento à religiosidade popular, às influências estéticas no contexto da arte sacra e à originalidade dos artistas nacionais, o autor, em sua obra, mapeia o processo de formação cultural da sociedade colonial, analisa o peso da obra de Aleijadinho e sublinha os atravessamentos da matriz cristã europeia, dedicando especial atenção à contribuição da cultura africana. Entre os textos sobre a recepção do Barroco no século 20, Angelo Oswaldo, conforme divulgado pela editora, “recupera a política da preservação e projeta a força da arte através do tempo, guiando o leitor do calor dos debates modernistas ao desafio de repertórios contemporâneos”.

Prefeito de Ouro Preto, presidente da Associação das Cidades Histórica de Minas Gerais e ocupante da cadeira 3 da AML, o jornalista Angelo Oswaldo, formado em direito pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e com especialização no Instituto Francês de Imprensa, em Paris, atuou como crítico literário, editor e colaborador de periódicos comoEstado de Minas, “Jornal do Brasil” e Le Monde. Foi também editor do “Suplemento Literário de Minas Gerais” e consultor das Edições Gallimard.

Em entrevista, Angelo Oswaldo reafirma seu fascínio pelo Barroco Mineiro, embora considere difícil eleger um monumento como preferido. “É difícil selecionar preferências quando tudo é fascinante no Barroco Mineiro. Ouro Preto e os Passos de Congonhas, a leveza de Diamantina e a força do Serro, as matrizes de Sabará e Caeté, a igreja colossal de Tiradentes e São Francisco de São João del Rei. É impossível restringir. Penso na Capela de Nossa Senhora da Glória, em Ressaca Velha, ou na Igrejinha do Ó, lembro Macaúbas e o Caraça, a Sé de Mariana e a Matriz de Cachoeira do Campo. Como escolher? Além do mais, as montanhas de Minas são também barrocas.”

Angelo Oswaldo, prefeito de Ouro Preto e especialista na história da arte do estado:
Angelo Oswaldo, prefeito de Ouro Preto e especialista na história da arte do estado: Patrick Araújo/Divulgação

ENTREVISTA

Primeiramente, uma curiosidade. Por que o senhor optou pela grafia Geraes, e não Gerais?

Foi uma sugestão da minha editora, Maria de Andrade. Dessa forma, aludimos à abrangência dos textos, uma visão geral sobre temas do Barroco, e caracterizamos o foco em Minas, pela grafia antiga da palavra Gerais. Maria de Andrade é uma amiga querida, e foi quem se empenhou na criação deste livro. Ela é uma carioca muito mineira, filha do cineasta Joaquim Pedro e neta de Rodrigo Melo Franco de Andrade, o fundador do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Silviano Santiago escreveu um ensaio para abrir o livro, e João Barile fez um trabalho excelente na consolidação do projeto.


O senhor tem grande admiração pelo Barroco Mineiro. Como tudo começou?

Desde cedo, admirei o Barroco Mineiro. Aprendi com Affonso Ávila e Míriam Ribeiro, ao vivo, e li Sílvio de Vasconcellos. Convivi com Lúcia Machado de Almeida, Francisco Iglésias, Suzy de Melo, Ivo Porto de Menezes, Curt Lange, Jair Inácio, Orlandino Seitas Fernandes. Conheci o mestre Germain Bazin, na sua vinda a Ouro Preto, em 1991, e logo depois o inglês John Bury. Também o argentino Damián Bayon e o poeta mexicano Octavio Paz. Descobri autores notáveis, como o espanhol José Maria Maravall. A leitura e o diálogo ampliaram meu interesse e o estudo sobre as manifestações do barroco em Minas Gerais. Com Angela Gutierrez, pude realizar pesquisas e exposições no Brasil e no exterior.

Qual a principal característica do Barroco Mineiro?

Aqui, o estilo de arte e de vida plantou características próprias, tornou-se algo tão peculiar que temos o Aleijadinho, no século 18, e o Maurino de Araújo, no século 21, conversando como se fossem dois profetas no adro de Congonhas.

Além do mestre Aleijadinho, patrono das artes no Brasil, quais são outros nomes de destaque no estado?

O barroco deixou raízes fortes, que até hoje dão frutos em Minas. Precisamos identificar não só os artistas do período colonial, mas aqueles que agora levam à frente esse gesto tão mineiro. O Aleijadinho é a figura central do barroco luso-brasileiro, como disse Germain Bazin, mas é preciso ampliar a mirada e reconhecer mestres que fixaram marcas impressionantes. O chamado Mestre de Piranga denomina um autor e sua oficina, com obras facilmente atribuíveis, porém sem qualquer documento, até hoje, que possa revelar sua verdadeira identidade. O trabalho da professora Beatriz Coelho contribuiu bastante para a identificação de autores de grande importância.

O senhor, como grande conhecedor da história de Minas e pesquisador da arte colonial, certamente tem suas preferências. Quais são seus monumentos favoritos do período colonial em Minas?

É difícil selecionar preferências quando tudo é fascinante no Barroco Mineiro. Ouro Preto e os Passos de Congonhas, a leveza de Diamantina e a força do Serro, as matrizes de Sabará e Caeté, a igreja colossal de Tiradentes e São Francisco de São João del Rei. É impossivel restringir. Penso na Capela de Nossa Senhora da Glória, em Ressaca Velha, ou na Igrejinha do Ó, lembro Macaúbas e o Caraça, a Sé de Mariana e a Matriz de Cachoeira do Campo. Como escolher? Além do mais, as montanhas de Minas são também barrocas.

Se o senhor pudesse encontrar, hoje, Aleijadinho, o que falaria com ele?

Eu perguntaria ao Aleijadinho sobre algumas obras a ele atribuídas, sobretudo em São Paulo. Em 2014, como presidente do Instituto Brasileiro de Museus, consegui fechar uma exposição que se abria com grande aparato em Brasília, para celebrar o bicentenário da morte do nosso artista maior, porque praticamente tudo era falso.

E ao Mestre Ataíde?

Ao Mestre Ataíde eu só ia querer agradecer pela pintura do forro de São Francisco de Assis de Ouro Preto e pelos azulejos fingidos da capela-mor. Iria, na verdade, pedir a bênção. Aleijadinho e Ataíde estão canonizados nos altares de Minas.

'Flagelação e Coroação de espinhos', imagem de Cristo em cedro, tamanho natural, obra de Aleijadinho para capela dos Passos da Paixão. Aleijadinho esculpiu 64 peças em tamanho natural para as capelas de Congonhas,  entre 1796 e 1799, que Fazem parte do Santuário Basílica Bom Jesus de Matosinhos, reconhecido como Patrimônio Mundial em 1985
"Flagelação e Coroação de espinhos", imagem de Cristo em cedro, tamanho natural, obra de Aleijadinho para capela dos Passos da Paixão. Aleijadinho esculpiu 64 peças em tamanho natural para as capelas de Congonhas, entre 1796 e 1799, que Fazem parte do Santuário Basílica Bom Jesus de Matosinhos, reconhecido como Patrimônio Mundial em 1985 Michelin/Estado de Minas - 17/04/2003

“O que há de mais belo na fatalidade da decadência”

Leia trecho da apresentação de Silviano Santiago para “Geraes”

Já no título do livro de Angelo Oswaldo, as Geraes se qualificam como o objeto favorecido de estudo. Favorecimento que compartilha com a arte barroca e rococó desabrochada naquela região do Brasil durante o período colonial.

As Geraes e a arte barroca, na experiência da reflexão, e também o autor e o leitor, no tempo da leitura, estaremos materializados subjetivamente nas cidades de Ouro Preto (durante a descoberta, opulência e decadência do ouro) e de Congonhas do Campo (na transição da hegemonia do ouro para nova hegemonia mineral, a do ferro, com a suamecânica de exploração). No decorrer dos dois séculos coloniais, a mineração do ouro prospera e decai. Casam-se a riqueza natural e a miséria humana nos dois núcleos comunitários. Tudo se movimenta simbolicamente no desdobramento da arte maneirista europeia a se consolidar no estilo barroco e nos excessos do estilo rococó mineiros.

A sociedade mineira a se formar e a arte religiosa a se produzir nas Geraes, graças à riqueza da exploração do ouro, seguida da industrialização do ferro, se tornam representativas do que há de mais local, visível e substantivo naquela província do Brasil colonial.

Região outrora habitada por indígenas e resguardada da cobiça do homem branco pela serra da Mantiqueira, que, ao se mancomunar com o extrativismo mineral descoberto pelos bandeirantes paulistas e altamente lucrativo, atrai e libera a região para a colonização europeia, a se valer exclusivamente do trabalho escravizado do africano diaspórico. A antiga região indígena é esvaziada em todos os sentidos (prefiro avacalhada, mas isso fica pra outra ocasião) de ser e povoa por novas figurações humanas e históricas.

Postula-se como modelo civilizatório o homem europeu iluminista. São varridos para debaixo do tapete das Geraes os indígenas e os escravizados – são eles “os desclassificados do Ouro”, para usar a expressão da historiadora Laura de Mello e Souza. Guarda-se, como se fosse segredo de polichinelo, a opção desenvolvimentista feita pelo povo colonizador (válida até os dias de hoje, lamentavelmente): a extração do metal é local, mas é imediatamente exportável para a metrópole e contribui majoritariamente para a rápida modernização da Europa, no caso de Portugal. Durante o período colonial, o enriquecimento da sociedade local permanece quase imperturbável até que o inevitável, o esgotamento da riqueza, se abata sobre ela. Ainda hoje dignos de orgulho, as edificações e os objetos de arte se aprumam em Ouro Preto.

Do zero resultante da decadência do outro e no zero civilizatório da modernidade do ferro, a engenharia mineradora levanta a nova capital do Estado no belo horizonte imaginário da serra do Curral. No final do segundo século independentista, o XIX, a República brasileira não nasce soberana, apenas autônoma, que o diga o Encilhamento.

Passados quase três séculos da decadência, cá estamos com os ensaios de Angelo Oswaldo e às voltas com as necessárias (ou indispensáveis) reparações étnicas e estéticas, éticas e financeiras. Talvez seja por essas razões de caráter genealógico que o autor dos ensaios, administrador de Ouro Preto, cidade que, no período colonial do Novo Mundo, conheceu tanto o apogeu da riqueza como o desastre da decadência, se respalde nas palavras de Giulio Argan, administrador de Roma, a metrópole milenar dos Césares e das muitas decadências. Associados, os prefeitos de Ouro Preto e de Roma, ambos historiadores e críticos de arte, lamentam a “rejeição da história pelo pragmatismo do homem moderno”, e nos convidam a melhor conhecer o que há de mais trágico nos processos de modernização apressada e rotineira e o que há de mais belo na fatalidade da decadência.”

capela Prisão,  com as imagens de Cristo, Judas, São Pedro e soldados. Cedro em policromia,  obra de Aleijadinho
capela Prisão, com as imagens de Cristo, Judas, São Pedro e soldados. Cedro em policromia, obra de Aleijadinho Beto Novaes/EM/D.A Press - 03/12/2009


“Entre o barroco e o rococó”

Leia trecho de capítulo do livro “Geraes”, de Angelo Oswaldo

José Saramago, no seu roteiro de viagem a Portugal, lembra menos o patrício Vitorino Nemésio viajando por Minas Gerais, mais próximo está do francês Saint-Hilaire e do inglês Richard Burton, no interesse menor pela arte guardada no interior dos velhos templos de lá e de cá. Ao aproximar-se do mosteiro de Tibães, nas cercanias de Braga, o escritor contempla a “imponente máquina que esmaga a paisagem em redor e se alcança de longe”, vendo-a como uma “ruína tristíssima”. No interior da igreja, anota que “a talha é farta e rica, como de costume”.

Se essa é a tradição lusitana, que as edificações religiosas do ciclo do ouro atestam amplamente, ali ela tem uma de suas culminâncias, muito além do “costume”. A genialidade que assinala a ornamentação da Igreja Conventual de São Martinho de Tibães é singular e faz o espectador pensar na mestria de Antônio Francisco Lisboa (1738-1814). Em São Francisco de Assis de Ouro Preto, o gesto criador de Aleijadinho deixou sua marca mais expressiva, assim como André Soares (1720-1769) conferiu esplendor deslumbrante ao interior da igreja que integra o monastério bracarense.

Em seus estudos sobre a obra do artista mineiro, o francês Germain Bazin e o inglês John Bury chamam a atenção para Tibães, advertidos pelo norte-americano Robert Chester Smith, que foi quem retirou do ostracismo e projetou, no campo da história da arte, o legado de André Ribeiro Soares da Silva, dito André Soares. Até as investigações de Smith sobre o barroco e o rococó em Portugal, sobrepunha-se a referência a Carlos Amarante (1748-1815) como o mais prestigioso arquiteto do Norte, em detrimento da autoria real de Soares em diversos monumentos. Este criou arquitetura com o virtuosismo da talha em pedra e em madeira.

A talha desenhada por André Soares – era ele arquiteto e designer, não entalhador ou escultor – é a apoteose de uma interpretação muito pessoal do rococó, em meio às condicionantes ensejadas pelo tardobarroco vigorosamente disseminado no Norte de Portugal, no final da primeira metade do século XVIII, quando o arquiteto toscano Nicolau Nasoni instalou-se no Porto. Bury observa que Nasoni levou, sobretudo, um estímulo à criatividade local, que prescindia da mera introdução de padrões importados.

Soares já definira seu partido, ao cultivar a exuberância das formas do estilo “rocaille”, com a eloquência barroquista sugerida pelo ambiente e a tradição firmada na época da restauração portuguesa (1640), quando se caracteriza o denominado estilo nacional, do qual surgiu o chamado joanino, no reinado de João V (1707-1750), como um espetacular renascimento do barroco em Portugal. O tardobarroco frutificado entre o Douro e o Minho, graças às riquezas provenientes das Minas Gerais e ao progresso da agricultura regional, produziu obras arquitetônicas e artísticas de grande importância, ao tempo em que o rococó começava a multiplicar discípulos, tanto em Portugal quanto no Brasil.

A raiz barroca veio conferir opulência, robustez, drama e majestade à expressão rococó de André Soares. Seu desenho submeteu essa variante estupefaciente de Braga à leveza, à galanteria e à graciosidade postuladas pelas origens da rocalha. A voluptuosidade das formas, a assimetria e o emprego do douramento, antíteses do rococó, magnificam o trabalho executado em Braga. Nesse sentido, o contexto joanino em que se formou o Aleijadinho, em meio aos exemplos semeados por Francisco Xavier de Brito, terá contribuído para que, ao consolidar seu estilo próprio, de propensão rococó, tenha ele conjugado, com tamanha sensibilidade, do frontispício do Carmo de Sabará ao projeto da capela franciscana de Ouro Preto, uma interpretação inovadora e um luminoso equilíbrio da pletora de sugestões estilísticas na elegância do traçado e dos ornatos.

Não há como ver André Soares no Convento dos Congregados, em Braga, sem recordar a Casa dos Contos de Ouro Preto, com sua bela cornija no remate dos cunhais de pedra. Ou o trono episcopal feito pelo Aleijadinho, hoje no Museu Arquidiocesano de Mariana, sem evocar as rocalhas e cabeças de anjo assimétricas na talha dos dois púlpitos de Tibães. Os exageros de Soares não impedem o colóquio com a dramática sutileza do Aleijadinho.

Um norte-americano resgatou André Soares, e um francês, Bazin, o Aleijadinho, convocando os historiadores da arte e os meios culturais à reavaliação por meio da qual o artista ouro-pretano merece hoje, assim como o português nortenho, o mais amplo reconhecimento internacional. É que, muitas vezes, as sociedades detentoras de esplêndidos bens patrimoniais tardam a distingui-los e a incorporá-los ao entendimento comum de que se trata de obras únicas, documentos identitários, tesouros que devem atravessar as gerações, sob proteção da lei e dos cidadãos. Patrimônio cultural é pertença de todos, embora nem todos disso tenham consciência.

O portentoso convento beneditino nas vizinhanças de Braga vai, aos poucos, concluindo as desafiantes etapas de seu restauro. O empreendimento inclui, nos jardins posteriores, a recuperação de um conjunto notável de fontes. Haveria de perder o aspecto de “ruína tristíssima” que impressionou Saramago e, devo confessar, a mim

comoveu profundamente, ao visitá-lo, em 2011, quando o convento se achava vazio e decadente. Em 2019, ao reencontrá-lo em adiantado estágio de revitalização, tive a certeza de que um monumento de tal significado não tardaria a ser resgatado.40 Em Congonhas – no alto do Morro do Maranhão das Congonhas do Campo –, um museu de dimensões significativas foi recentemente inaugurado. Sua missão é inserir pertinentemente o visitante no sítio histórico em que o Aleijadinho criou a sua obra máxima, os Passos da Paixão.

André Soares e Carlos Amarante fizeram a Via Crucis no Monte do Bom Jesus de Braga. O escadório do adro e as capelas dos Passos de Congonhas advêm de ideias que ambos praticaram em Braga, e é importante que se explicitem as referências estabelecidas no santuário mineiro, como se percebe agora no novo museu. A originalidade genial do Aleijadinho torna-se acessível ao público, nas lições claras e precisas que se desdobram no roteiro museográfico.


São essas iniciativas de fôlego, a par dos relevantes estudos historiográficos, que oferecem olhos de ver aos que passam sem a percepção dos tesouros esquecidos à beira do caminho. Visitar Congonhas, depois do museu aberto ao lado do conjunto das capelas dos Passos, adro dos Profetas e Santuário do Bom Jesus de Matosinhos – devoção trazida do Norte de Portugal –, é descobrir, por inteiro, a vida e a obra do maior artista do Brasil. E reconhecer por que ali se preserva um patrimônio que a Unesco decidiu inscrever na herança da humanidade.


* Originalmente difundido em 2015 por ocasião do Museu de Congonhas

Reprodução

“Geraes: Arte barroca em Minas”
• De Angelo Oswaldo de Araújo Santos
• Organização: Maria G. A. de Andrade
• Editora Relicário
• 312 páginas
• R$ 79,90 (livro físico)
• Lançamento na próxima segunda-feira (18), às 19h, na sede da Academia Mineira de Letras (Rua da Bahia, 1466), em Belo Horizonte. Na ocasião, haverá debate, com mediação de João Barile e participação do escritor mineiro Silviano Santiago.

Acesse o Clube do Assinante

Clique aqui para finalizar a ativação.

Acesse sua conta

Se você já possui cadastro no Estado de Minas, informe e-mail/matrícula e senha. Se ainda não tem,

Informe seus dados para criar uma conta:

Digite seu e-mail da conta para enviarmos os passos para a recuperação de senha:

Faça a sua assinatura

Estado de Minas

Estado de Minas

de R$ 9,90 por apenas

R$ 1,90

nos 2 primeiros meses

Aproveite o melhor do Estado de Minas: conteúdos exclusivos, colunistas renomados e muitos benefícios para você

Assine agora
overflay