Acontecimentos

Pai e filho lançam livros de crônicas

Fernando Molica publica "Meninos que brincaram na Lua". O pai, José Amélio Molica, estreia na literatura aos 92 anos com "O mundo começa em Cajuri"

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Jornalista e escritor, Fernando Molica lança o décimo livro, “Meninos que brincaram na Lua”. E, desta vez, acompanhado por um estreante que conhece muito bem: o pai, José Amélio Molica, que debuta na literatura aos 92 anos com “O mundo começa em Cajuri”, resgatando memórias da infância passada na Zona da Mata mineira. “É o relato do cotidiano na área rural de uma pequena cidade. Não se tratava de uma família rica, mas também não era pobre (meu avô tinha uma fazenda, meu pai trabalhou desde cedo como boiadeiro, agricultor, fabricante de linguiça)”, conta Fernando. A seguir, pai e filho detalham, em depoimentos para o Pensar, como surgiram os dois livros, lançamentos da editora Tinta Negra.


“Sobre minhas paixões e algumas obsessões”


Fernando Molica


(autor de “Meninos que brincaram na Lua”)

“Meninos que brincaram na Lua” é meu décimo livro, o primeiro de crônicas. É uma coletânea que gira em torno de alguns temas principais, como o Rio (especialmente seus subúrbios) e o país, música, livros, amor e futebol. Ou seja, é um livro sobre minhas paixões – e algumas, admito, obsessões. As seções que delimitam cada grupo de textos não são, porém, rígidas; seria impossível estabelecer uma separação completa entre os assuntos, um puxa conversa com o outro, pede uma opinião, um palpite, quiçá uma ideia emprestada.

Desde que comecei a publicar livros, quase todos de ficção, procurei estabelecer uma fronteira entre o jornalista e o escritor, busco até sabotar a convivência entre eles. Mas a crônica permite um diálogo entre esses dois caras. Isso, por ser historicamente ligada aos jornais – como a notícia, costuma partir de uma realidade factual – e por flertar o tempo todo com a imaginação, com aquilo que pode ter acontecido.

A crônica meio que zomba da seriedade do repórter e do próprio texto jornalístico; e sorri irônica para a ficção, para o romance, para o conto – este, seu primo. Precisa ser fiel apenas ao olhar do seu autor, um sujeito que, como quem não quer nada, tem o direito de ora usar recursos de um gênero, ora de outro. E não precisa contar pra ninguém que fez isso, que rompeu o limite entre o fato e a invenção: pede mais um chope no bar da calçada enquanto o jornalista se desespera ao apurar determinado assunto e o ficcionista quebra a cabeça para dar forma e sentido à sua história.

O engraçado é que nossa dependência aos aparelhos que nos levam ao universo virtual dá à crônica um viés quase militante. Isto, por resgatar a importância do olhar sem mediação de telas ou câmeras. A visão do cronista talvez seja também um estímulo para que o leitor preste mais atenção ao que ocorre à sua volta, à vida nas ruas e nas esquinas.”

Reprodução

“Meninos que brincaram na Lua”
• De Fernando Molica
• Editora Tinta Negra
• 200 páginas
• R$ 49,85


“Escrever era uma espécie de compromisso com meus pais”


José Amélio Molica


(autor de “O mundo começa em Cajuri”)

“Lá pelas bandas dos sertões da roça, até mesmo nos distritos e povoados, a conclusão do curso primário por uma filha ou um por um filho era motivo para comemorações e festas. Para marcar esses eventos, as escolas entregavam diplomas suntuosos que eram imediatamente colocados em quadros envidraçados, expostos nas salas de visita, enfeitados por vasinhos de flores, ao lado de imagens de santos de devoção.

Meu pai, Almiro, balançava a cabeça e até sorria quando via esse tipo de cenário. Eu, criado numa fazenda em Cajuri, sempre desconfiava que ele tinha algum outro plano. Eu tinha razão, e o plano não era só dele, mas também de minha mãe, Dona Ritinha. Com muitas dificuldades, eles colocaram todos os 12 filhos para estudar, sabiam que, puxando enxadas, não chegariam a lugar algum. Isso tudo nas décadas de 1930 e 1940, não conheço nenhuma outra família da época, naquelas condições, que tenha feito algo parecido. Escrever o livro era uma espécie de compromisso com meus pais, com o exemplo que eles deram.

‘O mundo começa em Cajuri’ nasce também de uma vontade de detalhar o cotidiano de todos nós, falar da comida, das brincadeiras, dos tratamentos para doenças e do trabalho – eu, ainda criança, fui boiadeiro, capineiro e até tropeiro. Também ajudei muito a minha mãe na venda do molho de tomate e dos doces que ela fazia. Era importante contar essas histórias.”

 

Reprodução

O mundo começa em Cajuri”
• De José Amélio Molica
• Editora Tinta Negra
• 180 páginas
• R$ 42,80


Longe de Montmartre, no coração da Savassi

“Qual o segredo que se esconde em uma fazenda em ruínas nos confins de Minas Gerais?”. A pergunta surge na contracapa de “Longe de Montmartre/Loin de Montmartre”, do francês Frédéric Pagès. Poeta, cantor e compositor, Pagès faz o lançamento de seu livro de mistério e suspense (“estória do sertão que é luz, sombra e mistério como a própria vida”) neste sábado, a partir de 11h, na Livraria Quixote (R. Fernandes Tourinho, 274, Savassi). O autor dedica a edição bilíngue, aos “amigos e amigas de Minas Gerais, especialmente aqueles e aquelas de São Gonçalo do Rio das Pedras, meu porto seguro no Brasil há algumas décadas”.

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