ACONTECIMENTOS

Site reúne reflexões sobre a literatura contemporânea brasileira

Coordenado pela professora Regina Dalcastagnè, "Praça Clóvis" oferece gratuitamente resenhas de romances nacionais lançados de 1970 aos dias de hoje

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Com nome emprestado da música de Paulo Vanzolini gravada por Chico Buarque e Beth Carvalho, o site Praça Clóvis (www.pracaclovis.com) nasce com a vocação de ser um ponto de encontro coletivo com a literatura brasileira contemporânea. Mais precisamente, um mapeamento crítico da produção nacional entre 1970 e os dias de hoje, que se inicia com o impressionante número de 230 resenhas de romances (e mais 70 a serem publicadas em breve). A coordenadora, Regina Dalcastagnè, detalha o objetivo do projeto: “Dar visibilidade a uma produção importante para se pensar o Brasil, e que muitas vezes é esquecida, mas a experiência de compartilhamento coletivo de conhecimentos, de solidariedade acadêmica, de compromisso com a cultura do país não é menos relevante.”

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Professora do Instituto de Letras da Universidade de Brasília (UnB) e à frente do Grupo de Estudos da Literatura Brasileira Contemporânea (GELBC), Dalcastagnè reuniu ao longo de três anos mais de 300 pessoas de diferentes universidades do Brasil e do exterior. A partir de junho, “Praça Clóvis” será apresentado em encontros com pesquisadores de literatura brasileira na França, Itália e Inglaterra. “Teremos também resenhas de livros de contos, poesia, teatro, memórias, romance reportagem, além de entrevistas com escritores, uma reflexão sobre o mercado editorial brasileiro e trabalhos sobre a recepção da nossa literatura em diferentes países do exterior”, antecipa a coordenadora. O projeto se desdobra ainda em podcast e numa newsletter gratuita (pracaclovis.substack.com). Leia, a seguir, a entrevista do Pensar com Regina Dalcastagnè:

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Como surge “Praça Clóvis”, o site?
A ideia para esse projeto surgiu durante a pandemia, quando estava começando a escrever meu livro sobre a história da literatura brasileira contemporânea, que tem um extenso recorte, dos anos 1970 aos dias de hoje (e que será publicado até o início do próximo ano). Com bibliotecas e livrarias fechadas, com a minha sala (repleta de livros) na UnB fechada, tive que apelar para as pesquisas na internet e descobri que as informações sobre nossa literatura ali são muito escassas e pouco confiáveis. Então, percebi que nós, pesquisadores, professores, estudantes, precisamos de um material mais consistente e que respeite o trabalho feito pelos nossos escritores e escritoras. A partir dessa necessidade prática, fomos reunindo pessoas que acreditaram no projeto – e elas são muitas. Resenhistas, revisores, editores, ilustradores, o pessoal da comunicação, agora também tradutores e outros especialistas, do Brasil e do exterior.

Quais encontros são possibilitados nessa praça?
O público imaginado por esse projeto é muito amplo, vai desde pesquisadores mais experientes, que podem fazer um levantamento sobre temáticas e autores desse período, por exemplo, até estudantes do ensino médio e seus professores, que muitas vezes se sentem sozinhos ao selecionar o material para levar para a sala de aula. Mas serve também para os interessados em geral, e para todo mundo que trabalha com o livro no Brasil.


Os textos foram preparados com cuidado, para serem consistentes e claros. Todo o projeto do site foi feito com muito carinho. Então, o principal encontro talvez seja o das obras com seus possíveis leitores, mas, antes, foi da obra com um resenhista, e com um editor e um revisor e, então, com um ilustrador. A partir de agora, com o site no ar, muitos outros percursos podem ser feitos. Espero que em breve possamos ter um retorno mais claro do que está acontecendo por ali.

Como o projeto pode contribuir para a reflexão sobre a produção da literatura brasileira contemporânea?
O objetivo desse projeto é disponibilizar material de qualidade sobre nossa literatura, permitindo diferentes entradas em uma plataforma virtual, que pode ser frequentemente ampliada, atualizada e revisada. Não temos a pretensão de incluir tudo o que se produziu o país, é claro. Mas o projeto permite que se veja a literatura das últimas décadas para além dos poucos nomes que, por um motivo ou por outro, permaneceram com destaque, permitindo releituras e redescobertas.


Mas esse projeto é, também, a tentativa de construir um novo jeito de pensar e estudar a literatura, de forma coletiva, juntando pessoas de diferentes lugares e com diferentes perspectivas, uma experiência de compartilhamento coletivo de conhecimentos, de solidariedade acadêmica e de compromisso com a cultura do país.

Por que acredita que “Praça Clóvis” pode contribuir para combater o esquecimento, definido na apresentação, como “uma marca dominante na cultura nacional”? Poderia citar exemplos?
Os exemplos seriam muitos. Vou citar apenas dois, que não aparecem no site porque eram contistas e, por enquanto, estamos apenas com romances. Samuel Rawet foi um dos principais responsáveis pela renovação da narrativa brasileira, a partir de 1956, quando publicou “Contos do imigrante”, uma obra cuja influência no que se produziu depois foi provavelmente maior do que a de “Grande sertão: veredas”, que é do mesmo ano. Mas Rawet vive sendo “redescoberto” e nunca recebe a atenção que mereceria. Outro caso é o de Renard Perez, contista de obra pequena, mas de enorme talento, que foi praticamente esquecido nas últimas décadas.

Como aparecem os autores mineiros no site?
Há 21 romances de mineiros resenhados, quase 10% do total, com grande variedade de autoria e temática. É pouco para abraçar toda a literatura de Minas Gerais (e o mesmo se pode falar das outras unidades da federação), mas já é um bom começo. Afinal, o portal é um trabalho em permanente evolução.



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