SOBRE O SALÁRIO MÍNIMO
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Siga no“O brasileiro sonha, todos os anos, com o aumento do salário mínimo. É o momento em que o trabalhador pensa: 'Agora vai sobrar um pouco mais no fim do mês'. Mas, quando o dinheiro cai na conta, a realidade já fez o saque antecipado. O supermercado aumentou antes, o botijão de gás não esperou, a conta de luz também não. Resultado: o salário chega novo, mas já nasce velho. Os números não deixam margem para otimismo. A inflação da comida sobe mais rápido que o índice aplicado ao salário mínimo. A cesta básica corre, o salário anda. E quando se encontram no caixa, quem paga a conta é sempre o trabalhador. Na prática, o brasileiro vê o seu salário mínimo virar 'salário mínimo-menos'. Menos carne, menos leite, menos remédio. É o aumento que não aumenta, o reajuste que não reequilibra. E, enquanto isso, as contas domésticas se multiplicam como juros de cartão de crédito. Já diziam os antigos 'em economia, não existe almoço grátis'. O aumento do salário mínimo custa caro ao governo e não garante alívio real ao trabalhador. O resultado é um paradoxo: o país gasta mais, mas o povo continua com menos. Sem ajustes estruturais, o efeito é previsível: arcabouço fiscal pressionado, despesas cortadas onde dói – saúde, educação, investimentos – e carga tributária maior. No fim, o que deveria ser avanço social vira armadilha econômica. O trabalhador sonha com o aumento, mas acorda com a ressaca: antes mesmo de sentir o peso do novo salário no bolso, já deve o dobro no supermercado. E o Brasil, que promete mais justiça social, entrega mais desigualdade.”
GREGÓRIO JOSÉ
Belo Horizonte