editorial

Brasil precisa enfrentar a cadeia da violência de gênero

A sociedade brasileira não pode aceitar que o país se transforme, cada vez mais, em um território de perigo para meninas e mulheres

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Com a realização do Agosto Lilás, o Brasil dedicou o último mês para desenvolver campanhas de conscientização e combate à violência contra a mulher, celebrando a Lei Maria da Penha. Mas, infelizmente, a realidade cruel que envolve esse tipo de crime se mostra implacável e, em meio aos eventos, a divulgação do Mapa Nacional da Violência de Gênero comprova que ainda há muito a ser feito.


Na terça-feira passada, números organizados a partir de dados extraídos do Ministério da Justiça e Segurança Pública revelaram que o país apresentou média de quatro feminicídios e 187 estupros de mulheres por dia no primeiro semestre de 2025. O levantamento coloca, também, que 718 mulheres morreram em razão do seu gênero de janeiro a junho deste ano, conforme os registros de ocorrências. O bárbaro diagnóstico expõe a falha nos mecanismos de proteção e escancara a gravidade desse contexto.


Um recorte mais amplo mostra que, desde a criação da Lei do Feminicídio, em 2015, o Brasil contabilizou 12.380 vítimas desse crime, e a média de quatro homicídios por dia se repete há cinco anos. Esse cenário que se mantém evidencia o que é constatado pelas mulheres país afora: a necessidade urgente de melhorar a articulação para o enfrentamento da violência de gênero.


As estatísticas assustadoras não podem ser consideradas de interesse apenas da parcela da população que, diariamente, está na mira dos abusos domésticos e dos ataques nas ruas. O tema não pode continuar sendo tratado como algo da esfera da moral e particular. Acabar com a violência contra as mulheres é uma responsabilidade da gestão pública e deve ser encarada como prioridade.


A rede de atendimento e enfrentamento, especialmente fora das capitais e das grandes cidades, precisa garantir resposta rápida e eficaz às denúncias e pedidos de ajuda. Para isso, todas as esferas da administração pública – federal, estadual e municipal – têm de pensar em orçamento e planejamento para fortalecer os serviços de apoio.


Informação e mobilização são fundamentais, porém medidas práticas e eficientes não podem deixar lacunas que impeçam à vítima encontrar mecanismos de fuga diante da cadeia de violência que se coloca à sua frente. As falhas de proteção, muitas vezes, prendem as mulheres em um ciclo de medo, motivado por vergonha e dependência financeira.


A sociedade brasileira não pode aceitar que o país se transforme, cada vez mais, em um território de perigo para meninas e mulheres. Essa epidemia de violência precisa ser contida, e o Estado, o Judiciário e as forças de segurança, especialmente as polícias especializadas, têm que executar ações de forma conjunta diante do quadro alarmante.


O abuso sexual, a morte e a agressão por gênero não podem fazer parte do cotidiano nacional. As políticas públicas precisam amparar as mulheres presas em relacionamentos violentos, oferecendo a elas a certeza de que há caminho longe desse horror.

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