Vacina contra HPV é medida essencial
O Brasil tem a meta de eliminar o câncer de colo de útero como problema de saúde pública
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Siga noO Brasil tem um desafio pela frente, de proporções globais. O país é signatário de uma estratégia lançada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2020, com uma meta a ser alcançada nos próximos cinco anos: eliminar o câncer de colo de útero como problema de saúde pública. Trata-se de um esforço coletivo no enfrentamento de uma doença que, a cada ano, registra 630 mil casos novos pelo mundo. O tumor no colo de útero responde por 4,5% de todos os cânceres diagnosticados no planeta.Assim como ocorre com outros tipos de neoplasias malignas, o combate a essa enfermidade depende de uma ação importantíssima: a prevenção. E está fundamentada em um tripé: vacina contra o vírus HPV, rastreamento mais eficiente do patógeno e tratamento adequado de lesões. Trata-se de passos fundamentais para evitar o surgimento de 17 mil casos de câncer de colo de útero por ano no Brasil, além de reduzir custos na rede pública de atendimento.
É importante salientar que o Sistema Único de Saúde (SUS) dispõe de um instrumental relevante para avançar nessa batalha. A primeira ferramenta é a vacina quadrivalente contra o HPV, disponível na rede pública. Em 2024, o Brasil alcançou 82% de cobertura vacinal entre meninas de 9 a 14 anos. Registre-se o esforço do Ministério da Saúde não apenas na imunização das crianças e adolescentes, mas também no resgate vacinal de jovens de 15 a 19 anos que não se vacinaram anteriormente. Essa meta específica, contudo, ainda está longe de ser cumprida.
O desafio permanece igualmente na imunização do gênero masculino. Entre os meninos de 9 a 14 anos, a taxa de cobertura está em apenas 67%. É importante lembrar que, além do tumor no colo de útero, o vírus HPV está associado a cânceres de ânus, pênis, garganta e pescoço. Pode provocar, ainda, verrugas genitais.
Em relação à vacinação do gênero feminino, o Brasil obteve importantes avanços nos últimos anos, mas ainda não alcançou a meta estabelecida pela OMS para 2030. A estratégia global contra o câncer de colo de útero prevê 90% das meninas vacinadas até os 15 anos. Campanhas de conscientização são fundamentais, particularmente porque há muita desinformação em relação ao HPV – existe um temor infundado de que a imunização estimularia precocemente a iniciação sexual.
Especialistas afirmam que essa ideia constitui um perigoso equívoco. “A vacina é sobre prevenção de câncer, não sobre comportamento”, esclarece a infectologista Marina Della Negra, diretora médica da MSD Brasil. A médica explica os benefícios da imunização: “Quando o indivíduo (vacinado) entra em contato com o HPV, o organismo já está preparado para combatê-lo e evitar a infecção”.
Razões econômicas também justificam o trabalho preventivo. Estudos indicam que a eliminação do câncer de colo de útero redundaria em um ganho de R$ 32 bilhões para o SUS até 2069 – o equivalente a 13% do orçamento previsto para o Ministério da Saúde em 2026. É preciso, portanto, que a sociedade faça a sua parte, em benefício de todos.