editorial

Reações acertadas aos ataques de Trump

Diante de ameaças à soberania nacional, o caminho adequado é a ação coordenada entre Executivo, Legislativo e Judiciário

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e outras autoridades brasileiras têm agido com correção ao preparar uma resposta institucional aos ataques injustificáveis do presidente Donald Trump contra a economia e a democracia do Brasil. Diante de ameaças à soberania nacional, o caminho adequado é a ação coordenada entre Executivo, Legislativo e Judiciário – dentro dos marcos legais, com serenidade e firmeza, e nos fóruns internacionais.


Carl von Clausewitz, teórico prussiano da guerra, ensinou que “a guerra é a continuação da política por outros meios”. No mundo atual, sanções econômicas, tarifas unilaterais e retaliações diplomáticas são formas de conflito travadas sem armas, mas com as estratégias de guerra. A política comercial agressiva de Trump se insere nessa lógica. A nova rodada de tarifas contra produtos brasileiros, incluindo aço, alumínio e agrícolas, deve ser interpretada não apenas como protecionismo, mas como instrumento de coerção.


Em 2023, os Estados Unidos foram o segundo maior parceiro comercial do Brasil, com US$ 88,7 bilhões em trocas bilaterais. As exportações brasileiras somaram US$ 36,3 bilhões, lideradas por petróleo, semimanufaturados de ferro e aeronaves. Já as importações atingiram US$ 52,4 bilhões, com destaque para máquinas, eletrônicos e produtos químicos. A escalada tarifária colocará em risco milhares de empregos e setores estratégicos da indústria nacional.


A resposta brasileira deve ser pragmática e inteligente. É necessário acionar mecanismos da OMC, articular-se com parceiros estratégicos – como União Europeia, países do Sul Global e os demais membros do Brics – e reforçar o diálogo com atores internos nos Estados Unidos, especialmente com nossos parceiros comerciais, no Congresso e nos governos estaduais.


Mais do que uma disputa comercial, o Brasil enfrenta o avanço de uma estratégia política autoritária transnacional, que inspira parte da extrema direita brasileira. A retórica golpista, já condenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) nos atos de 8 de janeiro de 2023, reaparece agora travestida de discurso antiglobalista e de alinhamento automático ao governo Trump e ao movimento Maga (America Great Again, Torne a América Grande Novamente, em português).


Não se trata de repetir erros do passado nem de alimentar confrontos ideológicos esquerda versus direita. Trata-se de defender a democracia e os interesses nacionais com os instrumentos do direito, da diplomacia e da razão. O eixo da reunião do Brics no Rio de Janeiro, nesta semana, não deu as costas ao Ocidente, apenas reafirmou o multilateralismo, que precisa ser reformado, mais equilibrado e eficaz, até para que os países em desenvolvimento possam mitigar os efeitos deletérios do protecionismo exacerbado e da agressividade tarifária dos EUA.


O tempo das alianças históricas se encerrou para os Estados Unidos, haja vista suas posições em relação ao Canadá, ao México e ao Japão. O mundo caminha para uma ordem mais fragmentada e instável. Nela, o Brasil precisa combinar sobriedade diplomática com defesa firme da legalidade e da soberania. A lição de Clausewitz continua válida: política e guerra não se separam – mas a política deve prevalecer.

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