editorial

Telas, redes sociais e leis

Autor do best-seller "A Geração Ansiosa" destaca que o Brasil tornou-se exemplo mundial a ser seguido em relação ao controle do uso de celulares nas escolas

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Nesta semana, veio ao Brasil um dos principais psicólogos sociais da atualidade, Jonathan Haidt, autor do livro “A Geração Ansiosa - Como a infância hiperconectada está causando uma epidemia de transtornos mentais”, obra que se popularizou por enfatizar os prejuízos para o desenvolvimento infantojuvenil do uso das telas – seja por meio de smartphones, seja pelas redes sociais. Haidt apresentou números e fez paralelos instigantes sobre a relação entre a tecnologia e os riscos do consumo excessivo desses meios para a saúde física e mental, especialmente de crianças e adolescentes.


É importante destacar que, recentemente, mais exatamente em 18 de fevereiro último, o governo brasileiro, a partir do Decreto nº 12.385/2025, regulamentou a Lei nº 15.100/2025, proibindo o uso de celulares e outros dispositivos eletrônicos no ambiente escolar. Pouco mais de três meses após o início da vigência das novas regras, Haidt, que também é professor universitário, elogia o Brasil: segundo ele, o país tornou-se um exemplo mundial a ser seguido.


Não restam dúvidas de que o decreto brasileiro reduziu drasticamente a fixação dos usuários por esses dispositivos, pelo menos nas escolas, numa faixa etária em pleno desenvolvimento físico e intelectual. A comunidade escolar agradece, com destaque para os professores, que têm notado resultados positivos no que diz respeito à maior concentração nos estudos, à participação em sala de aula e à socialização entre seus pares. Sem dúvida, um avanço no âmbito educacional.


Outro ponto importante destacado por Haidt é o impacto diferenciado das tecnologias sobre meninos e meninas. Enquanto eles são imediatistas, focados mais em games que em redes sociais, o que os torna dependentes, elas preferem as redes, “investigam” quem é amigo de quem, se interessam por fofocas e exclusões e são mais assediadas pelos meninos (que pedem “nudes”), o que impacta negativamente a saúde mental delas.


Ainda é muito cedo para afirmar que a proibição do uso de celulares nas escolas funcionou 100%, o que é justificável. O início da implementação da lei foi meio conturbado; parte da sociedade civil criou alguma resistência, assim como parte da comunidade escolar se sentia confortável em manter os alunos “ocupados” (adestrados) na hora dos intervalos. Por outro lado, algumas escolas, especialmente da rede pública, conduziram as regras rigidamente, reduzindo a quase zero o uso dos dispositivos até mesmo pelos professores, o que é permitido para fins pedagógicos ou, em último caso, para situações emergenciais.


Melhor mesmo seria o uso consciente da tecnologia, sem repressão, sem vigília. Haidt defende, como próximos passos, um exercício maior de relacionamento entre pais e filhos. Conversar, monitorar, alertar para os riscos. Nada de telas na hora de dormir e tempo limitado de acesso a esses dispositivos.


Como essas crianças e adolescentes se tornarão experts com o tempo de uso, saberão fazer artimanhas para esconder o que não querem revelar. Por isso, o autor reforça a importância de “retardar” ao máximo o uso dos smartphones, quem sabe até 16 anos. Vide o exemplo da Austrália, onde o acesso a redes sociais é proibido para menores de 16 anos.


Enfim, em um Brasil que se posiciona como o quinto de 193 países com a maior quantidade de usuários de smartphones no planeta, vê-se que o mundo real ainda está muito longe do ideal.

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