O jovem brasileiro precisa de oportunidades
A juventude conectada tem um papel crucial no dinamismo do mercado e nos novos modelos de negócio
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Presidente do Sistema Ocemg
Precisamos acabar com os rótulos negativos que a sociedade insiste em colocar nos jovens brasileiros. A começar pelo título de “nem-nem” – nome simplista e jocoso, que desconsidera os desafios enfrentados pelos jovens entre 18 e 29 anos que não estudam nem trabalham, os quais, diga-se de passagem, representam uma minoria.
De acordo com os últimos dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em dezembro de 2024, apenas 21,2% dos jovens brasileiros estavam fora das universidades ou do mercado de trabalho. Este é o menor percentual desde o início da série histórica, em 2012. E eu acredito que esse número pode e vai cair ainda mais nos próximos anos se oferecermos a eles algo muito simples: oportunidades.
Mais do que estatísticas, a rotulada geração "nem-nem" representa milhões de histórias interrompidas, repletas de potencial que, com o suporte adequado, poderiam ser redirecionadas para um futuro promissor. E a única maneira de mudar essa situação é acreditando nos jovens, abrindo as portas do mercado de trabalho para eles, como o cooperativismo tem feito ao longo dos anos.
Eu mesmo sou a prova de que o jovem só precisa de uma boa oportunidade para mudar de vida. Nunca fui o melhor aluno do mundo em matemática e cheguei a ouvir de um professor que eu jamais me formaria e que não tinha raciocínio lógico. Contudo, por ter quem acreditasse em mim, pois a estrutura familiar é crucial nesse momento, fui adiante. Ainda bem jovem consegui emprego em uma cooperativa. Durante um ano, aprendi a lidar com pessoas e desenvolvi meu gosto por servi-las. Essa experiência foi essencial para minha formação. Passei por diversas funções e, após 41 anos, me aposentei como presidente da cooperativa. Hoje, com cinco títulos universitários, um mestrado e um doutorado, tenho orgulho de dizer que superei aquele desafio inicial. A experiência me ensinou algo fundamental: não podemos permitir que subestimem a juventude.
Dentro do cooperativismo, já ouvi centenas de histórias sobre jovens que agarraram com unhas e dentes as oportunidades que tiveram e, hoje, são líderes que inspiram outros colaboradores a fazer o seu melhor. Conheço jovens com 20 e poucos anos que têm o brilho nos olhos de quem vai fazer ainda muito pelo coop, por Minas Gerais e pelo Brasil. Por isso, é essencial formar novas lideranças, preparar jovens para tomarem decisões ágeis e eficazes, especialmente em um mundo cada vez mais digital. A juventude conectada tem um papel crucial no dinamismo do mercado e nos novos modelos de negócio. Precisamos de jovens e da fluência digital que eles têm. De uma nova geração de profissionais que entendem de digitalização, robotização e inteligência artificial.
Nós, dirigentes, temos a responsabilidade de apoiar e capacitar a juventude. Aqui, em Minas Gerais, temos nesse trabalho com os jovens uma mola propulsora para futuros líderes. Nosso papel é inspirá-los a sonhar grande, ampliar habilidades e seguir construindo um futuro melhor, sem nos esquecermos de que a velhice é o jovem que deu certo.
Hoje, o Sistema Ocemg conta com um programa que estimula as cooperativas do estado a contratarem jovens entre 14 e 24 anos, o Aprendiz Cooperativo. Fechamos o ano de 2024 com 455 aprendizes ativos em BH e nas cidades do interior, reforçando o compromisso de inserção desse público no mercado de trabalho. Temos programas como os Encontros Estaduais de Jovens Cooperativistas e o Comitê Estadual Geração C, que têm apresentado resultados incríveis, sendo replicados por toda Minas Gerais.
A cooperação é o caminho para transformar o mercado de trabalho e oferecer aos jovens oportunidades reais de crescimento e realização. O cooperativismo é mais do que uma alternativa: é uma porta de entrada para experiências profissionais que valorizam o esforço coletivo, a igualdade e o desenvolvimento humano. Os jovens têm o poder de inovar, liderar e construir um futuro mais próspero e sustentável, e o cooperativismo oferece o espaço ideal para que isso aconteça. Juntos, sonhamos alto e, com determinação, transformamos esses sonhos em conquistas concretas. Afinal, o cooperativismo não é uma opção, é a determinação de estar no caminho correto.