Março joga luz sobre a endometriose
Doença impacta a qualidade de vida da mulher a ponto de tornar-se incapacitante, impedindo as atividades laborais ou até mesmo cotidianas
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Siga noO mês de março concentra três cores no calendário da saúde – amarela, azul-marinho e lilás. Ontem (13/3) foi o Dia Nacional de Luta contra a Endometriose, data que integra o Março Amarelo. A principal característica da doença é que ela ocorre quando o tecido endometrial surge fora do útero quando deveria permanecer apenas em seu interior.
A endometriose é considerada inflamatória e crônica, com sintomas bastante definidos, entre os quais cólicas fortes durante o período menstrual, mas também fora dele, dor durante e após as relações sexuais, fadiga extrema, inchaço abdominal, dor e/ou sangue na urina, entre outros, ou seja, impacta a qualidade de vida da mulher a ponto de tornar-se incapacitante, impedindo as atividades laborais ou até mesmo cotidianas.
As estatísticas refletem esse quadro. Segundo a Associação Brasileira de Endometriose e Ginecologia Minimamente Invasiva (SBE), sete milhões de brasileiras sofrem com a endometriose, ou seja, uma em cada 10 mulheres, o que não significa necessariamente que elas sejam diagnosticadas ou até mesmo recebam o tratamento adequado. Mais de 30% dos casos levam à infertilidade e 57% das pacientes têm dores crônicas. Em termos mundiais, as estimativas são de que 200 milhões de meninas e mulheres sejam atingidas pela endometriose.
Os tipos da doença são vários e podem acometer outros órgãos igualmente importantes como ovário e trompas (ovariana), regiões próximas ao útero (pélvica), peritônio (peritoneal), ou toda a região pélvica, entre a bexiga e o intestino (endometriose profunda).
Recentemente, um estudo desenvolvido por cientistas dinamarqueses mostrou a relação entre a endometriose e um aumento no risco de eventos cardiovasculares – a exemplo de arritmias, como a fibrilação atrial (24%), infarto e derrame (15%), e insuficiência cardíaca (11%).
A boa notícia é que, assim como a medicina, a fisioterapia também evoluiu exponencialmente. No caso da endometriose, a fisioterapia pélvica é um dos tratamentos mais adequados para a melhoria da qualidade de vida da mulher com essa doença, especialmente no que diz respeito aos episódios de dor.
Um estudo divulgado pela Universidade do Cairo, no Egito, revelou que exercícios físicos regulares também podem reduzir a dor, melhorar a postura e quebrar o ciclo de desconforto associado à endometriose. Nos casos mais graves, analgésicos, medicamentos hormonais e a retirada completa do tecido via cirurgia são alguns dos recursos recomendados pelos especialistas.
Nos últimos anos, os atendimentos na atenção primária do Sistema Único de Saúde (SUS) relacionados à endometriose têm crescido. Em 2022, foram contabilizados 82.693 atendimentos, 115.765 em 2023 e dados preliminares indicam 145.744 atendimentos em 2024. Nos atendimentos, estão incluídos consultas, exames, medicamentos, psicoterapia, nutrição, cirurgia, e fisioterapia.
Mas a luta continua. Durante este mês, estão sendo realizadas campanhas de conscientização em torno da doença por todo o país. Que baixem os números.