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Editorial

Criatividade para dar a volta por cima na economia

São Paulo lidera o ranking, com 9,8% dos trabalhadores em ocupações criativas em relação aos ocupados. Minas Gerais está na 17ª posição

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Os brasileiros chamam a atenção pela criatividade, povo conhecido por ser capaz de contornar as adversidades conjunturais do momento e dar a volta por cima. Essa habilidade tem movimentado a economia criativa, um segmento heterogêneo — que abrange artesanato, moda, artes, cultura, mídia, entretenimento, gastronomia, inovação tecnológica, informática, arquitetura e urbanismo — e com potencial para movimentar a economia nacional. Estimativa mais recente indica que 8,2 milhões de pessoas atuam no setor — conforme o Boletim de Emprego do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), divulgado no segundo trimestre de 2024 —, responsável por 3,11% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, segundo o Observatório Nacional da Indústria (ONI).

O Distrito Federal é um dos destaques nacionais. É a segunda unidade federativa em percentual de trabalhadores da economia criativa. Segundo o Dieese, 9,7% dos trabalhadores da capital (130 mil formais) atuam no setor e produzem cerca de R$ 10 bilhões por ano, contribuindo com 3,5% para o PIB local. Não à toa, o DF dispõe de políticas pública para a economia criativa, como incentivos fiscais, programas e apoio ao empreendedorismo — a exemplo o Fundo de Apoio à Cultura (FAC) e a Lei de Incentivo à Cultura (LIC), no âmbito da Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec) —, além de contar com um elevado número de instituições culturais, festivais, universidades e polos tecnológicos.

São Paulo lidera o ranking, com 9,8% dos trabalhadores em ocupações criativas em relação aos ocupados. Em terceiro, estão Rio de Janeiro e Ceará, com 9,3%, seguidos de Rio Grande do Sul (8,5%), Santa Catarina (8,4%) e Paraíba (8,1%). Minas Gerais está na 17ª posição, empatado com o Espírito Santo (7%).

Apesar de promissor, a economia criativa é desafiante tanto na capital federal quanto em outras unidades da Federação. O economista Riezo Silva lista uma série de desafios a serem vencidos, como “maior acesso ao crédito, formação especializada e melhoria da infraestrutura de espaços culturais e tecnológicos”. Pouco menos da metade, 42,2%, dos trabalhadores do setor encontrava-se na informalidade no levantamento de 2024 — condição acima da média nacional considerando todos os segmentos da economia, de 38,6%.

Para especialistas, esse segmento tem potencialidade para prosperar e reduzir significativamente o desemprego, absorvendo brasileiros que, mesmo com pouco letramento, têm capacidade de produzir arte de qualidade. Isso vale também aos jovens, principalmente das camadas mais empobrecidas das periferias urbanas, carentes de conhecimento, profissionalização e renda. Há ainda a possibilidade de a economia criativa romper a discrepância entre gêneros no país. Dados do governo revelam que, das 98 milhões de pessoas economicamente ativas, 52% são mulheres. Porém, só 46% delas têm espaço no mercado de trabalho formal, enquanto 66% dos homens estão empregados.

São muitas as mães solo, as mulheres de meia-idade e as idosas que sobrevivem por meio do artesanato e das guloseimas nas ruas das cidades, mas com todas as dificuldades da informalidade. Políticas públicas direcionadas a esse público, linhas de financiamento acessíveis e projetos que estimulem a produção e o comércio colaborativos de produtos e serviços da economia criativa são alguns dos caminhos que podem ajudá-las a trabalhar, com segurança, por condições dignas de vida.

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