Notícia divulgada na última semana movimentou as autoridades brasileiras da área de saúde de maneira positiva. O Brasil avançou na imunização infantil como um todo e deixou de fazer parte da lista dos 20 países com mais crianças não imunizadas no mundo. Os dados foram lançados em parceria pelo Unicef e pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a partir de um estudo sobre imunização infantil no mundo (WUENIC).


Surpreendentemente, os dados globais são inversamente proporcionais. A cobertura global de imunização infantil ficou estagnada em 2023, deixando 2,7 milhões de crianças a mais não vacinadas ou com imunização incompleta, em comparação aos níveis pré-pandemia de 2019, de acordo com o WUENIC.


O salto no Brasil foi significativo. Em 2021, 687 mil crianças não haviam recebido nenhuma dose da DTP1 (difteria, tétano e coqueluche ou pertussis). Esse número caiu para 103 mil no ano passado. Já a DTP3 caiu de 846 mil para 257 mil nos mesmos anos. Essa vacina integra o Calendário Nacional de Imunizações. Com esses novos dados, o Brasil saiu do 7º lugar do ranking para nem constar mais da lista, apresentando uma evolução em 14 dos 16 imunizantes pesquisados.


Em Belo Horizonte, inclusive, foi publicado no Diário Oficial do Município (DOM), na última quinta-feira (18), um decreto obrigando os estudantes da rede municipal de ensino a apresentarem a comprovação da situação vacinal ao realizar o cadastro ou a renovação da matrícula.


A boa notícia, no entanto, não apaga o rastro de anos de baixa cobertura vacinal que o Brasil deixou, principalmente em 2016, quando foi registrada uma queda vertiginosa nos índices de vacinação, e a partir de 2020, quando os números de doses utilizadas não chegaram a 70%, bem aquém dos 95% recomendados pela OMS.


Também não apaga o temor do retorno de doenças consideradas controladas ou erradicadas em terras brasileiras, a exemplo do sarampo (vírus voltou a circular no país em 2018) e da poliomielite (últimos registros em 1990), temas que tomaram as páginas dos jornais recentemente, diante da baixa frequência de crianças abaixo de 5 anos nos postos de saúde.


Prova disso é a nova onda de casos de coqueluche, registrada nos dois últimos meses, especialmente nos estados de São Paulo (165 casos), Rio de Janeiro (34 casos), Minas Gerais (15 confirmados e 89 em investigação) e Rio Grande do Sul (14 confirmados e oito em investigação). Sem falar na febre amarela, quatro vezes registrada este ano no Brasil e que deixa em alerta autoridades médicas de todo o país.


Os desafios persistem e envolvem uma série de ações, que vão desde a busca incansável por meninos e meninas que ainda não receberam vacinas até o envolvimento de serviços de saúde, escolas, pais, autoridades governamentais, enfim, de toda a sociedade no sentido de elevar as taxas de vacinação no Brasil e no mundo, tornando os 95% de cobertura vacinal recomendados pela OMS algo atingível ainda que nos próximos anos.