Camboja

Brasileira está presa injustamente no Camboja e é vítima de tráfico humano, diz irmã

Arquiteta acusada de tráfico de drogas será julgada na madrugada desta quinta no país asiático

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A família da brasileira Daniela Marys, 36, afirma que ela está presa injustamente há sete meses no Camboja e foi vítima de tráfico humano. Daniela é acusada de tráfico de drogas, e a família sustenta que substâncias ilegais foram plantadas em seus pertences.

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O julgamento do caso dela deve acontecer na madrugada desta quinta-feira (23) no país do Sudeste Asiático. Em entrevista à reportagem, a irmã dela, Lorena Oliveira, conta que até hoje a família não sabe qual substância Daniela é acusada de ter portado -autoridades afirmam somente que ela possuía três cápsulas.

Ela explica que a irmã, que é arquiteta, viajou ao Camboja em 30 de janeiro, após receber uma proposta de emprego na área de telemarketing.

 A família ficou preocupada com a ideia, mas Daniela dizia que seria algo provisório para juntar dinheiro e retornar ao Brasil. A irmã afirma que Daniela já teve experiências internacionais -nos Estados Unidos e em Dubai- e que nunca havia tido problemas.

Logo após chegar no país, segundo a irmã, ela percebeu que o complexo onde trabalhava e morava era estranho e se incomodou com o fato de ter que entregar o passaporte na chegada.

Pouco depois, descobriu que o trabalho consistia em aplicar golpes em brasileiros. Entrou em desespero e pediu para deixar o local. Segundo Lorena, no dia 26 de março, policiais apareceram no dormitório e anunciaram sua prisão por posse das cápsulas.

A partir daí, começaram as dificuldades da família para conseguir contato com Daniela. Lorena relata que, após a prisão, golpistas que estavam em posse do telefone da brasileira ainda aplicaram um golpe, obrigando a família a transferir R$ 27 mil.

Daniela está detida na prisão provincial de Banteay Meanchey, na cidade de Sisophon. A irmã afirma que o local é superlotado e que Daniela divide a cela com outras 89 detentas. "Elas precisam fazer revezamento porque não tem como todas dormirem ao mesmo tempo", diz Lorena, que relata que, há poucas semanas, Daniela teve um problema de saúde decorrente de uma infecção e precisou ser levada ao hospital.

Todos os gastos com comida, água e itens de higiene usados por Daniela na prisão precisam ser pagos pela família. Por isso, foi criada uma vaquinha online para arrecadar R$ 60 mil, a fim de cobrir as despesas já acumuladas, incluindo o valor que poderá ser necessário para o retorno dela ao Brasil.

A comunicação com ela dentro da penitenciária é difícil: a família precisa custear as ligações, que duram poucos minutos. Nesta quarta-feira (22), conseguiram falar com ela durante a madrugada. "Ela está aflita [com o julgamento], mas tentamos acalmá-la", conta Lorena.

Além de todos os problemas que enfrenta, a família afirma que tentou contato com o Itamaraty e com a Embaixada do Brasil no país, mas que o apoio tem sido quase inexistente, e a comunicação, dificultosa. A Folha procurou o Ministério das Relações Exteriores e questionou sobre as críticas da família de Daniela, mas a pasta não respondeu.

Em nota, o ministério informou que a Embaixada do Brasil em Bancoc tem conhecimento do caso e vem realizando gestões junto ao governo cambojano, prestando a assistência consular cabível, em conformidade com a Convenção de Viena sobre Relações Consulares e com o Protocolo Operativo Padrão de Atendimento às Vítimas Brasileiras do Tráfico Internacional de Pessoas.

A pasta acrescenta que atua em iniciativas de prevenção e que, desde a identificação dos primeiros casos de tráfico humano na região, em 2022, publicou um alerta sobre o aliciamento de brasileiros.

Em fevereiro de 2025, foi emitido um novo alerta. No comunicado, o ministério informa que os golpes ocorrem por meio de propostas de emprego em call centers -como no caso de Daniela- e em cassinos, onde as vítimas acabam submetidas a condições análogas à escravidão, forçadas a aplicar fraudes cibernéticas e a aliciar outras pessoas da mesma nacionalidade.

Em 2024, o Brasil anunciou a decisão de abrir uma embaixada em Phnom Penh. Em junho deste ano, o Senado aprovou a indicação de Vivian Loss Sanmartin como a primeira embaixadora do Brasil no Camboja.

Segundo o Senado, a embaixada deverá acompanhar os casos de brasileiros vítimas de tráfico humano e de condições de trabalho degradantes no país.

Atualmente, estima-se que cerca de 20 brasileiros residam no país asiático. Nove brasileiros contratados para trabalhar em centros de crime cibernético foram repatriados entre 2022 e 2023.

O Ministério das Relações Exteriores informou ainda que, no ano passado, prestou assistência a 63 brasileiros em situação de tráfico de pessoas, sendo 41 deles no Sudeste Asiático.

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Em nota, o Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Minas Gerais manifestou solidariedade à família da Daniela. "Da mesma forma, expressa apoio aos ex-alunos da 1ª Turma de Formandos da Escola de Arquitetura e Urbanismo da UFMG, 1°sem/2014/noturno, sensíveis à situação da colega."

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