Venezuela insiste em que cobrará gás que explora nas águas de Trinidad e Tobago
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A Venezuela insistiu nesta quarta-feira (22) em que Trinidad e Tobago terá que pagar pelo gás que produzir em um campo localizado em águas venezuelanas, depois que os Estados Unidos autorizaram o país insular a retomar sua operação.
A permissão americana foi anunciada há duas semanas, em meio ao envio de navios de guerra dos Estados Unidos ao Caribe para operações contra o narcotráfico, apoiadas por Trinidad e Tobago.
O campo de Dragão possui 120 bilhões de metros cúbicos de gás e está situado no nordeste da Venezuela, muito próximo à fronteira marítima com Trinidad e Tobago.
"O gás da Venezuela tem que ser pago", declarou a vice-presidente venezuelana, Delcy Rodríguez, em um fórum empresarial. "Qualquer molécula que seja exportada, não apenas para Trinidad e Tobago, deve ser paga."
"Isto é cooperação internacional, são relações comerciais naturais", acrescentou.
As condições de pagamento do acordo assinado em 2023 entre os dois países e a Shell para a produção e exportação do campo ainda não estão claras.
Os Estados Unidos autorizaram a operação em meio ao embargo petrolífero imposto por Washington à Venezuela há seis anos.
Mas essa permissão foi revogada em abril, como parte de uma série de suspensões de licenças ordenadas pelo presidente Donald Trump para impedir que companhias petrolíferas operassem na Venezuela, embora posteriormente tenha autorizado uma operação limitada da Chevron.
A nova autorização foi concedida dias depois de uma reunião entre a primeira-ministra trinitense, Kamla Persad-Bissessar, e o chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Marco Rubio, durante a Assembleia Geral das Nações Unidas.
Persad-Bissessar apoiou o destacamento militar americano no Caribe, o que lhe rendeu críticas de Caracas.
"Venderam a falsa ideia de que vão tirar o gás da Venezuela para entregá-lo de graça a Trinidad. Vocês acham que isso é possível?", afirmou Rodríguez, sem apresentar provas para sustentar a alegação.
Trinidad e Tobago é o segundo maior produtor de gás do Caribe, mas passa por uma recessão econômica que mantém 20% da população abaixo da linha da pobreza e vê no projeto uma oportunidade de desenvolvimento.
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