Internacional

Leão XIV descarta qualquer reforma sobre diaconisas e fiéis LGBTQ+

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O papa Leão XIV enviou uma mensagem de tranquilidade aos católicos ao descartar reformas na doutrina em relação às mulheres diaconisas, aos fiéis LGBTQ+ e ao casamento homossexual, após o abalo que seu predecessor, Francisco, causou no setor mais conservador da Igreja.

O pontífice americano de 70 anos revisou os desafios em uma entrevista no último capítulo do livro "Leão XIV: cidadão do mundo, missionário do século XXI", que será lançado nesta quinta-feira em Lima.

Na entrevista concedida à jornalista Elise Allen, a primeira publicada desde sua eleição em maio, Leão XIV fechou a porta para eventuais mudanças na agenda mais tradicional da Igreja Católica.

"Parece-me muito improvável, certamente em um futuro próximo, que a doutrina da Igreja mude em relação ao que ensina sobre sexualidade e matrimônio", afirmou.

Leão XIV também se alinhou com seu antecessor a respeito do "papel da mulher na Igreja": "Espero seguir os passos de Francisco, incluindo a designação de mulheres em alguns cargos de liderança, em diferentes níveis".

No entanto, assegurou que não tem "a intenção de mudar o ensinamento da Igreja" que exclui a ordenação de diaconisas.

Com relação ao acolhimento dos fiéis LGBTQ+, o bispo de Roma admitiu que se trata de um "tema altamente polarizador", mas que não promoverá a polêmica, mantendo assim a mesma posição já assumida pela Igreja.

"Todos estão convidados a entrar, mas não convido uma pessoa porque seja ou não de uma identidade específica".

Acrescentou que seguirá reconhecendo "a família tradicional", formada por pai, mãe e filhos, cujo papel "tem sofrido nas últimas décadas" e deve ser "fortalecido".

- Acusações falsas -

O então cardeal Robert Prevost foi eleito para liderar os 1,4 bilhão de católicos no mundo após o falecimento de Francisco, aos 88 anos, em abril.

O falecido papa foi alvo de severos ataques da ala conservadora por suas restrições ao rito tradicionalista em latim e por suas críticas à Cúria Romana, o governo central da Santa Sé.

Sem tocar na doutrina, Francisco teve múltiplos gestos de abertura em relação aos divorciados recasados ou aos fiéis LGBTQ+.

No fim de 2023, autorizou as bênçãos a casais do mesmo sexo, o que provocou ondas de protestos no setor mais tradicionalista da África e dos Estados Unidos.

No início deste mês, Leão XIV recebeu em audiência privada o padre norte-americano James Martin, um dos principais defensores dos fiéis homossexuais na Igreja Católica.

No entanto, não mencionou publicamente os cerca de 1.400 católicos LGBTQ+ que fizeram uma peregrinação ao Vaticano por ocasião do Jubileu, o "Ano Santo" da Igreja Católica.

Na entrevista, Leão XIV também abordou o escândalo dos abusos sexuais cometidos por religiosos.

Embora tenha dito que as vítimas devem ser tratadas com "grande respeito" e "compreensão", considerou que o "tema do abuso sexual não pode se tornar o foco central da Igreja".

Advertiu, contudo, que "houve casos comprovados de algum tipo de falsa acusação" — 90% são denúncias de "vítimas autênticas" —, razão pela qual "a pessoa acusada deve ser protegida, e seus direitos precisam ser respeitados".

Diversas organizações denunciaram o encobrimento ou a proteção por parte da Igreja em detrimento das vítimas.

Também criticaram Francisco por não ter aplicado medidas mais contundentes diante dos escândalos de abusos sexuais, como o levantamento do segredo pontifício ou a imposição da obrigação de denúncia.

Em outro trecho da entrevista, Leão XIV expressou sua preocupação com a brecha cada vez maior entre os mais ricos e a classe trabalhadora, citando o caso de Elon Musk, que está prestes a se tornar o primeiro trilionário do mundo.

"Se isso já é o único valor que importa hoje, então estamos em um grande problema", sentenciou.

cmk/cf/vel/db/am

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