Internacional

Marcha multitudinária contra a mineração no Equador apesar do estado de exceção

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Dezenas de milhares de pessoas marcharam nesta terça-feira (16) no sul do Equador em rejeição a um projeto de mineração, apesar de o presidente Daniel Noboa ter declarado estado de exceção para frear protestos contra sua decisão de eliminar o subsídio ao diesel.

Com o fim do subsídio, o preço do diesel passou de 1,80 para 2,80 dólares por galão, o que gerou protestos em vários pontos do país.

O mandatário declarou nesta terça-feira, por 60 dias, a emergência devido à "grave comoção interna" e suspendeu a liberdade de reunião em sete das 24 províncias do país, entre elas Azuay.

Apesar disso, uma multidão se reuniu na capital provincial Cuenca para protestar contra o projeto de mineração Loma Larga, conduzido pela empresa canadense Dundee Precious Metals.

Ao grito de "Noboa e mineração, a mesma porcaria", estudantes, trabalhadores, idosos e indígenas marcharam para defender o páramo de Quimsacocha, que abastece Cuenca de água e onde se instala o projeto.

O prefeito de Cuenca, Cristian Zamora, estimou que o protesto pacífico, previsto há várias semanas e que coincidiu com as manifestações contra o diesel, reuniu entre 80 mil e 100 mil pessoas, a maior que o governo de Noboa enfrentou até agora.

Além disso, a Rodovia Panamericana Norte, na entrada de Quito, amanheceu bloqueada com pedras e montes de terra colocados por manifestantes contrários ao aumento do preço do diesel.

Além das províncias de Azuay e Pichincha (cuja capital é Quito), estão sob estado de exceção Carchi, Imbabura, Bolívar, Cotopaxi e Santo Domingo.

— Cuidar da "casa comum" —

"Nunca houve tanta gente nas ruas. Todo mundo entendeu (...) que se contaminarmos a água, não teremos o que beber", disse à AFP Hernán Bravo, aposentado de 73 anos.

Os manifestantes carregavam cartazes com as frases "o páramo é berço de vida" e "Quimsacocha não se toca". A marcha terminou com uma missa presidida pelo cardeal Luis Cabrera, que pediu para cuidar da "nossa casa comum".

Cuenca "deu uma mensagem ao mundo inteiro sobre como devemos preservar os assuntos da natureza, porque chegará o dia em que o grama de ouro e o barril de petróleo custarão menos do que um litro de água", afirmou o prefeito Zamora.

"Cuenca disse que esse projeto não vai acontecer, ponto final", sentenciou.

— Mais protestos pelo diesel —

Noboa declarou o estado de exceção sob o argumento de que os focos de protesto surgidos na segunda-feira "provocaram complicações na cadeia de abastecimento de alimentos" e afetam o "livre trânsito das pessoas", prejudicando vários setores da economia.

Ele autorizou as forças policiais e militares a "impedir e desarticular reuniões em espaços públicos onde se identifiquem ameaças à segurança cidadã".

Apesar dessas medidas, estudantes universitários convocaram para a tarde desta terça-feira uma manifestação em Quito contra o aumento do diesel, enquanto o Frente Unitário de Trabalhadores (FUT) planeja marchar em 23 de setembro pela mesma causa.

Os ex-presidentes Lenín Moreno (2017–2021) e Guillermo Lasso (2021–2023) enfrentaram violentos protestos liderados pela maior organização indígena do país (Conaie), após tentativas de elevar o preço dos combustíveis.

Marlon Vargas, presidente da Conaie, exigiu desde Cuenca a revogação do decreto que elimina o subsídio ao diesel, alegando que "prejudica o setor empobrecido, o povo equatoriano". A organização se reunirá na quinta-feira para definir ações diante da alta do preço do diesel.

pld/mel/am

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