Formada pela UFMG, atua no jornalismo desde 2014 e tem experiência como editora e repórter. Trabalhou na Rádio UFMG e na Faculdade de Medicina da UFMG. Faz parte da editoria de Distribuição de Conteúdo / Redes Sociais do Estado de Minas desde 2022
Totens em cemitério jamaicano são comparados com abertura de novela nas redes sociais crédito: Redes sociais
Imagens do cemitério de Annotto Bay, na paróquia de St. Mary, na Jamaica, chamaram atenção nas redes sociais. Isso porque o local é adornado com fotos em tamanho real de pessoas aparentemente “paradas” junto aos túmulos. Os totens são retratos em tamanho real de entes queridos que partiram, posicionados exatamente onde foram sepultados.
ai to rindo que na jamaica as pessoas colocam foto em tamanho real no túmulo e fica parecendo a abertura de senhora do destino pic.twitter.com/bhh5zfbVtV
O visual já foi comparado com “fantasmas de papelão” em outros países. Mas os internautas brasileiros fizeram uma associação menos sobrenatural: a abertura da novela “Senhora do Destino”. A vinheta, exibida no folhetim de 2004, mostra personagens em preto e branco, como estátuas, que vão ganhando cor conforme a câmera se aproxima, simbolizando a passagem do tempo e a chegada e partida de pessoas na vida. A música tema, "Encontros e Despedidas" na voz de Maria Rita, complementava a reflexão sobre a efemeridade da vida e os ciclos de encontros e desencontros.
Já as fotos no cemitério surgiram anos depois da produção brasileira. Segundo o Jamaica Star, a ideia partiu do diretor da Exodus Funeral Services, Errol Green, que implementou os recortes durante a pandemia de COVID-19. Com restrições que impediam o ingresso de caixões em igrejas, muitas famílias sentiram um “vazio simbólico” nas cerimônias. Foi aí que Green propôs uma solução: criar uma imagem em tamanho real da pessoa falecida, como uma forma simbólica de presença.
“Quando a família não tinha nada em que se apoiar, isso tornava o luto mais doloroso. Então foi assim que inventei a fotografia em tamanho real para substituir o próprio caixão”, afirmou Green.
Os recortes variam conforme a personalidade da pessoa homenageada. Alguns aparecem sentados em cadeiras, outros ao lado de carros ou sobre bicicletas — tudo feito com a ajuda de editores de imagem como o Photoshop e da criatividade da família. O resultado é uma imagem que busca capturar não apenas a aparência, mas também a essência de quem se foi.
Em alguns casos, os retratos são reutilizados em festas, homenagens ou cerimônias posteriores. Outros permanecem nos túmulos, como símbolo de memória permanente. A imagem é escolhida pela família do morto. Para se tornar um totem, a foto é reforçada com estrutura de aço, para resistir à passagem do tempo e às intempéries.
A Costa dos Esqueletos, na Namíbia, traz histórias marcantes com um verdadeiro cemitério a céu aberto, onde são encontrados milhares de navios encalhados nas areias do deserto. As diversas carcaças de barcos e esqueletos de animais marinhos revelam histórias de exploração, naufrágios e um passado colonial alemão. Divulgação
Um dos desertos mais antigos do mundo encontra as águas geladas do Atlântico, onde cria-se um ecossistema único. Assim, as correntes frias da Benguela trazem nutrientes do fundo do mar e sustentam a rica biodiversidade, que atrai pescadores e caçadores de baleias desde o século XIX. Reprodução/Amusing Planet
Entre essas embarcações que permanecem presas nas dunas do país africano, estão o Eduard Bohlen, encalhado em 1909, e o Dunedin Star, em 1942. Reprodução Youtube Canal Integrando Conhecimento
As embarcações representam símbolos da luta humana contra as forças da natureza e englobam uma rica história de extração de diamantes. Reprodução Youtube Canal Integrando Conhecimento
Além disso, o local testemunhou a ascensão e queda de Lüderitz, uma colônia alemã, e viu cidades inteiras serem abandonadas à medida que os recursos se esgotavam. Reprodução Youtube Canal Integrando Conhecimento
O local fica dentro do Parque Nacional da Costa do Esqueleto, que se estende sobre uma área de 500km da linha costeira do rio de Ugab ao sul até o rio de Kunene ao norte. Reprodução Youtube Canal Integrando Conhecimento
Adolf Lüderitz, na era do imperialismo alemão, iniciou a exploração de terras por diamantes, levando ao estabelecimento de uma colônia. Reprodução Youtube Canal Integrando Conhecimento
Essa procura moldou o destino econômico da região e também impactou profundamente as comunidades locais e o ambiente. Algo que gerou cidades abandonadas e paisagens transformadas. Reprodução Youtube Canal Integrando Conhecimento
Os modernos sistemas de navegação como o radar ARPA, reduziram os acidentes marítimos no local. Contudo, a Costa dos Esqueletos ainda reivindica seus tributos, como o navio pesqueiro japonês que encalhou em 2018 devido a erros de navegação. Reprodução/Amusing Planet
Sendo assim, desde a época das Grandes Navegações, quando os Europeus se lançavam aos oceanos na busca por novas riquezas, a Costa do Esqueleto passou a ser um terror e um local que traz muitas dificuldades aos capitães de navio. Reprodução Youtube Canal Integrando Conhecimento
O ominoso nome “Costa do Esqueleto” tem suas origens nas rotas do velho comércio de especiarias, onde marinheiros cautelosos passaram ao longo da costa desolada da Namíbia em seu caminho para a Índia. Reprodução Youtube Canal Integrando Conhecimento
Impelidos pelo nevoeiro cegante do mar, que prevalecia ao longo da costa, muitos navios naufragaram, dando origem ao maior cemitério à beira-mar do mundo. Reprodução Youtube Canal Integrando Conhecimento
A Costa dos Esqueletos é um dos lugares mais secos do planeta, com uma precipitação anual média de apenas 5 a 15 milímetros. É também uma das regiões mais ventosas da África, com ventos fortes soprando constantemente ao longo da costa. Reprodução/Eyes onf Africa
A costa também é lar de uma grande população de focas do cabo, que se reúnem em grandes colônias nas praias de areia. Essas colônias são uma visão impressionante e também atraem predadores como leões-marinhos e tubarões brancos. Reprodução/Eyes onf Africa
Os indivíduos podem realmente encontrar esqueletos de todas as descrições: navios, elefantes, baleias e pequenos lagartos, assim como existem restos mortais de tripulantes. Reprodução Youtube Canal Integrando Conhecimento
Por outro lado, esse vasto território é o lar de muitas criaturas e plantas fascinantes. Além de paisagens ainda mais fascinantes nas justaposições entre areia e mar, vida e morte. Reprodução Youtube Canal Integrando Conhecimento
A vegetação do local é quase inexistente devido à baixa umidade. Além de composta por diversas espécies de arbustos halófitos e herbáceas. Reprodução Youtube Canal Integrando Conhecimento
Eduard Bohlen foi um navio que naufragou em 5 de setembro de 1909 em uma espessa neblina na Costa do Esqueleto do Sudoeste Africano Alemão (atual Namíbia). Os destroços estão atualmente na areia, a 400 m (1.300 pés) da costa. Wikimedia Commons/Anagoria
O Eduard Bohlen era um navio de carga de 2.272 toneladas brutas e comprimento de 94 m (310 pés). Reprodução Youtube Canal Integrando Conhecimento
O Bohlen fica perto de dois outros naufrágios. O Otavi, que afundou em 1945, e o MV Dunedin Star, que serviu na Segunda Guerra Mundial e continuou seu serviço de transporte de carga entre a Grã-Bretanha e a Austrália. Reprodução Youtube Canal Integrando Conhecimento
Um documentário da década de 1990 sobre o MV Dunedin Star, perdido na mesma praia a quilômetros de distância, também apresentou o Bohlen. Flickr rajarajaraja
O naufrágio foi apresentado na série de televisão Wonders of the Universe de 2011. Em seguida, foi apresentado na série Amazon Video de 2016, The Grand Tour. É o ponto final do alívio esportivo de 2020, The Heat Is On. Reprodução/Amusing Planet
MV Dunedin Star foi um navio de carga refrigerado britânico. Ele foi construído por Cammell Laird and Co em 1935–36 como um dos navios da classe Imperial Star da Blue Star Line. Foi projetado para enviar carne congelada da Austrália e Nova Zelândia para o Reino Unido. Wikimedia Commons/Coote, R G G (Lt), Royal Navy official photographer
O navio serviu na Segunda Guerra Mundial e se destaca por seu papel na Operação Halberd para aliviar o cerco de Malta em setembro de 1941. Wikimedia Commons/John Oxley Library, State Library of Queensland
O nome Costa do Esqueleto foi criado pelo autor britânico John Henry Marsh, que escreveu um livro de mesmo nome Flickr Andrey Sulitskiy
No final da década de 90, o governo da Namíbia transformou a região em um parque que ganhou justamente o nome de Parque da Costa do Esqueleto. Reprodução Rede Social
Sua costa hoje é um parque de recreação sazonais para baleias, focas e leões marinhos, enquanto mais para o interior dos leitos são povoadas por leão, girafa, rinoceronte e babuíno. Reprodução Youtube Canal Integrando Conhecimento
A tendência, que já se espalha por outras regiões da Jamaica como Highgate, Portland e St. Catherine, tem causado comoção entre os moradores. Para muitos, os retratos funcionam como uma forma de estender o contato com o falecido, proporcionando consolo.
O morador Megil Young contou ao Jamaica Observer que a imagem da mãe de seus filhos o ajuda a manter uma conexão emocional. “Às vezes venho aqui, sento e converso com a mãe do meu bebê. Quando vejo a foto dela, sinto que realmente tenho alguém com quem conversar”, destacou.
Já o jamaicano Sheldon disse que até fez vídeos para o TikTok com o recorte da mãe, destacando como a presença visual o ajuda a manter viva a lembrança.