Arqueólogos descobrem templo pré-inca de mil anos na Bolívia
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Siga noArqueólogos descobriram um templo religioso pré-inca no altiplano da Bolívia, uma das descobertas arqueológicas recentes mais importantes que lançam novas luzes sobre o poder e a extensão da civilização Tiahuanaco, precursora dos incas, disse à AFP o chefe da pesquisa.
O templo de Palaspata, encontrado no departamento de Oruro, 215 quilômetros ao sul de La Paz, passou despercebido por séculos no topo de uma colina, apesar de ser atravessado por uma trilha local e de haver uma rodovia a apenas 250 metros.
A confirmação de que se trata de um local tihuanacota aconteceu na semana passada. O sítio foi construído entre os anos 600 e 1000, de acordo com a publicação de uma pesquisa liderada pelo arqueólogo José Capriles, da Universidade Estadual da Pensilvânia.
"É uma descoberta significativa para entender o que foi Tiahuanaco", disse à AFP o pesquisador, nesta sexta-feira (4). Segundo ele, a civilização Tiahuanaco foi minimizada por algumas correntes acadêmicas.
Até agora, acreditava-se que seu poder se concentrava, principalmente, nos arredores do lago Titicaca, no departamento de La Paz. Lá estão seus templos mais característicos feitos com pedras talhadas milimetricamente.
"Descobertas como esta a resignificam e indicam que foi uma sociedade muito complexa, que teve planejamento estratégico para localizar e construir um sítio com essas características" a centenas de quilômetros, apontou. Palaspata foi um templo, "mas também regulava o tráfego de bens e pessoas entre o altiplano e a região de Cochabamba", no centro do país, acrescentou.
Em 2021, durante trabalhos de ampliação da rodovia adjacente, foram encontrados vasos pré-hispânicos. Esse foi o ponto de partida para as investigações, que, a partir de imagens de satélite, concluíram se tratar de um local tihuanacota.
A estrutura descoberta tem uma área de 1,8 hectare, mas o assentamento humano pode ter abrangido cerca de 75, segundo Capriles.
O sítio ainda não foi escavado. O Ministério das Culturas precisa, antes, estabelecer ações de proteção e um processo de consulta aos habitantes locais, "para que permitam realizar ações de intervenção", explicou à AFP Juan Carlos Cordero, vice-ministro do Patrimônio.
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